Rê Sampaio
A poesia de um momento é ser capaz de entender a poesia, de permitir a quietude, permitir conectar a alma.
O que há no abstrato? Tanta coisa, imagino.
Recorrer ao que não se pode ver, ou olhar atento ao que se vê e não entende e buscar. Buscar sempre.
Existe sentido em tudo. Dê sentido ao que enxerga.
Toda a infinidade do oculto/desconhecido, que limita ou não.
O que limita atravessar? O belo pode estar no invisível.
Vislumbrar a luz, longe ou perto, natural ou artificial, permitir aquecer, permitir encontrar, se encontrar, permitir à luz guiar.
O bucólico e o que te faz refletir... Há reflexão?
Ou puramente se sobrevive?
Quiçá, deter o tempo, não permitir esvair-se, permitir habitar cada instante, traga sentido para se viver.
Forjar o caminho, compor a própria música, atravessar pontes incessantemente para ressignificar o propósito.
Já que chegar não é opção, partir ainda menos, que se aproveite e se viva, de fato, viva.
Fragmentos de manhãs de inverno, aquecidas lentamente.
Por que não permitir fragmentos em si mesmo que aqueça a alma diariamente?
A vida é sucinta, é essência, é energia.
Sentir é muito além de simplesmente existir, é viver.
Repetitivo! Pode ser…
Veja, o ciclo é repetitivo, e torná-lo incrível é que faz que a repetição seja intrigante e por que não interessante?
Dias frios para lembrar que os ciclos vem e vão, que são necessários e que tem valor.
Aquecem, aconchegam, e preparam.
Ao olhar adiante,
a beleza é explícita,
e duvidosamente questionada
através do que se foi alcançado.
Admirar a beleza
é sem dúvida algo a se praticar,
mas recomendaria,
se possível,
simplesmente admirar,
sem reputar.
Só se sabe a dor
de alcançar sua beleza
aquele que ousou
buscá-la.