Raul Seixas
Eu sou o corpo Raquítico que o teu olho desprezou sou a saliva das bocas que tua boca beijou sou o velho que pede esmola sou a criança que chora desprotegida de amor.
Não sei onde eu tô indo, mas sei que eu tô no meu caminho.
Eu que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando, foi justamente num sonho que ele me falou...
Não existem respostas porque não existem perguntas. Eu não pergunto absolutamente mais nada. As coisas são, e pronto. Nós seres humanos, somos verbos. Somos e estamos, é a única coisa que nos sabemos. E é bonito assumir essa coisa de somente ser… Está todo mundo perguntando até hoje e ninguém tem resposta. Mas ser por ser é bom, torna a vida mais leve e menos violenta. Se todo mundo pensasse assim, as coisas certamente seriam mais fáceis.
Não sei onde eu tô indo
Mas sei que eu tô no meu caminho
Enquanto você me critica, eu tô no meu caminho.
Você alguma vez se perguntou por quê?
Faz sempre aquelas mesmas coisas sem gostar
mas você faz. Sem saber por quê
Presa fácil da minha cerebrotânica labilidade
À terrível lucidez do medíocre.
Negar que é pestilento, jamais.
O mais e o menos são valoráveis.
Porém de nada se extrai
Da média-ocridade
Idade da pedra.
Me incomoda
A dúvida que, mascarada em cão,
Ladra e morde enfermamente.
Não quero interferências banais
Interferindo no meu espírito.
Eu conheço bem a fonte
que desce daquele monte
ainda que seja de noite
ainda que seja de noite
porque ainda é de noite
no dia claro dessa noite...
Porque quando eu jurei meu amor eu traí a mim mesmo.
Hoje eu sei que ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez, uma vez...
Convence as paredes do quarto e dorme tranquilo, sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo.