Raniere Gonçalves
Aquilo que acontece uma vez pode ser que não aconteça de novo.
Mas aquilo que acontece duas vezes certamente acontecerá mais vezes.
Olhos passarinhando ruas e arranha-céus.
Respiro passado.
Odes doutros idos.
Peripateteando em zigue-zagues:
centro.
Voláteis sensações:
vida!
Outro dia singrando as beiradas da cidade em busca de pequenas ilhas de prazer: Não ouço mais sereias negras de outrora.
Penne Rigate, um copo de tinto. Outro domingo de solidão aprisionado em meus domínios. Onde andará minha princesa pálida?
Morfeu sibila nos meus ouvidos.
Pesam minhas pálpebras de estanho.
Pesadelos anseiam para devorar meu cérebro.
Sono!
Carnavou ou carnafico?
Só mesmo amanhã saberei.
Meus arrepios são serpentinas metálicas.
Ansiedade e risos...
De brahmas e batuques.
Amanheceu Abaetê.
Uma gelada pra escovar os dentes.
E segue a folia
longe dos meus domínios.
Fico triste pensando nos bons dias vividos
num passado quase distante: Engulo seco
e meus olhos fagulham
disparando olhares caçadores...
Sábado bucólico.
Solidão.
Preciso muito encontrar minha princesa pálida.
Ou alguma mucama de ébano...
Vixe!
É a soca da soca.
É a saideira no bar da Dri.
São 4h30min e a aurora de róseos dedos repousa.
Meus olhos faíscam.
Risos na madrugada.
O som de suspiros
e de desejo.
A madrugada engana a realidade.
Viver é delicioso.
Perna de leitoa na laranja com acompanhamentos deleitantes. Lá fora o sol aquece o dia com seus cílios dourados: Sábado!
Ela disse: me espere.
Eu retruquei: não tenha pressa!
Perfurarei esse poço
até que jorre petróleo,
ou amor.
Domingo.
O sol com seus cílios dourados esquenta a manhã.
Sem zonzuras nem ressacas.
Apenas tédio.
Ossos do ócio.
Meus sorrisos andam minguados.
A abstinência me deixou assim.
Não sei se estou triste porque estou doente,
ou se estou doente porque estou triste.
Gotas de suor me escorrem.
Névoas se dissipam em 4 parcelas de 155.
Abro meus olhos no 1/2 de 1 leilão em Água Boa-MT.
O que eu faço é ocupar meu tempo.
Encarar meus obstáculos com a coragem
e o sarcasmo de quem sabe que tudo passa.
Voltando pra casa com uma chuvinha acariciando meus ombros. A terra molhada exala vapores e nostalgia.
O plantel sorri.
Um dedo de nostalgia com meu amigo Jucão relembrando tempos de serenatas, galinhadas e amores debutantes. Boney M. no VT.