Raniere Gonçalves
Buona fortuna!
Que bons ventos o levem
rumo ao desconhecido
e esses mesmos ventos o tragam
de volta ao lar.
E que na sua volta esteja pleno em experiências
e sabedoria.
Que dos seus lábios apenas escape
aquele sorriso manso de quem viveu
o que havia para ser vivido.
E que embora singrando rotas onde vórtices
de espumas do inesperado retorcem
as entranhas mais viris,
o mar te devolva com os olhos
ainda mais brilhantes.
Reluzentes por ter voltado
e também para nos contar
o que desconhecemos.
Reis não mandam mais.
Solertes Vizires cuidam
de proteger sua ninhada de ratos.
Ou você é da família
ou apenas número.
Nesses tempos de isopor
a felicidade é miúda
e o sucesso
apenas nos círculos mais íntimos.
O resto
é coisa de filme americano.
Ventos agustinos invadem setembro. Os incautos sofremos com esses tempos impredictos. Me sinto Farafra. Sol a pino. Minha sombra apenas.
Imagens
que teimam em passar
por meus olhos.
Passados palpáveis,
presentes.
Coisas e coisas.
Outros oráculos
para dizer mesmas lágrimas...
Uma seta singrando os ares
na direção das estrelas,
quatro patas troteando
pelas verdes pastagens do mundo: Sagitário.
Lentes doutros tempos.
Bile: Gotas de uma indizível esperança.
Lágrimas ecológicas.
Através dos olhos
o vazio.
Deveras vez. Eis que o nada se consuma. Os anos de mesmices e ópio escorridos na ampulheta dos dedos. E o que será?! Inútil intento..
Lambislar os cantos sobrados do molho. Nessa vírgula nem aromas restam. Agora: olhos marrons secos esperando pelos dedos do sol.
Samedi flambé. Net e elucubrações debaixo do umidificador. Saudades do inverno em Namche Bazaar. Saudades de andar por aí. Saudades...
Saliências sinto. Assados, almoço, excessos. Lombra após a sesta. Quarta de teclado e lembranças: Semana ao meio, sem recheio.
Esse ano foi como ir de ônibus a São José
do Rio Preto: demorado,
quente
e cheio de abacaxis pelo caminho.
Amanhã,
quando aparecer a madrugadora aurora
de roseos dedos,
farei uma última libação
a essa terra
de largos caminhos.
Me sinto dono de anafada pança
nesse prefácio de ano.
Meus olhos faíscam ígneos reflexos
de infundada ira.
Urge agir.