R. Lobato
Ser
És alma cansada
É um grão na areia
É a peça na máquina
És tudo sozinho
É o reino nada
Ninguém na multidão
Vazio é o teu coração
Sonhas com tudo
Mas não consegue ser
Nem a metade de todo querer
Chamam-te Vaidade,
Talvez Egoísmo,
Por vez Solidão.
Todos tolos não sabem
Que é apenas bicho
O bicho chamado homem.
Não Há
Não há no mundo amor
Maior que o meu.
Porquê?
Ele está no campo da imaginação
Vai além do que existe no coração
Meu amor amor voa alto e longe
É em minha mente que ele se esconde
Esconde-se na sinceridade simples
Do meu delírio intenso
Vai e vem quando quero
Meu amor verdadeiro
É tudo aquilo que sempre imaginei.
O Mau
Finjo ser poeta
Que mal tem?
Não é mal nem bem!
Todos fingem ser
Alguma coisa que não são
Doutor
Engenheiro
Advogado
Professor
Todos fingem tanto!
Mau mesmo é fingir ser humano.
Não! Não deixarei que vejas minha dor. Não deixarei que conjectures. Darei permissão somente aos que gloriosamente sentem comigo. E serão assim, capazes de me consolar.
Sexta - feira
Sexta -feira cinzenta
Semelhante à minha vida
Cansada e repetida
Fim perto do começo
Sexta-feira sem apreço
Vida sem começo
Apenas meio e fim.
Sou um pássaro engaiolado
Canto minha dor, mas ninguém ouve
Minha tristeza é palco, beleza enjaulada.
Tornar-me-ei inexistência ao longe, enfim nas nuvens.
Não serei palco, não serei plateia.
O pássaro solto, livre é invisível
E o mais raros dentre outros.
Preso é o mais adorado
Que serei eu então?
Serei apenas imaginação.
Março pela manhã
Sossegada, refrescada
Uma mordida de maçã
Ah o Sol de Março.
Solidário oferecendo um abraço.
Redimido e distraído
Perdão por o furor, por todo o desenfreio
Do Verão
Águas de Março levando a estação
Março marcando meu coração.