PQOGSPN!
Foi-se o tempo em que a gente precisava ouvir essas coisas e ficar quieta. Eu não admito moleque idiota, criança e nojento falando comigo como se eu fosse qualquer coisa. Eu não sou qualquer coisa. E mesmo se eu fosse qualquer coisa, não deixaria ele falar assim comigo.
Não gosto de muita aproximação. Com ninguém. Não gosto que encostem muito em mim, nem que me abracem, que fiquem me pegando enquanto conversam comigo. Não gosto que me façam perguntas pessoais. Não gosto que me façam perguntas, na verdade. E juro que não é frescura, eu só não gosto. O mundo já tá muito cheio de gente e cada um tem um mínimo de espaço pra ocupar. Só quero que respeitem o meu.
Eu também já tive treze anos e gostei de alguém. Também achei que o mundo fosse acabar se eu não ficasse com tal guria, e que eu nunca mais ia conseguir gostar de tanto de alguém quanto eu gostava dela. Acho que quanto mais novo, tu é mais inocente e mais iludido com essas coisas.
Fiz como tinha prometido e deitei com a cara no travesseiro, esperando o mundo cair. Já fiz isso algumas vezes na vida, e sempre acho que vai ser a última vez, mas nunca é.
Quanto mais tu pensa naquela pessoa, mais tu fala dela. E quanto mais tu fala naquela pessoa, mais tu gosta dela. E quanto mais eu pensava, mais nervoso eu ficava.
A única coisa que eu sabia era que eu queria ficar com ela. E, pra isso, eu precisava tentar. E precisava chegar a esse ponto, porque a gente não terminou bem, pra variar. Pode ser que tudo recomece bem a partir de agora, ou pode ser que termine mal de uma vez.
Thomaz: Na moral, eu não tenho o direito de chegar aqui e bagunçar a tua vida desse jeito. Eu arrumei a maior briga na praia, todo mundo viu. Eu, se fosse tu, me dava um tapa na cara e me largava lá.
Alícia: Eu sei, mas eu não sou tu.
E é por isso que a gente dá certo.
Eu não quero carreira, velho. Não quero acordar cedo pra trabalhar pra outro cara ganhar dinheiro num emprego que eu odeio e ainda ter que ser grato por isso.
Thomaz: Cara, olha pra mim. Eu sou… Uma bagunça.
Ela sorriu e fez as lágrimas se misturarem com as gotas do chuveiro.
Alícia: Eu gosto da tua bagunça. - ela mexeu no meu cabelo.
Thomaz: E eu também gosto de tudo que tem a ver contigo. Gosto tanto que estraga.
Eu gosto dela e sempre vou fazer de tudo pra vê-la bem, mas eu ainda sou eu. Não gosto desse papo de “não sou bom o suficiente pra ti”, não é isso. Ninguém é perfeito, mas nós somos bons na medida certa um pro outro.
Eu tava tão triste que sentia meu corpo pesar e não tinha vontade de fazer nada, nem de me mexer. Por isso eu acho que tristeza é o pior sentimento de todos. Quando tu sente raiva, por pior que seja, ainda é um sentimento que te serve pra alguma coisa. A raiva te empurra, te faz querer mudar o que tá errado, dar um soco na cara de alguém, falar umas verdades, se revoltar. Tristeza não. Só dá vontade de sumir do mundo, e não de mudar o mundo.
E eu que pensava que a Bruna era o maior problema que eu poderia ter nessa vida. Como eu sofria por pouca bosta. Parecia que o mundo ia acabar se ela beijasse o Vinão na minha frente. Hoje se ela for atropelada na minha frente eu nem vou reparar.
Fico puto quando me obrigam a fazer coisas, por mais que eu realmente queira fazê-las. Preciso pelo menos ter a ilusão de que foi por livre arbítrio.