poetanonimo
O inverno chega
E eu ainda não me esqueci de você
Quando sento ao seu lado no frio agoniante
Acabo por remoer memórias já enterradas
E construo túmulos no formato de casas
Para abrigá-las novamente junto de ti
Pergunto a mim mesmo se temo a morte
Como você temia a deus e ao ser humano
A primavera chega
Trazendo consigo a esperança
Sentei na beirada do trem
E abri buracos em minha cabeça
Todo o conteúdo do meu cérebro se espalha
Por favor, dê isso a ela
E tire-a desse sono que não acaba
Para que ela possa ter mais um dia ao meu lado
As noites vividas do ócio e da poesia,
são agora lembranças distantes de quietude
Pelo tempo, todas foram consumidas
Quando ela surgiu e logo partiu em minha vida
Deixando um vazio imenso em meu peito
Hoje não viverei mais da noite
Hoje a noite há de me viver
Preencha-me dos mais profundos mistérios
Para que eu fique cego das estrelas
E não do amor que ainda sinto por ela
Meus sublimes desejos
que lutavam para serem libertos
algum dia da gaiola iriam partir
Mas tu disseste ao vento que sente falta
de um amor já espedaçado e lançado ao mar
Se meu coração entendesse
as palavras pelo ar trazidas
Talvez não se despedaçasse todos os dias
Quando vou dormir, tento não pensar em ti
Mas quando a noite ocupa tudo ao meu redor
Um turbilhão de pensamentos são libertos
Fazendo-me lembrar que a obscuridade
É apenas mais um empecilho que crio
Para poder procurar você quando estou perdido
Nessa linda escuridão que tenho vivido
Se tu derramaste uma lágrima
chamarias qualquer medíocre sentimento
de amor puro e intenso
Mas como o olhar não fantasia a existência
Afrontaria-te a fim de revelar a perversão contida em teus olhos
E testemunhar o amor os deixando cada vez mais
Mas não sabia que te amava tanto a ponto de meu coração partido
nunca mais retornar à vida
Eu olhava teus olhos quando o amor me deixou para morrer
Cálida pelas estrelas pairando no ar
A noite caíra tímida como a chama que acaba por ser fagulha
A paisagem noturna, nos olhos dela brilhava
Nos meus, a imagem dela bastava
Deitados sobre a relva
parecia que o mundo não era nada além do que víamos
Mas na verdade, nada do que víamos era o mundo
Pensamos que sabemos o que somos
Então falei o que eu pensava ser
Mas ela não falou
Ela sabia que não éramos
o que acreditávamos ser
O silêncio veio então a sobrepor as palavras
E os mistérios que aquela noite nos apresentava
Estavam sendo enterrados em túmulos onde tudo tinha um fim
Aos poucos a solidão foi ocupando tudo ao nosso redor
Deixando a sensação de que éramos desconhecidos
Pois sabemos que o desconhecido tem sentido
E sentido, é o que sempre buscamos em um mundo onde tudo está nos engolindo
Tu foste como um sonho
da mais inocente mocidade
Um devaneio que eu acreditava ser eterno
em meio ao caos da rotina por mim versada
Um amor que poderia afastar
a tristeza que nossa alma traga
Crer que tu afastaste a morte de mim
é agora um fato digno de escárnio
Visto que com o mais leve frescor
Tu criaste asas para voar além da vida
Arruinado mais uma ilusão em ardor
De uma infeliz juventude agora finda
Em todas as noites com ela,
eu pedia em meio ao frio cortante:
''Por favor, me dê amor,
ou por favor, me dê ao menos
um amor para eu amar,
um amor para eu não chorar,
um abraço com o teu calor,
uma chuva que não traga dor''
Mas como todas as noites,
ela deixava-me apenas a contemplar
as estrelas e o luar
deixando o silêncio por nós falar
Foi em julho, onde tudo foi diferente
ela abandonou-me diante dos corpos celestes,
que aos poucos em trevas se tornavam
E o meu interior, sangrando de solidão
Morreu de amor em meio a escuridão
Um dia o mundo irá parar, e nossos corações também. Apesar de tudo, a vida, a morte, e todas as incertezas nelas existentes, fazem com que sejamos livres como as estrelas que morrem, mas ainda continuam brilhando no céu.
Serve-se do vinho tinto a verdade
Naquela noite o amor até então existia
O que acreditávamos não existir
Na tua penumbra acabava por ser oculto
Até então tudo estava bem
O relógio avançou o tempo
A embriaguez bebeu do meu corpo
Assim pude ver além do teu semblante nu
Pois atrás de sombras bruxuleantes
Alimentavas o diabo com aparências
Dei-me conta do mal que tua alma afugentava
E utilizei-me da morte para envenenar
a mais ancestral das perdições humanas: teus úmidos lábios cor de cereja
Que agora estão secos e pálidos
Tragando aos poucos o que me levará à morte
No quarto escuro, berço dos mais profundos desejos,
A cena do crime ainda se faz presente
O odor cadavérico traz lembranças do amor que outrora senti
Hoje, sinto apenas ódio e desgosto
Quebrei todos os espelhos em minha casa
Pois tenho medo de acidentalmente refletir nele não a minha imagem, mas sim a do próprio diabo
No mais adventício dos momentos
Tu surgiste como o sol em meio a chuva
E deixou-me aturdido de desejos
Que pela boca escorriam
Tal qual poesia com sabor de mel
Sob um céu escuro
Logo tuas lágrimas caíram
E juntaram-se com as minhas
Mas tu não notaste
Minha dor, meu amor, tu não sentiste
Éramos apenas duas vertentes
Seguindo o mesmo caminho
Apenas teu semblante é capaz
De arder tudo aqui dentro
É uma fagulha enfraquecida
Que logo torna-se chama
É uma dor que vem e se enraíza
É um amor que gosto de sentir
Mas ao mesmo tempo quero esquecer
Queria abster-me de sentir,
Assim não sentiria falta de você
O sol por mais que tenha seu brilho eterno ,por um instante, vai se apagando por de traz da noite para descansar, para um novo amanhecer, por isso viva intensamente seu dia como fosse único ,pois seu sol poderá descansar e não mais brilhar.
O futuro será o presente do que ainda hoje é futuro, tendo o presente de hoje como passado do futuro que virá.