Platão
Onde há tanta liberdade, é claro como o dia que cada cidadão organiza sua vida como entende.
A maioria das pessoas é mais ou menos escrava de algo, escrava da hereditariedade, do meio ambiente, das opiniões alheias, dos costumes e das ideais daqueles que pensam por ela; analisado em um nível ainda mais profundo, muitos são escravas das emoções, das sensações, do prazer, e até escravas de si mesmo. Os escravos gostam de afirmações depreciativas diante do conhecimento, vezes sem fim com aquele ar de superioridade de deuses do Olimpo (looking down on) afirmam: — "sou livre e só faço o que me apraz e o que bem entendo". Bem, analisando mais profundamente essa questão, não somos livre em quase nada, nossa margem de manobra é bem finita, alguns não conseguem explicar o que faz elas terem certas preferências, ou o que faz elas quererem isto ou aquilo.
Na verdade transformam seus desejos no querer e um certo grau de liberdade está no querer pelo simples querer e não a busca incansável pelo prazer.
Entendem a diferença?
Chrīs Nunes
Certa vez ouvi de um filósofo que: " Tudo que está sendo dito hoje, já foi dito por todos os filosofos no decorrer da história. Fui até minha casa e pensei: Puxa será que até sobre coisas não existentes como no caso da INTERNET?. Eu já estava convicto que o filosofo estava equivocado. Foi quando abri e li a República de Platão e lá pelas tantas vi o mito do anel de GIGES, poxa percebi que o anel atribuía poderes mágicos da invisibilidade, tal qual acontece com o usuário de internet hoje na atualidade. Platão que nunca teve Facebook, explica no mito do anel de GIGES o que muitos fazem hoje em dia.
"....a isso, porei justo raciocínio, e é o seguinte: não estás falando bem, meu caro, se acreditas que um homem, de qualquer utilidade, por menor que seja, deve fazer caso dos riscos de viver ou de morrer, e, ao contrário, só deve considerar uma coisa: quando fizer o que quer que seja, deve considerar se faz coisa justa ou injusta, se está agindo como homem virtuoso ou desonesto".
O filho de Tétis (Aquíles), o qual para não sobreviver à vergonha, desprezou de tal modo o perigo que, desejoso de matar Heitor, não deu ouvido à predição de sua mãe, que era uma deusa, e a qual lhe deve ter dito mais ou menos isto: — "Filho, se vingares a morte de teu amigo Patróclo e matares Heitor, tu mesmo morrerás, porque imediatamente depois de Heitor, o teu destino está terminado".
Ouviu tais palavras, não fez nenhum caso da morte e dos perigos, e, temendo muito mais o vigor ignóbil e não vingar os amigos, disse: — "Morra eu imediatamente depois de ter punido o culpado, para que não permaneça aqui como objeto de riso, junto das minhas naus recurvas, inútil fardo da Terra."
Crês que tenha feito caso dos perigos e da morte? Porque, em verdade, assim é: onde quer que alguém tenha se colocado, reputando-o o melhor posto, ou se for ali colocado pelo comandante, tem necessidade, a meu ver, de ir firme ao encontro dos perigos, sem se importar com a morte ou com coisa alguma, a não ser com as torpezas...
"...Ora, eles agem fora de todo bom senso, buscando apenas o comodismo imediato e, unindo-se a seus semelhantes, cheios de aversão pelos outros, deixam-se guiar
sobretudo por suas antipatias..."
...Parece, pois, que a justiça, segundo a tua opinião, a de Homero e a de Simônides, é uma espécie de arte de furtar, mas para a vantagem de amigos e danos de inimigos. Não era isso o que dizias?
Acaso na própria arte há qualquer defeito e cada arte precisa de outra arte que procure o que lhe é útil, e esta, por sua vez, de outra, e assim até o infinito?
O justo não quer exceder o seu semelhante, mas o seu oposto; ao passo que o injusto quer exceder tanto o seu semelhante como o seu oposto.
Um nascer! Um crescer! Um se esmagar! Um não se completar e morrer! Assim! Por tão pouco ou quase nada... Seria totalmente absurdo!