Pietro Kallef

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Eu poderia revelar o seu nome que grita nestas entrelinhas.
Eu poderia escrever sobre qualquer outra coisa, mas você foi a coisa mais importante que eu já tive.
Eu poderia te esquecer, mas a única lembrança que me faz fechar os olhos e sorrir sem motivos é você.
Eu poderia encontrar um novo amor, mas sinceramente eu não me encontraria nesse relacionamento.
Eu poderia rasgar suas cartas mentirosas, mas ninguém me escreve nada.
Eu poderia mudar os móveis de lugar, mas detesto reconhecer que tens um bom gosto.
Eu poderia tirar suas roupas do armário, mas creio que um dia em que sentirá saudades, as usará como desculpa para me ver denovo.
Eu poderia ouvir um disco diferente do seu predileto, mas é que sinto seu corpo junto ao meu dançando sobre o tapete persa da sala.
Eu poderia aceitar o convite dos meus amigos para sair hoje a noite, mas não teria graça e nem brigas no final.
Eu poderia tentar atrapalhar o seu namoro, mas de nada adiantaria, você não acharia isso uma prova de amor.
Eu poderia tanta coisa, mas sou impotente diante deste sentimento, ou doença se assim preferir.
Porém, eu poderia estar mentindo e fingir de que nada disso existe, mas não consigo e te confesso: eu nunca quis que um ponto final, terminasse este texto, pois, poderiam ser reticências, mas não é.

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Porque é tão difícil entender que eu não queria a minha ou a sua verdade, desejei apenas o nosso equilíbrio, o ponto convergente desta metástase cruel.

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Final

O final não é de comum acordo, aliás ele acaba e ponto. Não existem argumentos que o convença, ou o faça mudar de ideia, é teimoso em demasia. Já vi muitos finais e eu estive presente em alguns deles, e é tão doloroso ter que aceitar essa imposição, essa vontade de continuar a história. O final é de atitude, diz palavras que não amenizam, promete que iremos nos ver ou continuaremos a nos falar nas noites de desespero, mas é tudo utopia. Senti que muitos finais parecem não acabar, não pela vontade do outro, mas pela nossa própria insistência em ter o que não é mais nosso. Chorei no final de certos filmes, e afirmo: eles não eram felizes. Tentei construir uma frase que partisse do ponto final, simplesmente, por não notar que aquilo não era uma reticências e sim um ponto final. Agora me resta encontrar um ponto, que não seja o final, mas o meu ponto de partida, o meu ponto de equilíbrio e a razão para acreditar em diferentes finais, nem tão felizes, mas possíveis.

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O seu jeito amargo e a paciência momentânea não me convencem, porque te conheço do modo mais insano, nos desejos mais ocultos e na verdade absoluta de quase tudo. A sua covardia assombra e me faz perceber o quanto perdi da minha essência, e somente agora noto que não cumpri com as minhas expectativas e me perco naquilo que dizia querer ser, ou transformar, ou até mesmo mutilar uma parte de algo bom. Enquanto continuar negando pra si mesmo a vontade de viver o que escolheu e não o que decidiram pra você, caminhar será pesado, mas seus olhos continuarão erguidos e a cabeça alta para me ignorar. Não te quero somente nas horas de desespero, no descontrole do que pretende controlar e na dúvida da coerência do que senti, pois, o arrependimento sempre vem depois te conquistar. Quis adormecer ao seu lado, mas os olhos enxergam mais à luz do sol e sair pela porta dos fundos já não é tão natural e excitante, confesso que o que me excita é a verdade pura e simples dos fatos. Aprendi que não estas preparado para receber os sentimentos que relutei que aceitasse, isso não é uma questão de maturidade, e sim, uma decisão sobre o futuro. O padrão te enquadrou e não esperes uma prova de amor maior do que esta: desistir de nós. Amanhã posso não estar neste mesmo plano cósmico, mas sinceramente, iria com a consciência tranquila, pois, esgotei todas as possibilidades e tentativas de ficar ao seu lado e principalmente por eu me perdoar por ter escondido a felicidade durante todos esses anos.

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Por que caminhas nesta velocidade? Por que estas nessa direção? Por que lutas? Por que fere? Por que insiste? Por que fuma? Por que chora e sorri sem sincronismo? Por que do desespero? Por que amas com tanta intensidade tudo? Perguntava o homem sem parar, sem entender, sem acreditar, sem perceber e aceitar o jeito frenético que Pedro vivia. Pedro na consciência das coisas, respondeu todas as perguntas com apenas uma resposta que silenciou a boca descontrolada: - Porque sei que vou morrer.

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Se já descobriu o sentido de tudo, não me conte, porque quero percebê-las, sentir suas nuances e talvez me arrepender, mas estarei me sentindo infinito, nunca gostei daquilo que me limitasse.

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Essa sua mania de querer justificar tudo, me deixa irritado.

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A subjetividade me atrai, sempre gostei de enxergar o que estava por trás de tudo, perceber o que poucos quase nunca vê.

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Gosto da palavra "tudo", porque ela é abrangente, ela não revela, ela aglomera, mistura e disfarça à quem remeto nas entrelinhas.

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Não sei o que escrever hoje, porque me vi na obrigação de dizer algo e essa pressão manipulada sobre o que já não existe me tirou o sono, a espontaneidade das palavras e o livre exercício da mente.

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Quero que o dia acabe.
Quero que o mês termine.
Quero que o ano passe depressa.
Quero que a minha vida cesse.
Quero que não haja nada além disso.
Quero deixar de existir por todo um sempre.
Quero algo simples.
Quero deixar de querer.

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Sei que atravessa seus olhares sobre a minha alma calejada, portanto, declaro guerra contra os meus sentimentos. A liberdade já não conheço a muito tempo, um sorriso verdadeiro não paira na minha boca flácida. Dancemos a morte dos finais felizes, da paz de espírito e do respeito ao amor próprio. Esperei na janela você passar com uma caixa do futuro para me entregar, mas, a noite caiu e o sol me desperta para a rotina que insiste em me prender. Os seus amigos não me contam por onde andas ou se tens alguém lhe fazendo carícias nos cabelos. Sofro como um menino mimado que não tem o que almejava ter, ainda não aprendi a lidar com essas perdas. Me fecho pro novo e deixo tantas brechas de luz afogarem no lago que sentávamos às quartas-feiras para falar de tudo, menos sobre nós, porque, não estavas preparado para aceitar a realidade, a sua ficção ultrapassou os limites da minha concepção de relacionamento. Se vai a esperança de dias melhores e o meu vício de te querer na rejeição é o meu café da manhã, o que me mantém vivo e estático. Não absorvo sua pena, inspiro seu corpo e ainda o sinto deitado sobre minhas costas pesadas, é como um chumbo que me impede de levantar a cabeça pra observar as estrelas no céu infinito da solidão. Seja feliz por você, lute pelo o que acredita, derrame fé na monotonia e a vença, durma sem despertadores, siga o ritmo natural das coisas, coma chocolates e veja filmes de comédia e chore de tanto rir, mas por favor, não faça como eu, não ames ninguém que lhe dá sinais de que um dia te abandonará, sem dar explicações, sem devolver sua dignidade e te diga que o ama sem um beijo ou um abraço na sequência, esses são sinais que fingimos não enxergar, na ilusão de que a mudança virá, mas ela não vem, pois, quando se quer do lado, o seu universo conspira, escreve cartas, lembra durante o trabalho e as músicas têm uma nova batida, enfim, já fui assim, de amar, agora sou de esquecer.

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Escrevo para te superar, tudo é pra você e se refere a você, porque, não o tenho já faz alguns anos, e essa falta não completa a frase, não permite novas histórias e outros personagens atuarem na mentira e nos pseudônimos. Porém, não consigo deixar você seguir em frente sem uma culpa pra carregar, sem uma reflexão da cruel partida.

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Não digo, não porque é um segredo ou seja fatal. Não digo, não pela arrogância que não a pratico ou a insegurança de um olhar firme e corajoso pra te enfrentar. Não digo, não por medo de te tornar estático ou pela possibilidade de você fugir e nunca mais voltar. Não digo, não pelas razões que me fazem sorrir e me sentir livre. Não digo, não pelo desespero ou por acreditar que é precipitado. Não digo, não pela rejeição ou gestos arquitetados. Não digo, não pela sua tentativa de me fazer acreditar que tudo o que vivemos é uma rota de fuga, um degrau a ser superado pelas pernas cansadas de tanto caminhar rumo à lógica cruel de seus desajustes. Não digo, não pelo sol que fez o dia parecer apático neste domingo. Não digo, não por ser o seu pecado. Não digo, não por esperar um beijo depois das palavras. Não digo, simplesmente, porque você não quer ouvir, não quer saber da minha verdade, não quer se indispor consigo mesmo, porque não quer que seu céu desabe e faça tempestades. Não digo, porque seu coração está fechado e seu castigo é viver em silêncio. Não digo e nunca direi, porque superei esse sentimento que preferi aceitar do que lhe dizer.

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Você teve uma oportunidade de fazer meus pés fixarem na sua frente e não me imobilizou. Sua chance passou pela fronteira da liberdade, mas sua razão, contrária à minha o fez abaixar a cabeça e se tornou conveniente. Assopre pra longe a poeira das lembranças e escreva novas frases no seu caderno intitulado: "As coisas que nunca irei viver". Se ainda faz sentido é porque ainda não esqueceu, e, sinceramente, não estou disposto a querer no futuro, no talvez ou na incerteza. A complacência resignou a espontaneidade que tanto admirava em você. Quando sorri dói em mim também e te vi sentado na frente da sua casa na quarta passada e senti vontade de caminhar até a pálida feição que transmitia desespero, mas tinha um encontro do recomeço, quem sabe se tivesse me chamado eu teria ficado ali. Certas coisas precisam terminar, seguir do ponto que parou, porém, não é tão fácil, sabemos disso. Se imaginasse quantas noites meu corpo te desejava ao lado do teu, quantas vezes peguei o telefone pra ligar e desisti, quantos quilômetros andei pra te acompanhar em silêncio e ver se estava bem e feliz. Hoje é feriado de finados e parece irônico, mas senti falecer em ti o que numa hipótese remota sentia por mim, você está com uma cara ótima e merecida, agora, é minha oportunidade de dar uma chance pro novo, já que você não vem, não quer, não ama mais.

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Os dias estão iguais à um bom tempo, e o vento me deixa órfão de brisa e de esperança. Me pergunto toda noite, o por que desse sentimento que não se realiza, que não te torna meu. Vejo brilho nos olhos dos amantes e um cinza forte na minha alma. Quero que você saiba, que a cura insiste em me fazer esquecer aquilo que não existe e talvez nunca existirá. O meu corpo lhe entrega a verdade e te sigo pra segura-lo quando tudo estiver confuso. Gosto de ver as suas maneiras de superação, você reza e eu peco, você pede nas preces e eu desejo o contrário de hora em hora, então se afasta e não me permita saber o que está fazendo e por onde andas, pois, isso ajuda a continuar vivo e me fazer encontrar novas alternativas de sorrir. Os meus dias estão acabando, estou envelhecendo e distraído, e já não espero a grande virada, o seu olhar confiante que sabe o que quer, a voz trêmula pra quebrar o gelo, nem mesmo as mãos firmes pra seguir a estrada escura, eu simplesmente desisti de uma forma consciente. Estou tão tranquilo e em pedaços, sem lágrimas, ser sozinho pode ser libertador, porque, me vi na obrigação de me suportar, de me notar por dentro e entender todas as formas do amor não correspondido.

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Você veio na hora certa, no momento em que eu havia decidido continuar sem a mente presa nas coisas do passado. Hoje, quando acordei, o sol me atravessou como se eu tivesse buracos vazios por todo o corpo e que aguardavam ansiosamente o novo, e só assim, pude perceber que um resto de esperança existira em mim. Foi um longo tempo querido, depois daquele adeus dito de uma forma tão dura, mas eu estou aqui de pé e talvez eu consiga me olhar no espelho novamente e sorrir com uma cara pálida e tímida. Já consigo permanecer nas filas do supermercado, voltei a gostar dos domingos, das segundas-feiras e de todos os outros dias, porque, não me irrito com o que tem de natural e repetitivo à minha volta. Rodopiei como um pião de madeira e sofri toda a resistência da gravidade que tentou me puxar pra baixo, mas rodei, foram muitas voltas, e, sabe que esse movimento me fez enxergar as mesmas coisas, até eu me cansar de insistir em fazer espetáculo medíocres de amores não correspondidos. Vai pra direita? Sigo o lado oposto: esquerda. Foi bom te ver e não sentir mais nada, nem pena de mim, nem coração acelerado, muito menos vontade de ter da maneira mais insana, porém, eu acredito que era apenas isso que faltava para encerrar esse ciclo: a oportunidade de me despedir e definitivamente dizer um adeus que ecoasse da minha própria boca, do meu próprio coração.

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Não existi essa de quem perdeu ou ganhou. Supere seu egocentrismo e pise no solo, olhe firme a sua meta e devore seus objetivos com uma fome de quem nunca viu o pão. Talvez terás a sorte de viver o lado ruim das coisas e aprenderá o que é insistir em um sonho e a lutar por eles e por você.

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Sabe aquela sensação de dever cumprido, de sede saciada, de sonho realizado, do fim da história, do ponto final? Tive a oportunidade de sentir tudo isso num único dia, mas até chegar nesse tal dia, foi doloroso e difícil. Houve críticas, repúdios, votos de desistência e truques cruéis para que minha queda fosse definitiva. Absorvi a benevolência dos fatos e ignorei as facas travestidas de conselhos e um cuidar fingido. A face da verdade sempre esteve pronta para que socassem até eu aprender todas as coisas que eu jamais deveria fazer e ser. Detesto os troféus que vêm sem saber o que de fato fiz, porque, é necessário se sentir útil para a família, a comunidade e os amigos de infância, creio, talvez, que essa seja minha busca. Que caia gotas de chuva para lavar minha alma e assumo o meu cansaço de tentar e definitivamente, desejo partir nesse exato momento, nesta única satisfação real, pois, descobrir o que é ser feliz sem depender de ninguém, apenas de mim e das circunstâncias que mesmo criei.

As coisas podem mudar entre um travesseiro e um sol, a realidade pode não existir e a coerência da vontade pode estar presa em velhos paradigmas, mas se você, sair de trás da própria sombra, verás o universo atônico que lhe espera, o embalo das noites quentes e os olhos inquietos para o novo. Não lance a âncora, abra as velas do barco e flutue pelos mares, voe.

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Veja como se movimenta, como suas mãos estão ocupadas com a tecnologia, perceba como seus olhos giram de maneira hipnótica para acompanhar o noticiário, os e-mails e todos aqueles que te seguem ou perseguem. Quando sair nas ruas, não haverão desconhecidos, você é popular, mas não conversa, não toca, não sorri e muito menos diz "olá". A quantidade nunca foi tão importante e deixamos a qualidade para o ápice de novos produtos, versões e megapixels. Já não escuto você, nem o outro, nem o mundo, porque meus fones estão sempre em um volume confortável. O silêncio já não nos trás reflexão e sim vazio. A memória está cheia e a bateria fraca, caminhar olhando pro futuro, vem impedindo de notar o presente como um infinito, pois, o hoje é infinitamente precioso. Dance ao som do apito de novas mensagens e atualizações, sem remorso, afinal, as coisas estão passando no mesmo paralelo, concomitante e seu filtro de busca não está lhe trazendo resultados esperados.

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Descubra o que te faz sorrir, o que te faz sonhar, o que te faz levantar da cama, o que te seduz, o que te embala, o que te persegue, o que te impede, o que te confunde. Descubra onde está o botão "desliga", onde está a farsa, onde foi parar o seu melhor amigo, onde está o mistério, onde foi o amor. Descubra a razão de seus desejos, a razão de uma religião, a razão de uma fração, a razão dos apaixonados, a razão de me pedir pra ficar. Descubra tudo o quer fazer e ainda não fez, tudo o que não gosta de comer, tudo o que no seu corpo tenta esconder, tudo o que outros pensam de você, enfim, descubra cada dia um pouco, pois, essa é única forma de se conhecer, de se tornar tangível. Não viva de descobertas alheias, vá a lua, desbrave a América e depois venha me contar como foi lá.

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Viver as próprias escolhas é algo desesperador, porque, não é possível transpor a culpa, dividir as falsas expectativas e ter um olhar condescendente que reflita uma frase de otimismo. Ainda insisto não por mim, mas pelo meu ego. Tudo não passou de uma tentativa frustrada de ser realizado, sem antes tomar nota do que era realização. Busco o sentido das coisas, reduzi o grau de exigência, observo a empáfia dos que creem que a arrogância constrói o respeito.

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Eu já não creio, não espero, não desejo, não recebo, não me entrego, não me declaro, não tiro retratos, não danço, não canto em voz alta, não saio a não ser para ir ao trabalho, não me amo, não quero, não almejo, não conquisto, não olho nos olhos, não ergo a cabeça, não relaxo, não transo, não sou beijado, não olho no espelho, não acho graça, não sou engraçado, não me alimento direito, não pratico esportes, não compro roupas novas, não escuto novas canções, não tenho mais amigos, não tenho vaidade, não vejo a simplicidade das coisas, não quero acordar, não deixo as bebidas e o cigarro, não dou conselhos, não recebo visitas e não tenho mais o que negar. Eu já não estou sendo feliz desde o fim daquela história que era mais minha do que sua, mas se há algo que não quero mesmo, é te esquecer, pois, se isso acontecer, parte de mim desaparecerá, porque, nunca existi antes de você, nunca fui de fato completo.

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Permaneço deitado no chão frio, descongelando comidas prontas, bebendo destilados e fumando cigarros baratos. Por que agosto me dilacera? Tenho medo dos sinônimos e das mãos quentes sobre estas nuvens vazias. Há um foco de luz divino sobre o seu rosto na sala de estar que me faz ficar te olhando até a cegueira sair pela porta dos fundos. Seus argumentos soam em tom de acusação, como se quisesse encontrar motivos para justificar a razão da qual ainda estou aqui. A chuva já não acalma a ira do cotidiano e um abraço não resolve o inferno que se instalou entre nós. Não me diga palavras de dicionário, fale apenas o que preciso ouvir e seguir. Talvez eu queira que isso tudo aconteça e assim me libertar das minhas próprias escolhas. Então eu danço e transpiro amor próprio pelos poros e pelos, eu senti outro lábio sobre o meu e foi tão divertido, houve amnésia temporária. Não ando negando que você ficou no passado, pois, o seu cheiro me remete ao presente e creio que os sentimentos se transformam surpreendentemente, porque, já o deixo ir e ser feliz mesmo sem mim.

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