Pedro Aquino Porto de Mello e Cunha
quando aquela noite caiu, até mesmo o céu chorou. Uma estrela riscou as constelações como se procurasse uma resposta. "faz um pedido".
Espero que ache a resposta. Espero que me encontre no meio do silencio de mil anos luz. E quando me encontrar eu estarei te esperando, assim como nuvens esperam o inevitável momento de chuvas.
Quando aquela lagrima cair, serei a chuva a reduzir-lhe o choro e a confundir a dor.
Fugi pro mar. Sai dessa correria amarrotada que insistem em chamar de sucesso. Sou a brisa que te escova as madeixas e te escreve dedilhando-te cada detalhe sussurrando-te : mergulha em mim. Nada eu, beba eu, seja eu. Mergulha em mim. O mais fundo profundo. Pro fundo, Tem um mar dentro de mim transbordando toda e qualquer forma de mesmice e caretice que um dia existiu e persistiu. Tem um mar assim de ressaca. Um tanto assim pode ser a gota d´agua.
O vento há de levar e o mar há de trazer de volta o que se trás e a onda quer devolver...
Sem tua presenca eu fico feito rosa branca
Feito calmaria que da alma arranca
Sem voce a vida é feito rapunzel
Joga suas madeixas que caem feito papel
Efeito romaria vem atras de uma folia
De reis ou santa maria pra curar a melancolia
Que em mim passa mais um dia em compania da mais valia
Ando errante, sem procurar errar. Mas errar é preciso. Precioso. Vou por ali, espero acolá. Ando com todos os meus orixás a contar: só mais um pouco. Rouco, nao sei se ja consigo mais. Louco por um pouco de paz interna. Interna quantas vezes for preciso. Impreciso. Nao sei se consigo. Nao sei de verdade se me basta toda essa santidade casta. Pasta. Vou vivendo como um boi: Pasta. Talvez um cineasta de qualquer película nefasta. Minha rima se arrasta. A vida passa. Eu, boi. Eu, cineasta
O andarilho
Vaga a esmo, mesmo sem ter onde e por que restam lhe as pernas e a consciencia para seguir
Somos todos andarilhos a vagar num imenso deserto cheio de pessoas.
Seguimos a esmo. Mesmo cercado por pessoas, estamos sós e nao vemos ninguem.
Para entao no final chegarmos à conclusao de que tudo aquilo o que mesmo importa é transitorio e fatalmente acaba.
Como lagrimas em um deserto. Como lagrimas na chuva
De Figueredo a Presidente sem dedo.Todos frutos podres deste arvoredo. Reza um pai nosso, com medo. Ainda é cedo samba-enredo
Coincidência mesmo é se deixar levar por essa brisa que nos faz sonhar e almejar imensos castelos de areia. Vento que te sopre como um sussurro e lapida os teus vértices em pentágonos e hexágonos. Vento que te grite e quebre em mil pedaços nefastos. Segredos gastos constroem meu castelo casto.
Nada é para sempre. Há quem diga o contrário. Há quem tente. Mente para si mesmo num soliloquio de como quem sente aquela sutil dor de dente.
Não tarda a chuva para desmanchar o castelo. Primeiro vão-se as torres e seus vitrais. Depois vão-se os muros e os minerais.
Mas a base fica. Ela é rica. A base conta histórias fenomenais. Viscerais. Morais. Liberais. Nada mais.
Nada mais, me sussurra o monte de areia.
Nada mais, me grita pra que creia.
Nada mais, me eleva e me norteia.
Nada mais me sussurra.
Nada mais me eleva.
Nada mais me norteia.
Tu és belo, castelo de areia.
Minha vida eu sei de cor. Do canto da minha janela, nada me abate, Apenas o vento abana minhas madeixas. Vejo o mesmo burro carregando entulho com seu dono. Todos os dias os proprio burro zé come mais que o dono pra nao ter uma uma exaustao no meio da cidade.Eita vida besta.
Carminha ja ta virando uma moça, A mae acha que ela tem que casar logo e ficar prenha. Onde ja se viu, um dia desses a menina brincava de boneca,meu deus.Eita vida besta.
Eu fico aqui no cantinho da minha janela feito móvel empoeirado: Ninguem nota, mas eu vejo tudo. Eita vida besta
como se do pó viestes
Fênix maldita.
Voastes e enchestes minha vida
Com o mais belo e sublime amor.
Sublime, pois de sublimado fostes.
Fostes e me deixastes aqui sozinho
Com restos dos seus cabelos.
Com saudade dos teus carinhos.
Se nao pode ser minha, por que tao bela?
Dane-se se tudo está perdido
Dane-se se fui mordido
Por um cão sarnento
Sedento por um certo livramento
O mundo é mesmo belo
Como seus olhos,
O caminho é feito de cascalhos
Enigmáticos, Pragmáticos,
Empáticos.
Jamais céticos.
Alegre-se minha princesa
O mundo é mesmo belo
E nem tudo está perdido.
Ah, os vitrais!
São tais suas histórias!
Magistrais são suas memórias...
Tantos Minerais
Escórias....
Tais falas viscerais
Ainda me levam à glória.
Culturais e satisfatórias.
Ah os vitrais!
Como se fazem tão notórias?