Paulo Henrique Batista
Ela canta alto, mal, confesso, mas alegra a minha alma.
Ela desenha torto, sempre sai algo engraçado, mas é a tinta que eu preciso.
Faz sujeira, e lá vai, juntar os próprios cacos da sua lambança, mas eu ajudo-a resolver, isso é a nossa intimidade.
Os beijos, acredito que dentre as infinitas coisas boas que ela faz, seja uma das melhores coisas.
Amá-la não é fácil, não é boa todo tempo, mas o incrível é que mesmo errando, ela faz incrivelmente, o tempo todo ficar bom.
Fácil seria se teus olhos fossem escuros, e não reluzisses a cor do castanho, assim não desejaria olhar.
Mais fácil ainda seria se teu toque fosse a fogo, e me queimasse, ao invés de vir me incendiar.
Queria que teu sorriso, teu cabelo e teu corpo fossem imperfeitos, para eu não conseguir mais olhar, desculpa, perdi de novo, é impossível não notar.
Quanto mais preciso da tua amizade, mais preciso te beijar, e ontem fui dormir com saudade, minha mente foi quadro do seu sussurrar.
Me diz bem baixinho, só em meu ouvido, te quero de novo, sem nada, com sede no olhar.
Me sacia e me toma, não precisa ser perfeito, só preciso da gente, no nosso infinito, lá dentro que vamos morar...
Amor de passagem.
Sensação boa mesmo é te olhar de cantinho, te observar devagarinho, sem pressa de acabar.
Coisa gostosa é ter mesmo que pouquinho, o teu abraço, teu carinho, duas coisas, num só ninho.
E de vez em quando, te espero sorridente, ou seria melhor falar, de vez em sempre?
Mas sei que as vezes você não vem, espero isso também, pois ao invés de te admirar sempre linda, escrevo poesia e mais ainda, linda você fica nela também.
Descoberta
Que eu seja permitido descobrir o que escondes nos olhos, e que me permita te descobrir das vestes que insinuam seu íntimo.
Que a rádio que gosta sintonize a gente, e que eu sinta mais perto o poder do sorriso me descompassar.
Que o toque inócuo me permita falar, o que guardo na mente, no peito e também, na pupila dos olhos, no meu paladar.
De verdade, só espero saber, para que o mistério me dê um lugar, amor é descoberta, e eu descubro bem fácil contigo, o verbo é amar.
Amor é casa, é morada, é onde quero estar.
Hoje, não faremos amor, faremos mais. Mais do que palavras, diremos profecias, mais do que amor, faremos poesia.
E ontem, quando toquei seu cabelo e tomamos o vinho, embebedou-me os olhos, uniu nossos caminhos.
Faremos arte, e amanhã, faremos um ninho, voaremos Leonardo da Vinci e amaremos Vinícius e Toquinho.
Encostado na árvore em uma manhã de domingo, escuto os passarinhos prosearem, e entre gorjeios e trilas, sopram dizendo um ao outro:
- A verdadeira liberdade é mesmo tendo asas para voar, escolher infinitas vezes, ficar.
ETERNIDADE
Gosto como as coisas acontecem, e se acontecem, gosto quando as sinto durar. Gosto quando tímida, toca o cálice, quando aperta os olhos só pra me encontrar.
Amo quando escuta aquela música, e vicio quando fala sem parar, aquele assunto que só você sabe falar.
Amo quando vem ao meu encontro, e as vezes sem jeito, ri para não me intimidar.
Acho engraçado suas manias, tipo aquela de sempre fazer bico, para que eu possa beijar.
Acho que não gostam do nosso jeito, amor leve, desprendido, sem muita frescura para estragar.
A única coisa que odeio, é quando vai embora e não fica para o jantar, posso te oferecer um copo, uma toalha, e um amor eterno, se puder ficar…
Procurei essa noite seu cheiro nas perfumarias da cidade. Me coloquei a cheirar todos, porém nada… Nem os mais caros, nem os mais vistosos, nem os mais exóticos.
Voltei para o quarto, e quando encostei a cabeça no travesseiro encontrei, quando tocou aquela música senti, quando vi aquela cena em que a criança sorri para a mãe e ela o abraça com seu abraço mais fraternal, pensei “ela está aqui”.
Teu perfume me abraçou, sua mão invisível me tocou e a voz doce, ressalto, me disse de novo…
- Por que, meu bem, não me fala sobre o amor?