Paulo H. Oliveira
O foda é que quanto mais a gente se ferra mais exigente a gente fica; menos pessoas passam a nos servir, e mais difícil fica deixar de estar sempre sozinho.
Eu não lembro quando foi a ultima vez em que vivi algo realmente bom, algo realmente feliz, e nessas a gente vai esquecendo o que é felicidade, o que é sorrir, se sentir bem, estar bem. Essas coisas precisam ser colocadas em prática para que não se perca o costume, nos esquecemos do que é gostar quando não gostamos de forma recíproca há muito tempo, a gente esquece o que é carinho, sensibilidade, quando não precisamos ser carinhosos e nem sensíveis, e foi exatamente isso o que me aconteceu. O que a vida me exigiu nos últimos anos foi que eu fosse forte, bruto, ignorante e raçudo; como eu seria uma pessoa doce e amável? Como eu seria uma pessoa feliz se nos últimos anos fui obrigado a ser sempre uma pessoa forte? Eu sou hoje o que eu precisei ser para ter chegado até aqui.
Comprar algo bonito, somente por ser bonito. Eis a utilidade de uma pessoa rasa e superficial, servir de enfeite.
A superficialidade das pessoas está cada vez maior, seja em relação a sentimentos ou até mesmo a conhecimento! Todos estão na superfície, na aparência, da boca pra fora. Esqueceram-se do quão interessante pode ser o que está além, trocaram atitudes por palavras e sentimentos por aparência, trocaram conhecimento sadio por futilidades e besteiras. A vida é como o mar, pode-se nadar na superfície, andar de barco, flutuar... Mas porque se contentar com a superfície quando se tem um mundo a fundo para conhecer?
Nada é importante a menos que você queira que seja. A importância de todas as coisas somos nós quem determinamos, eis o motivos de costumes e pessoas ficarem perdidos no tempo que se passou. Ao decorrer de sua vida várias coisas que você não se imaginaria sem deixam de importar tanto assim para você, por exemplo, aqueles amigos inseparáveis que hoje você se quer sabe por onde estão. Nada é tão importante que não passe. Se não foi escolha sua deixar alguém perdido no passado, você foi essa escolha feita por outra pessoa. Só nos cabe aceitar que ciclos se iniciam e se fecham.
Ficar sozinho é muito bom, poder ficar com várias mulheres sem trair ou dar satisfações é ótimo, mas uma hora fica sem graça. Vejo pessoas das quais já passei por suas vidas e que hoje em dia estão em relacionamentos sérios, aí é onde percebemos que não usamos essas pessoas, e sim fomos usados por elas. Passou e pronto, elas estão lá, acharam outras pessoas e estão sendo “felizes”, você não, você continua na mesma de só passear na vida de um e outro, entra na vida de uma aqui, depois saí e entra na vida de outra ali, e acaba não parando em lugar nenhum. Quando sentir necessidade de voltar para um determinado lugar, igual a quem procura sua casa depois de muito tempo no mundo, não achará lugar nenhum para voltar, estará perdido, sem teto e sem abrigo, um mendigo de sentimentos; nenhuma de suas aventuras passageiras gosta de você, as pessoas com quem você costumava ficar te queriam apenas como diversão, você também não tem de quem gostar e se tem por motivos óbvios a pessoa de quem você gosta não irá te querer.
Aqui nós estamos. Aqui devemos concentrar nossas preocupações. Assim como não é correto preocupar-se demais com o amanhã, creio que também não devemos nos preocupar demais com outros planos, esquecendo assim do nosso o plano terrestre. A vida humana tem suas etapas, e de uma dessas estamos esquecendo, enquanto preocupamo-nos demais com outras possíveis. O medo do sofrimento eterno, assim como o anseio pelo paraíso cegam as pessoas, levam-nas cada vez mais menosprezar a vida e o mundo, mesmo que imperceptivelmente, apegam-se às etapas futuras, deixando assim jogado o hoje e o agora. Viver da morte é o que as pessoas fazem ao passar pela vida aguardando o amanhã, pratique o bem e viva o que achar correto enquanto há tempo, preocupe-se, apegue-se, viva o mundo, porque após sua morte nada mais existirá disso para você. A etapa seguinte, se assim sua crença permitir, será outra e outro tempo lhe será dado para essa resolver.
Tudo são possibilidades, e se apegar a um único caminho é descartar todos os outros possíveis caminhos.
Planos e tarefas inacabadas me fazem me questionar sobre quantas coisas deixaram de existir em minha vida pelo simples motivo de não as ter levado adiante.
Quem não sofre não cresce, não aprende e nem amadurece. Não há como privar-se do erro, há somente como não vir a cometer o mesmo erro duas vezes.
É bom adquirir experiência, pelo menos não nos surpreendemos mais com determinadas coisas por já saber como acontecerão.
O lado ruim de fugir às vezes da realidade é ter que voltar para ela. Passamos pela vida por estarmos sempre buscando algo que não teremos: Satisfação. Nunca estamos conformados com o que temos, nem tão pouco seremos conformados com o que viermos a alcançar, e nessas nós deixamos o tempo nos escapar. Trabalhar, estudar, aprender, conquistar... Sempre em busca de algo mais, e sempre com algo a menos. Tempo e felicidade valem ouro, fuja mais da sua realidade, se possível, viva fora dela.