Paulo Cesar Paschoalini
"Quão doentio é o espírito daqueles que pronunciam palavras somente para ferir. Antes de passarem pelo céu da boca, elas vieram do inferno que habita a infelicidade da alma.”
Viver é navegar mares encantados,
conduzindo barcos não planejados,
com perícia que não viemos dotados,
para alcançar portos não imaginados.
Engana-se quem pensa que a beleza é passageira. Num mundo movido pela ditadura da aparência, a beleza é a principal condutora.
USE POESIA!
Uma poesia deveria ser...
usada como uma oração,
ousada feito invenção,
abusada pela intuição,
pausada como reflexão
e repousada no coração!
Às vezes, quando a gente abraça, fecha os olhos ainda mais forte, para que tudo o que está sentindo não se acabe, assim, ‘num piscar de olhos’.
Para encontrar você, não foi preciso nenhum mapa. Agora, para continuar navegando ao seu lado, dispenso instrumentos, manuais e rotas. Afinal, quero me perder, de todas as maneiras.
Ao invés de despedaçar-me, para saber se alguém bem-me-quer ou mal-me-quer, decidi pelo florescer do ‘bem-me-quero’!
Deixe toda pressa de lado,
o mais rápido possível.
Abrace as pausas contidas
na música da vida,
encontre o seu ritmo
e simplesmente dance.
(A)VENTURA
Para sentir-se perdido,
não é necessário constatar-se sem rumo.
Se estiver à deriva,
mesmo que à pouca distância da praia,
próximo à segurança de um porto,
estará perdido se não tiver objetivo.
O que nos leva a navegar não são as velas,
nem os ventos que as fazem avolumar,
muito menos a força das correntezas,
e tampouco o acaso em busca do incerto.
Para estar perdido, basta navegar contra a vontade,
mesmo que em águas rasas e calmas.
Para encontrar-se, é preciso sede de navegar,
para saciar os desafios do desconhecido.
Vontade de aquietar-se, quando calmaria,
ou disposto ao galope dos zimbrados.
Navegar não é somente uma grande aventura;
é, apesar de tudo e de todos, enorme ventura!
Quem trata os outros como ‘lixo’, dificilmente carrega dentro de si material humano capaz de reciclar atitudes e sentimentos.
Dissabores?...
Ora, seja o ramo que deixa cair as folhas secas
e entrega-se por inteiro, incondicionalmente,
ao inevitável vicejar da primavera!
Penso que a inspiração não seja uma espécie de ‘acaso’, ou algo de fora que nos invade. Acredito que, depois de nos permitirmos conectar com a sensibilidade do mundo, ela simplesmente aflora do fundo do nosso interior e transborda para além de nós.
AQUELA QUÍMICA:
Diziam que tínhamos ‘aquela química’.
Como na natureza tudo se transforma,
todo aquele sentimento evaporou-se
e a lágrima que cai é o estado líquido
daquilo que parecia ser tão sólido.
“Se meus sonhos fossem reduzidos
a poucas letras ou sílabas,
dariam somente
para soletrar o seu nome.”
Sou um pouco louco
com relação à minha sanidade,
mas muito lúcido
quando se trata de meus devaneios.