Patty Vicensotti
SALVA-ME
Agora,
sou o que fez teu gosto.
Vivendo onde não mais estou,
resta-me só as sombras,
das lembranças,
que em miragem
toco sem retorno.
Me olho assim,e é como
se andasse em circulos;
infinitos circulos que
não te levam de mim.
Então almejo,
com tão puro desejo,
encontrá-lo,
pois és fonte na aridez.
E aos cantos,aos prantos,
rezo que me aceite em
teus pensamentos.
Onde estiver,me acolha;
bem conhece o que preciso.
Me faça acreditar no que
pra mim não se foi,
e abrace-me inocente.
Cá,estou criança que se perdeu,
num féu de decepção...
Não clamarei por nada do que já sei;
pois tua presença,mesmo vazia,
sacia o que não vem.
Cala meu grito:
Salva-me desse poema
que morre sofrido,
e devolva-me vivo,
o motivo ao qual te amei.
Quanto tempo tem teu amor?
Até o ultimo gole do café, que desce amargo,nas madrugadas que não passam,e que eu te escrevo.Penso:é a última vez!Na cabeceira da cama,no livro,na mesma música deprimente que choro toda vez que ouço?Duraria mais um pouco?É reticências,sempre. Nada se conclui,nada se resolve. Você não volta e eu não vou.Me retorço nas horas,na vontade de desistir.Cada dia seus vestígios são mais fortes,e tão piores.Disfarça, fala,e eu entendo mais.E compreender o que não se quer é como uma lança que rasga mesmo. Não queria ,eu juro que não queria (muito).Se eu fosse menos egocêntrica,ah! Quando você ligasse,diria:"eu estou bem".(Ps:histérica).E desligaria sem querer de me atirar de algum lugar. Quanto tempo ainda tem teu amor?Caso você não compreenda,(porque seus planos são diferentes dos meus),eu fugi mesmo. Não se espante,se ás três da manhã eu chegar insônia,e despertar o mesmo amargo do café de todas as noites,e causar quem sabe,alguma atitude. E eu pergunto:quanto tempo terá o meu? Reticências...?Mas caso compreenda,(porque ninguém sabe mais dos meus planos do que você),eu cansei mesmo. Não se espante se meu email não chegar,se não te atender,se eu mudar de endereço.Ainda assim,por caridade,talvez,se eu quiser, te deixo algum sinal,só pra não pensar que isso não foi importante. É ,foi,e ainda é. Tão abstrata,essa forma de ficar.Me confunde.Nunca gostei de esconde-esconde,gato e rato,de coisas desencontradas.Então,até o sonho me trazer o real,e me tirar essas dúvidas da cabeça,vou dar um tempo.E você?Vai ficar ou vai correr?Vai salvar ou esquecer?Você ainda tem tempo?Por obséquio,te imploro,suplico:se ainda tem,caro amor,preencha essas reticências(...),por favor.
Me cuide como tua flor. Me olhe... sinta meu perfume. Seja sutilmente um toque, o calor que preciso. Faça-se em mim... Só não roube a minha essência! Me deixe ser sempre viva assim. Para ti!!.
Treat me like your flower. Look at me ... feel my perfume. Be a subtle touch, the warmth I need. Make me ... Just do not steal my essence! Let me always be alive thus. For you!
PASSAGEM
Estou tentando alguma coisa. Nos lentos passos do quarto á sala, um breve presságio. Som de riso na rua é como badalo de sino, me pedindo pressa. A fenda emperrada da janela, esquecida, vigia minha intensa vontade de que no canto de algum cômodo, morra essa urgência. Que se acumula. E se funde ao pó empreguinado e mal varrido. Lá fora, o frio. No tempo e em mim. Tenho medo desse silêncio; dessa umidez excessiva da vida nos meus olhos. Da fé sendo amputada. Do que assim, venho me tornando. Chega o tempo, em que muitas coisas ao redor, vão se indo. Alcançando outros destinos. E me sinto uma passagem desistida na gaveta. Amarelando sonho.
Dispenso uma vida rotulada, humores instáveis, amor de hora marcada. Nego reviver o passado e ter maturidade quando quero colo. Discordo viver sobre desculpas e amordaçar minha tolerância. Não esfolo meu valor com o descaso. Não podo minhas asas. Não oscilo de opinião. Adorno meus medos, dores são segredos; prefiro expor o que tenho de bom. Não sou de faces, mas tenho fases. Não invento personalidade, nem crio situações. Que me achem fria; que me julguem estranha. Que se afastem os que confundirem autenticidade com estupidez. Sou o que quebra e não cola; o que brota mas também desfolha. A intensidade de uma ocasião. Perfeita, ou não.
E enquanto os dias forem meus, serei esta eterna espera...lua que vê o sol distante, na esperança constante do encaixe perfeito.
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