Onecina Alves
Apaixonar-se por uma pessoa não é parte de um processo. Não é algo que podes planejar com antecedência e nem antecipar sua chegada. O amor golpeia em momentos únicos. Em qualquer lugar. Em qualquer momento. Algum dia, você o vê, cortando as plantas do jardim ao sol, ou cantando horrorosamente no chuveiro, e pensas: "Oh, poderia passar o resto da minha vida contigo".
Onecina Alves
Uma carta de adeus
Olá, Morpheus, o teu coraçãozinho parou hoje, e me despedi de você com lágrimas no rosto e coração partido.
E assim você também se foi... E sou forçada a dizer a todos porque, talvez eu tenha te transformado em uma figura pública. Estavas em muitos dos meus escritos e na maioria de minhas fotos. Eu me sinto mutilada. E não importa se as pessoas entendem, sabe... Não me importo se me chamam de exagerada, de trágica. "Todo esse drama por um gato". Mas olha, vou te dizer, meu querido Morpheus, eu até entendo.
E digo mais, se eu estivesse no lugar deles, pensaria a mesma coisa: TODO ESSE DRAMA POR UM GATO.
Porque eles não se importam. Não estavam aqui, digo, aqui perto. Não estavam conosco. Não estavam naquela tarde de janeiro quando eu abri os portões da minha casa, quando acendi a luz e escutei o teu primeiro "Miau". Quando desci do ônibus e nos olhamos pela primeira vez.
Ao invés de dizer "Quem diabos você é?", você me olhou estreitando os olhinhos verdes e começou a ronronar, assim, na confiança, mesmo sem me conhecer. Eu disse "vamos lá, vou cuidar de você pra sempre" e aquele pra sempre, foram apenas três meses. Três meses de um milhão de aventuras.
Todo esse drama por um gato. Eles não estavam contigo, meu caro rapaz, quando eu te ensinei a fazer suas necessidades no lugar certo e tu, mas que um gato que caga e mija, parecia um empresa de terraplanagem. Eras um traquina magro e longo, com orelhas, calda e patas proporcionais. Não, querido Morpheus, eles não estavam aqui quando eu te ensinei a subir na porta de casa e na árvore. E a descer, obviamente. A princípio você parecia um tetraplégico, que acabou de se curar, depois, em duas horas, subia e descia como um flash. E eu como uma mamãe que tinha acabado de tirar as rodinhas da bicicleta do filho, me comovi e te abracei.
Eles não estavam quando várias e várias vezes eu estava fazendo trabalhos da faculdade e você constantemente ficava em frente ao PC. Não estavam quando dormimos muitas noites juntinhos. E nem ao menos quando eu estava falando com algum garoto e te perguntava: "O que você me diz? Esse tá bom?" e me olhavas com cara de abusado. Não estavam quando você subiu na mesa e comeu meu pedaço de frango e eu fingi que não estava vendo nada. Bem, você sabia que eu estava vendo. Todo esse drama por um gato. E era sempre só eu e você, quando eu chegava em casa cansada e você queria fazer "massagem" na minha barriga, eu girava e você fazia "massagem" nas minhas costas. Não estavam quando as pessoas te faziam mimos na rua. Tudo você fazia. E eles não estavam aqui. Estavam todos ocupados fazendo filhos, namorando, se casando, esse tipo de coisa, de adultos, enquanto eu estava contigo, contando sobre o dia ruim que tive no trabalho, na faculdade, sobre as brigas com minha mãe... Não tinha ninguém quando eu começava a chorar e você chegava. Você sempre chegava.
"Não chore mamãe", e acariciava com o nariz no meu queixo, enxugando o rosto molhado. Não estavam aqui quando você consumiu uma das suas vidas sendo ainda bebê, por acidente. Não, não estavam nem aí pra nada. Era eu e você. Nem quando você tomava banho e em seguida rolava na areia, se sujando de novo. Todo esse drama por um gato. Claro, ninguém estava aqui. Ou quando você me mordia de verdade, sem parar. Não, lindo Morpheus, eu não espero que me entendam. Talvez pensem que estou exagerando... Eu deixava que você fosse o único ser vivente a me ver triste, porque você sabia o que fazer. E sempre fez. Certas coisas eu disse só a você, certas lágrimas eu chorei só contigo. Não, não estavam aqui, nem ao menos naquela noite quando eu acordei e fiquei observando teu corpinho por várias horas.
E ninguém estava aqui essa manhã quando comecei a chorar na sua frente. Não estavam quando tive que me despedir do meu menino espetacular e único. Meu melhor amigo, um pedaço de mim. Ninguém nunca entenderá e não me importa. Ninguém estava aqui e nem agora que escrevo isso chorando, incapaz de parar por um minuto. Vai em paz meu bebê, você me deu tudo, agora pode repousar, espero ter te dado um boa vida, te juro que fiz o possível. Eu te amei como um filho, talvez aquele que eu nunca terei. Todo esse drama por um gato. Ninguém entenderá jamais, ninguém estava aqui. Não estão aqui nem mesmo agora, nessa casa, que de repente tornou-se vazia.
Instantes.
E ali, amontoados embaixo do cobertor com nossas mãos cruzadas fortemente, observando como o universo realizava seu baile em espiral a Deus, pensei: “Ufa, se ela e eu fôssemos personagens de uma grande obra de ficção, então este seria nosso capítulo final, nosso felizes para sempre”.
Busquei algo em pensamento com a esperança de poder descrever com facilidade durante o verão – as fogueiras, as primeiras horas da madrugada, o lago, os dois, jovens e selvagens, e loucamente apaixonados. Mas, incapaz de encontrar algo digno, emiti um grande suspiro, sorri, me virei para ela, e a observei enquanto olhava as estrelas.
Onecina Alves
Há dias em que eu quero encontrar Deus, apontar um dedo para minha vida, e gritar: "Nada disso era parte do meu maldito plano". Mas eu sei que simplesmente Ele daria de ombros e diria: "Sinto muito, eu nunca tive a intenção de dar a entender que isso seria fácil, eu sei que nada disso é fácil, mas é por isso que eu inventei o tempo. É uma lenta e constante promessa. Se você somente se agarrar a ele, se você se concentrar em manter a respiração, o tempo te manterá longe o suficiente de qualquer coisa. É uma bênção. Te curará se você deixar."
"Fica." implorou ele. "Nós poderiamos construir um lar juntos."
"Quem dera pudéssemos fazer isso" disse ela dobrando um vestido e o colocando em uma pequena mala. As baratas cortinas do hotel se agitavam com o vento através da janela aberta.
"Mas você tem um coração turista." continuou ela. "Espaço suficiente para o essencial e para um pouco mais. Você viaja impulsivamente de um lugar para outro, deixando sua marca aonde vai, antes de seguir de novo rapidamente. E nada acontece."
Ela terminou de arrumar suas coisas e se moveu lentamente até a porta.
"Meu tempo contigo foi precioso" disse ela. "Mas não foi um lar."
Onecina Alves
Ser correspondido é tão importante quanto sentir, quanto amar. Não adianta de nada você depositar o seu amor, e não receber nada em troca. Busque se interessar/relacionar pelas pessoas que te valorizam, te respeitam. É necessário ser amado SIM. Não vem com essa de que você ama tanto que vale pra dois.
N Ã O!
Não é exigir o amor de alguém, ou que alguém corresponda o que você sente de forma igual. Nunca é igual. Mas se não é correspondido, mude. Joga tudo pro alto e pensa em você.
Se ame! A partir do momento que você se ama, você entende o quanto é necessário receber isso dos outros também. Não por ego ou vaidade, mas porque as coisas mais lindas da vida estão na RECIPROCIDADE.
Reciprocidade é TUDO! Queiram ser amados, se importem com isso. Nenhuma relação é verdadeira se não for mútua.
Algumas coisas deixam feridas profundas. São suas marcas de batalha. Elas estarão sempre lá como cicatrizes, e o que muda com o tempo é nossa forma de olhar. Tudo o que a gente passa, forma quem a gente é.
O amor de Deus não é passivo.
É incondicional e luta através de qualquer luta, apesar de qualquer circunstância, apesar de ser ou não recíproco.
É gentil e no entanto, a força mais poderosa.
É uma força que altera a vida, acalma a mais selvagem das tempestades, mudando a mais escura das noites em plena luz do dia.
Sim, ele te encontra como és. Mas é demasiado poderoso, demasiado puro, e demasiado bom para te deixar do mesmo jeito. Querer a sua aceitação sem o seu poder é enfraquece-la e reduzi-la em algo que talvez seja mais confortável. Algo para nos fazer "sentir melhor", mas no final de tudo, permanecer na mesma.
Algo domesticado e passivo. Mas a passividade não teria suportado a cruz. Não teria deixado tudo para trás pra encontrar o perdido.
Não podes ter amor incondicional sem o seu poder transformador. São inseparáveis.
Onecina Alves
Tava aqui lembrando que muros não constroem amizades e relacionamentos. Na verdade, estes separam ainda mais as pessoas e, até onde sei, precisamos fazer o que é bom pra poder evoluir. Não sei o que é que algumas pessoas poderiam nos ensinar, mas é preciso continuar tentando descobrir, afinal de contas, ser humilde ao lembrar de que não nascemos com opinião formada, faz bem. Além disso, é importante lembrar, principalmente, que o amor é que deve ser o responsável por nos surpreender, não o ódio.
💙
Onecina Alves