Nyll Mergello
Um simples ato de generosidade é apenas uma pequena fração de uma grande ação, pois é na bondade que o pequeno se torna grandioso.
Certas ajudas nem precisam ajudar, basta que fiquem quietas, sem falar, somente a olhar e escutar. Nisto reside o consolo de meu clamor, de minha dor e de meu chorar.
A verdade é afiada como uma espada de dois gumes.
Muitos são os que tremem só de ouvir falar seu nome.
A verdade liberta, ela é luz para os que vivem em escuridão;
Mas é treva para os que pensam viver em luz.
Muitos não a suportam, e muitos são os que tateiam a buscá-la.
Os sábios se curvam diante dela e a adoram,
Os tolos cospem nela e a desprezam.
Os sábios quando a ouvem, veem em sua correção um aprendizado,
Os estúpidos quando a ouvem ficam encolerizados.
Não são poucos os que preferiram os fronts a ter que encará-la;
Para eles, a morte era mais suportável que ouvir a verdade.
Ela surge no horizonte como uma tempestade destruidora,
Mas no final é apenas uma brisa de verão, fresca e agradável.
Assim como a infância é bela e inocente como um campo virgem, florido,
A verdade é como uma vasta pradaria verdejante onde cavalgam livres velozes cavalos selvagens.
Para os que a temem, ponham seu escudo.
Para os que a procuram, abram seu coração.
Há mais coragem em falar a verdade que em ouvi-la.
Falar a verdade aos que a odeiam é como adentrar uma arena cheia de leões famintos.
É preciso ser guerreiro para proclamar a verdade,
Porque seus inimigos são como a areia do mar,
E seus seguidores parecem vagar como ovelhas sem pastor.
Luz e escuridão andando lado a lado,
Assim são a verdade e a mentira.
Dois opostos tão próximos e tão distantes.
Tão opostos que nunca poderão se encontrar.
Por que os homens vão à guerra quais feras cedentas por dilacerar?
Porque lhes falta a verdade, vivem sob a tirania da mentira.
E por isto vão à guerra, em busca de libertação.
E a encontram.
Na morte.
Porém, felizes são todos aqueles que a encontram em vida.
E em vida são libertos de seus grilhões.
Porque nem mesmo a morte tem poder sobre a verdade.
Quande em face da morte, o justo sorri diante da escuridão que lhe sobrevém, e vai em paz.
Mas até neste momento, o injusto é atormentado pela culpa, e parte sem alento.
Em face de perigo mortal, calma e paciência podem significar a fronteira entre a vida e a morte, pois quem as possui consegue suportar o que faz os fracos gemerem de aflição e os covardes chorarem de medo.
Não ligue pra eles, deixe que falem, que inventem. Uma hora vão parar de mentir, pois até mesmo a mentira, com todo seu poder de destruição e escuridão, tem seus limites e nunca vai ser mais poderoso que a luz da verdade.
Ninguém é perfeito. No máximo somos certinhos, porém nunca imunes ao erro, inerente à própria natureza humana.
O que você quer de mim? O que quer saber? Não me pergunte, não seja deselegante. Apenas olhe sem me ofender com seu olhar; analise, tire conclusões. O que eu sou, quem eu sou ou o que eu fui vai estar escrito em meus braços. Mas não me critique, nem me olhe com os olhos físicos, e sim com os olhos do coração. Minhas marcas são minha história, com suas efêmeras alegrias e seus profundos oceanos de dor e lágrimas. Minhas cicatrizes são meus ferimentos de batalha, elas são a prova de que eu fui valente e venci... Venci o monstro dentro de mim mesmo, que me sugava e tentava me dilacerar. Todo o tempo, dia e noite; na solidão de dias ensolarados e na tristeza de noites sombrias e repletas de sombras rastejantes.
Medíocre Existência Covarde
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Após uma vida de infelicidade,
chega um momento em que o desgraçado,
em sua triste jornada,
se depara com uma encruzilhada
na qual é crucial escolher que rumo seguir;
Do contrário, vai continuar vivendo uma mentira
numa existência covarde e medíocre,
à espera da morte que vem mais cedo
pros que não tem coragem de viver.
Almas condenadas
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Quando duas almas infelizes
Já estão habituadas à desgraça
E conformadas com o inferno,
É necessário que uma das duas deseje o paraíso
A fim de que por meio de uma das condenadas
Ambas alcancem ao menos as proximidades do céu.
A Injustiça da Justiça
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A Justiça é cega e chorona,
Mas a Injustiça enxerga muito bem
E vive sorrindo à toa.
Vítimas da maldade
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Quando somos vítimas da maldade,
tudo se torna mais claro,
e é aí que a escuridão do mal
se transforma em luz,
pois o ciúme, a inveja e a mentira
uma hora hão de sucumbir diante da verdade.
Teu peito filial
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Em teu peito filial
Encontro refúgio e conforto
Alento, carinho e consolo;
Quando ninguém mais pode,
De minhas dores me socorre.
Em teu peito filial
Minhas lágrimas se libertam
E minha vida passa a ter sentido;
Nele esqueço meu mundo de solidão,
desesperança e sonhos despedaçados.
Em teu peito filial
Fecho meus olhos sob o toque de teus dedos
A tocar minha orelha
Como ninguém jamais fez ou fará;
Eu teus braços volto a ser criança...
Em teu peito filial
Ouço teus segredos e te conto os meus
(Quando foges nas noites
A perambular sem desejo de voltar;
Mas sempre voltas para mim)
Em teu peito filial, filha,
Me sinto seguro e protegido,
Assim como em meu peito paternal
Tu sentes amor e proteção;
Somos um só ser, um só coração.
Noturnas vidas vazias
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Noites monótonas que se vão
Vazias como minha vida vazia.
Vida vazia que noites devoram...
Noites que devoram minha vida vazia.
Vida vazia que nunca se completa...
Sombria vida vazia que sombrias noites devoram.
Madrugadas lerdas que vem e se vão
Ao som de galos que ao longe anunciam
Auroras furtivas e sem encantos.
Auroras que vem e se vão
Trazendo longos dias tediosos,
Dias que por fim crepusculam
Dando espaço a noites sem nenhum deslumbre.
Oh, vida vazia que me tortura
Dia após dia num incessante penar.
Existência sem graça e sem glamour...
O que me resta então, senão o odor?
Pois teu cheiro permanece em mim,
Lembrança perene que causa dor.
Memória serena que nutre
Tímida esperança de amor.
Sou a solidão
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Sou os dias longos, os crepúsculos desolados, as noites sem fim,
as madrugadas tediosas e as auroras sem glamour...
Enfim, sou a solidão.
Casei, mas nunca deixei de ser solteiro. No mais, se agora somos uma só carne, por que não a sinto em mim?
O autor não pode estar acima de sua obra, assim como o herói não pode ser superior à sua glória, pois ambos são mortais, mas suas contribuições são uma herança perpétua.
Os contos, contados por quem os conta, assumem forma
segundo a imaginação de quem os houve e imagina. Mas as lendas ora contadas, outrora possivelmente tiveram forma, cor, cheiro, sombra e reflexo.
Sonhos que desmoronam às intempéries, paredes que sucumbem sob o temporal, ventos que sibilam clamores de sonhos destroçados.
Medo que lacrimeja no olhar sem esperança.