Nildo Lage
“Infelizmente, os políticos do nosso país ainda não atingiram um grau de maturidade ou de responsabilidade para cientificarem de que a floresta, principalmente a Amazônica, é a veia de escape da vida, por ser responsável pela absorção do veneno que as ações do homem espargem na atmosfera: o dióxido de carbono e o metano. Destruí-la é construir uma fornalha que, ao atingir o seu limite de temperatura, não permitirá manutenção para reverter o erro.”
“Não carecemos de professores que apenas ensinem o ABC, a formar sílabas, palavras... A ler para decifrar os códigos do mundo... Precisamos de educadores que despertem a paixão de aprender dos seus alunos com aulas dinâmicas, prazerosas... Educadores que estudem para melhorar a prática; investiguem para descobrir novas formas de ensinar nesse manancial de informações que se tornou a sala de aula, provocada pelo mundo globalizado.”
“A humanidade é persistente no propósito de destruir, irracional na busca de divisas, irresoluta ao extremo, como uma máquina que confia na força bruta para triturar, ultrapassar... Abrir caminhos pelas entranhas da vida e avança alimentada pelo combustível tecnologia, que seduz, fascina e a impele a enveredar pela rota traçada por esse predador, pois ele, o desenvolvimento econômico, que está provocando a explosão populacional, exige cada vez mais da natureza: mais cidades; mais alimento; mais desmatamento; mais indústrias; mais automóveis; mais residências; mais esgoto lançado nos rios; mais lixo hospitalar, eletrônico, tóxico... E mais dióxido de carbono e metano disseminados na atmosfera.”
“É preciso reformular esse sistema ultrapassado que, em plena era digital, enfrenta dificuldades para resolver problemas históricos como a indisciplina, a avaliação e a inclusão de novas tecnologias, pois o avanço que proporciona a estrutura para crescer, atrair novas ferramentas e promover o tão sonhado progresso da aprendizagem se desequilibra e erra o ícone “professor” para que este abra uma janela no universo da sala de aula para iluminar vidas.”
“A febre da era digital contaminou todo o sistema pelo vírus “ctrl”: ctrl t, ctrl c e ctrl v... Capa, contracapa, uma breve introdução para dissimular... Uma unidade, um semestre ficam para trás... Ninguém leu, ninguém investigou... Ninguém aprendeu... Pois ninguém ensinou... Todos copiaram.”
“Sabemos que é impossível conter o desenvolvimento, pois a própria procriação da raça humana exigirá novos espaços para a convivência em sociedade. Contudo, podemos desacelerar os passos do extermínio dando atenção ao planeta, cada vez mais estressado, prestes a atingir o seu limite de produção.”
Entender o valor do conhecimento exige sensibilidade e orientação na busca de discernimento para apreender os valores da vida e inseri-los de forma que estes promovam a autovalorização que determina os valores que preenchem as nossas ambições humanas, pessoais e profissionais. Pois transitar pelas trilhas do ser humano sem abrir chagas exige conhecimento denso, habilidade para não tropeçar nas cicatrizes de sonhos e desejos fracassados, provocados principalmente pela deficiência de conhecimento.
“A Educação está cada vez mais desprovida de professor-leitor-investigador, desvanecendo a paixão de ensinar, que se colide com o descaso do aprender, pois a cultura de “não aprender para ensinar” está disseminada em faculdades e universidades abarrotadas de alunos, que passam pelas suas dependências e saem tão vazios quanto entraram.”
“Cada vez mais quente, o planeta agoniza, num duelo desigual, para se livrar das garras da atrocidade humana, que o está transformando numa bomba cujo relógio salienta, num tique-taque inquietante, a contagem regressiva da vida, alertando que pode explodir a qualquer instante, pois o estopim, hiperaquecido, é mantido sob as chamas da insensatez, do interesse financeiro, político, subjetivo... Dessa forma, expõe a vida, esse frágil fio atado ao onipresente, ao flagelo, impelindo-a a vagar por caminhos sem horizontes, à mercê daqueles que põem em xeque o futuro da humanidade.”
“A obsessão de que o acúmulo de dados promove sabedoria impele muitos por um caminho do qual todos se esquivam: o da ignorância, pois poucos assimilam que a informação, na era globalizada, chega na velocidade em que a buscamos,#11;mas a sapiência para aplicá-la vem num ritmo lento, em tempos alternados, em que respostas e soluções emanam do próprio eu. É a partir desse ponto que o conhecimento expõe o seu verdadeiro valor, permitindo que a sabedoria flua ostentada pela consciência de que será usufruída para o bem comum.”
“O homem, na plenitude da sua imperfeição, na grandeza da sua capacidade de querer absorver os mais singelos movimentos, de reter informações precisas do porquê da própria existência, mostra-se instável, inconsistente, e poucos conseguem domar esse anseio a ponto de evitar o conflito entre o conhecimento sensorial e o intelectual. Por se deparar com dificuldades para organizar idéias, pois se confronta com problemas para gerenciar os instrumentos do conhecer — situação e razão — e transformar esse mecanismo em conhecimento que proporcione o seu desenvolvimento.”
“Atingir o conhecimento que preencha o vazio e faça a diferença tornou-se o desafio maior. E o homem recorre a todos os artifícios — Filosofia, Sociologia, recursos tecnológicos — por acreditar que, se desvendar o mistério do vínculo entre a ciência e o pensamento com a origem da vida, encontrará as respostas para as dúvidas que inquietam a humanidade.”
“Este é o ponto em que estamos: no marco zero de um planeta sem direção, sem clima definido e sem projetos para conter os efeitos fatais do aquecimento global. E, pelo descaso dos governantes, as novas gerações, que já estão sendo educadas para consumir, encontrarão barreiras intransponíveis e poderão não ter espaço para contornarem o problema.”
“Se a sociedade se instituir, os resultados podem surpreender. Essa organização não tem custo além da participação de todos. Basta que deveres sejam cumpridos para que direitos resultem em responsabilidades. Essas mudanças de atitude são a diferença de quem faz da educação um instrumento de transformação social.”
“O mundo evoluiu numa velocidade tão alarmante que a escola se distancia da sociedade e se perde pelos caminhos que antes acreditava serem trilhas seguras; a escola de paredes e grades está perdendo terreno para a “escola da vida”. Seus atrativos são fantásticos: portões amplos, corredores iluminados e mestres com “habilidades e competências” para transformar seus alunos em doutores na arte de ser delinqüentes, pois a tradicional continua estagnada no tempo, com técnicas e princípios que não educam, e, mesmo com os avanços da ciência, que buscam caminhos alternativos para sanar problemas emergentes, estamos distantes de termos uma educação que cumpra metas para que a escola atinja as suas funções sociais.”
“O sistema se preocupa em edificar escolas modernas, com aparências futuristas, mas não vislumbra que escola contemporânea é aquela que, de olho no amanhã, ajusta as falhas do ontem sem perder o contato com o hoje e que esse espaço é ministrado pelo humano cognominado professor, que necessita de capacitação, motivação, respeito, equilíbrio, autonomia e suportes técnico e pedagógico para aplicar uma boa aula.”
“É preciso edificarmos a escola, para desmoronar um sistema falido, ignorar as utopias para suprir a carência de profissionais responsáveis, éticos, educados e atrair para a sala de aula ferramentas que eduquem por meio de métodos que não excluam; com educadores conscientes do seu papel transformador de pessoas, não de mundo, pois o mundo está em constante processo de transformação, e seu aluno é mais um com trajetória traçada. E, para que essa trajetória seja direcionada para um caminho de vitórias, é preciso que a Educação prepare humanos para acompanharem essa metamorfose; de gestores que façam da escola “tecnológica” um local de acesso desejado e de administradores que não usem a escola como cabide de emprego para cumprir promessas políticas”.
“O conhecimento é desejado por milhões, que o perseguem em lugares inusitados, nos momentos mais impróprios, por#11;razões irrefutáveis. Mas poucos param para explorá-lo com sapiência ou fazer os mais sábios dos questionamentos:#11;Qual o valor do conhecimento? Que tipo de conhecimento devo adquirir para me tornar uma pessoa melhor, um cidadão#11;melhor, um profissional melhor?”
“Com o olhar no futuro e os pés no passado, a escola dos sonhos não tem ritmo para acompanhar os passos de uma sociedade capitalista que tem ambição de sair do lugar-comum para não ser espezinhada pela globalização. A obsessão de atingir esse objetivo a impede de formar cidadãos autônomos, conscientes das suas responsabilidades na sociedade, preparados para arrostar os desafios do mundo, e isso exige uma escola que eduque para a vida, e a que temos impele seus alunos para a escola da vida”.
“Com tantos impedimentos, a escola futurista não evolui em tempo real para acompanhar os passos de uma sociedade cada vez mais eletrônica, cuja placa-mãe armazena dispositivos que atraem o futuro a cada reset(ada) do tempo. O seu progresso é tão lento que ainda não conseguiu se livrar sequer do quadro de giz. Daí as dificuldades para inserir as tecnologias de ponta disponíveis para o sistema de ensino, pois, em plena era digital, computador e Internet ainda são bichos estranhos para muitos professores, que, sem intimidades com esses “monstrengos”, se ajeitam como podem para ludibriar seus alunos, colocando remendo novo em tecido velho.”
“O grande afã para acompanhar o ritmo da vida é tamanho que não sobra tempo para contabilizar os itens básicos que equilibram o desenvolvimento humano, e é nesse terreno que se fixam as raízes de muitos males, principalmente dos#11;fracassos inexplicáveis, renúncias indiscutíveis de ideais e propósitos.”
“A maioria de nós tenta romper as barreiras do mundo sem antes desobstruir os obstáculos lançados pelo próprio eu. E#11;é nesse instante que perdemos o equilíbrio, pois o conhecimento desvanece ante o impacto da queda, e a força do fracasso corrói pessoas preparadas para serem vencedoras.”