Nildinha Freitas
Eu não sou nenhuma flor
Nem eu mesma sei bem quem sou
Sou apenas uma mulher
Carregando no peito amor
Cantando e versando a vida
Para esquecer minha dor.
Cada coisa tem seu tempo
Há quem diga isso a todo momento
Mas não adianta se iludir
Pois é a gente quem faz nosso tempo
E é quem decide para onde quer ir.
Sem dúvidas a lei deveria ser mais rígida. Deveria ser mais cumprida e não tão comprida. Sem nenhuma dúvida a lei deveria ser mais honesta do que àqueles que a ferem. A lei deveria não ser assim tão esquizofrênica, e quem sabe se ela fosse mais sã, a sociedade fosse menos doente.
Para Gabriela (Minha Filha)
Eu sempre lhe ensinei a ser forte, mas teve horas em que eu fui fraca
Me rendi ao medo e quase desisti de tudo, e até de você
Eu sempre lhe mostrei o caminho e lhe deixei livre para escolher
Às vezes me culpo
Mas não tem como retroceder os ponteiros do relógio da vida
Eles não andam para trás
Jamais
Eu sempre lhe disse o tamanho do meu amor
Mas acho que sem querer esquecer
Esqueci de tatuar em você.
O universo que sou
É menos guerra
Mais amor.
Sou um universo perfeito
Carrego a alegria no meu peito
E quando se faz necessário
Eu sei impor meu respeito.
O sorriso é triste mas a alegria persiste em meio às muitas pedras que são atiradas, por gente que não sabe o tamanho da dor e que na verdade não sabe nada.
Quando o general de um exército desvaloriza a importância de seus soldados, na vitória alcançada, certamente ele não é um líder de verdade.
Hoje eu sei
Já matei muita gente com minhas palavras
Talvez não tenha sido proposital
Talvez eu não tenha planejado agir de forma tão visceral
Mas no entanto, hoje eu sei, que a palavra pode causar muito mal.
Eu gosto das coisas simples: de ouvir o pássaro cantando, gosto do vento me descabelando, gosto do cheiro da terra embebida da chuva, do cheiro da lenha queimando no fogão.
Eu gosto de olhar o silêncio e de parar no tempo, até o tempo parar.
O seu corpo despido,
tantas vezes ferido
por gente de coração bandido, jorra uma água salgada, suor e lágrimas de uma alma lavada na dor.
Têm dias que parece noite, que é escuro feito breu, onde a gente perde a fé e vai se tornando ateu.
Têm dias que parece que arrancam a casca da nossa ferida e a gente passa a ter medo da vida.
Tem dia em que somos solidão, mesmo em meio a uma multidão.
A vida se coloriu de arco-íris e eu me pintei de azul, que é a cor dos olhos que eu sempre quis ter.
Sorrindo por descobrir que o amor existe, e por perceber que a vida nem sempre é triste, saí cantarolando melodias de gente que soube compor em meio a dor.
Eu, meio sem jeito, igual ao passarinho saindo da casca do ovo onde se gerou, fui deixando gerar em mim o amor.
Calmaria
A vida é verbo.
A vida é uma constante.
A vida é muito mais do que um instante.
A vida é vento, é ventania, é cais, é calmaria.
Ela cresceu na idade e foi forçada a ter maturidade desde que saiu da maternidade.
Ela viu a vida dos que amava se dissipar e quase morreu de saudade.
Ela cresceu em estatura e a uma certa altura da vida se sentou na calçada para relembrar as brincadeiras de criança, refazer suas lembranças e recomeçar sua lida.
Há muita gente doente, uma doença que parece incurável, sem jeito. E essa doença pode alcançar qualquer humano, e eu, que não sou de outro planeta, também me torno, por vezes, refém desse mal da sociedade contemporânea.
Doentes, zumbis que se mantém vivos sem ter uma vida real, e que forjam felicidade para ter aprovação social.
O amor é um desconstrutor daquilo que somos de fato, tira a gente da razão e nos ponhe em um porta-retrato.
O amor causa um desconforto e também causa alvoroço, faz a gente se sentir louco e insano, por vezes escravo, outras vezes soberano.
Mãe é um pedaço do céu, é múltiplo do infinito. Mãe é eternidade, e é, quem nos fez inteiros e não apenas metade.
Mãe é raiz, é caule, e é fruto do amor divino, é a escolhida por Deus para ser a luz do nosso destino.
Eu não sou da elite, eu sou do povão, preciso trabalhar todo dia para poder comer meu pão.
Eu tenho uma vida simples, igual a de qualquer cidadão e acredito em dias melhores, de paz para esta nação.
Sou poeta das coisas comuns. Escrevo, mas nem todos entendem o que está escrito não, há quem leia a palavra guerra quando eu escrevi perdão.