Nelson Rodrigues
A grande, a perfeita solidão exige a companhia ideal.
A imparcialidade só merece a nossa gargalhada.
O ser humano pode ter todos os defeitos, menos o da imparcialidade.
Ai do escritor que não usa, de vez em quando, um mínimo de cafonice.
A constante dos seres humanos é a burrice. Para um gênio há dez milhões de imbecis.
Sou um homem que chora. Meu sentimentalismo é meu ponto forte.
Minha inspiração é a soma de todas as vidas que tive, através de todas as eras, todas as idades.
Todos nós falamos igual, o que muda é a melodia.
O socialismo ficará como um pesadelo humorístico da História.
Antes de escrever eu penso muito. Levo mais tempo pensando do que escrevendo.
Pior que o traidor, pior que o venal, pior que o inimigo – é o revolucionário burro.
O canalha nunca se acha canalha, se acha de uma bondade inexcedível.
O teatro, não tenha dúvida, exerce um estranho poder de cretinização, mesmo sobre as melhores inteligências.
Certos pundonores, certos brios, exigem um salário e as três refeições.
Há sujeitos que nascem, envelhecem e morrem sem ter jamais ousado um raciocínio próprio.
Enquanto o homem não amar o outro para sempre, continuaremos pré-históricos.
Não há pior degradação do que viver pelo hábito de viver, pelo vício de viver, pelo desespero de viver.
Cada um de nós está sempre a um milímetro da depressão, a um milímetro da euforia.
Somos mais idiotas do que nunca. Ninguém tem vida própria, ninguém constrói um mínimo de solidão. O sujeito morre e mata por ideias, sentimentos, ódios que lhe foram injetados. Pensam por nós, sentem por nós, gesticulam por nós.
Os idiotas perderam a modéstia, a humildade de vários milênios. Eles estão por toda parte. São os que mais berram.
Que fazer se, por toda a parte, recebemos uma saraivada de idiotas? Não há opção à vista. Cada um tem de se tornar idiota para sobreviver.