Negreiros Neto
GENTIL GENTILEZA
Comida farta em nossas mesas
O Profeta José Datrino
Servia pra saciar
A fome da indelicadeza.
Sem discriminação
Sentavam todos na mesma mesa
Banquete divino
Tendo a paz como sobremesa.
Homens e Mulheres vitimam incondicionais
Desta infame pobreza
Que devora e mata
A maravilhosa obra, criada pela mãe natureza.
Palavras e gestos
Seus bens, com certeza.
Rico tesouro, compartilhado com todos.
Numa gentil gentileza.
Profeta Poeta
Que ensinou com a sutileza
Anunciando aos quatros cantos
Que gentileza gera gentileza.
QUARTO DIA DE JANEIRO
Fatos históricos
Na terra aconteceria
Não se sabe século e ano
Apenas o mês e o dia
Sonhos e presságios
Milagres e profecias
Martin Luther King
Neste dia nasceria
Sputnik a nave das respostas
A terra voltaria
A pintura Guerra e Paz
Portinari a ONU doaria
A pequena queda d’água
Uma enorme cachoeira transformaria
A Lua minguante
Pra sempre Cheia ficaria
O Rio seco e perene
Permanente e corrente tornaria
A terra seca e infértil
Num chão fértil onde tudo brotaria
A vida que findava
Eternizava e renasceria
A Fé desfalecida
Numa fortaleza de alegria
Um poema de amor
O poeta inspirado faria
O sorriso e o olhar
A bela mostraria
Negreiros Neto ao mundo
A vinda de Elayne anunciaria.
ITÁ E KINGA
Itá é duro rochedo
Que pra tudo se destina
E quando bem aguçado
Corta de grossa a fina.
Kinga melaço doce
Candura de menina
A Irmã Companheira
Encanto de alma feminina.
O corte de cana
Vida, trabalho e sina.
Fortes e valentes
Cumprem o que o destino determina.
A Missa, Futebol e Forró.
As coisas que os anima
Mas se provocados
Nego vai pra lazarina.
Como muito carisma
Vivem em plena união
Logo todos cometam
Que belo exemplo de irmão.
Pelos arredores e região
Muito comentário se formulou
A Popularidade dos irmãos
Feito vendaval se espalhou.
Políticos sem prestígios
Uma oportunidade vislumbrou
Enviando relatos dos fatos
Ao gabinete do Governador.
Sabido e aproveitador
Logo uma comissão
Com boas e más intenções
O dito cujo nomeou.
O povoado que nem nome tinha
Foi feito umas contas
Com poucas e muitas mentirinhas
Agregando povoados que lhe circunvizinha.
Foi criado um Decreto
Homenageando os irmãos Itá e Kinga
No dia 20 de dezembro do 1963
Fundando o Município de Itaquitinga.
CACHAÇA PIRIRI
Tomei uma cachaça
Chamada Piriri
Quatro dedos de medida
Saie do mundo daqui
Virei Extraterrestre
Nocauteei Morram Dali
Empurrei Maik Tayson
Provoquei Bruce Lee
Cantei e dancei
Melhor que Elvis Presley
Discursei na Praça
Abafando Net King Cole
Falei das Sagradas Palavras
Emocionando o Rei Davi
Depois de minutos
Voltei em si
Todos estavam a sorrir
Logo percebi
Tomei outra lapada
Pra tudo se repetir.
Marte! A Terra do amanhã.
Marte! A Terra amanhã.
Qual das frases iremos escrever no futuro da humanidade?
BANHO DE NEBLINA
Compostas gotículas
Bruma, Névoa, Neblina
Jato maravilhoso
Alimenta minha adrenalina
Protejendo-me
Como uma capa divina
Banho protetor
Aos Bombeiros se destina
És, rejuvenescedor
Desta batalha contínua
Recém-promovidos
Vida, trabalho e sina.
Imensas Gotículas
Que o ar padroniza
Formando esse manto
Proteção divina
Refrigeração, acalanto
Banho que eterniza
Vapor de água
Condensando vida
Recém-nascidos
Fumaça líquida
São Bem-sucedidos
Neste Banho de Neblina
Neblina! Viatura ABT
O Poeta assim a batiza
Homenageando aquela
Que entre tantas se eterniza
Guardada na memória
Por toda nossa vida.
ABRAÇO DE PAI
Acolhedor e divino
Sentimento paternal
Proteção e abrigo
Dádiva Celestial
Gesto de puro amor
Abrasador, colossal
Fenômeno da Natureza
Aurora Boreal
Das forças da natureza
Não há outra igual
De Urso-Pardo é forte
De Pai é descomunal
Único e verdadeiro
Força sobrenatural
Áurea de amor
Mágico, fenomenal.
ENSINA-ME
Mãe! Passa-me a mão na cabeça!
Mãe! Puxa-me as orelhas!
Mãe! Fala-me a oração “Deus te guarde e proteja”!
Mãe! Dai-me chineladas nas canelas secas!
Mãe! Beija-me a face com tua pureza!
Mãe! Repreende-me com aquele olhar de cara braba e feia!
Mãe! Abraça-me com toda delicadeza!
Mãe! Chama-me atenção com teu beliscão!
Mãe! Ajuda-me, preciso disso para as incertezas!
Mãe! Aconselha-me com tua pura razão!
Mãe! Dai-me palmadas nas mãos, mesmo que doa em teu coração!
Mãe! Ensina-me.
NAVE NEGREIROS
Alves! Belo é teu poema
Mostrasse de forma plena
Os horrores e as tormentas
Vividas naquele lugar
As noites sangrentas
Os dias de terrores
Que tardavam a passar
Mas, há de haver controversas.
Nave que liberta?
Ou Navio pra escravizar?
Não eram animais selvagens
Que ali habitavam
Eram homens de pele negra
Que por ali passeavam
Os grilhões que hoje
Insisti em nos aprisionar
Reacende a chama
De um futuro melhor
Para aquele que virá
Rotas que levam mundo a fora:
América, Ásia, Europa.
Todo sofrimento que nos assola
Já teríamos vividos em outrora
A busca do novo é que nos consola
Nave Negreiros não tarda a chegar
Muitos morrem sem te encontrar
Por aquele que com o dom da sabedoria
O brio do Rei possa apagar
E por influência do curandeiro
Vão lhe sacrificar
Por aquele pensador ao crer
Em um único Deus supremo de paz e amor
Será condenado e morto
Por um Rei cruel e ditador
Por aquele jovem guerreiro
Que por ordem de um vil curandeiro
Vão lhe sacrificar
Para o Deus da Guerra, acalmar.
Nave Negreiros não tarda a chegar
Muitos morrem sem te encontrar
Por aquelas belas meninas
Que por inveja da rainha
Aos Deus da Primavera
Vão lhes ofertar
Por aquele valente guerreiro
Que por expressar seus sentimentos e desejos
Vão lhe aprisionar por questionar
E ao pô do sol, executar.
Por aquelas mulheres magras e feias
De pobres tetas
Que Reis e Guerreiros rejeitam
Vão morrer de trabalhar
Nave Negreiros não tarda a chegar
Muitos morrem sem te encontrar
Para aqueles pobres e desagregados negros:
Nave Negreiros
Para aqueles ricos e chefe guerreiros:
Navio Negreiros
Por mais que padeça
Nessa dolorosa jornada
Sair a busco de algo
É melhor que permanecer sem nada
O chicote que mim açoita
Não arde mais que minha esperança
A sede que me mata
Jorra água na minha perseverança
Nave Negreiros não tarda a chegar
Muitos morrem sem te encontrar
Vislumbro delírios
Em uma nova aurora
Nave que tanto sonhos decolam
Na busca de algo que não se sabe agora.
Nave Negreiros
Nave náutica de viés econômico
Agora transportas sonhos
Desses descartáveis escravos
Riquezas de muitos
Instrumentos ideológicos do desenvolvimento
Justificativas de transações sociais
Para atender necessidades
Humanas e comerciais
Nave Negreiros não tarda a chegar
Muitos morrem sem te encontrar
Fora da ordem genealógica
Sem clãs e linhagens
Para sempre servo e escravo
De uma obscura barbárie desumana
Negros e Negros
Travam-se uma batalha
Na busca de uma perdida
Identidade Africana
Panteão dos Deuses
Protegeis esses pobres negros
Da vil ganancia
Do poder e do dinheiro
Nave Negreiros não tarda a chegar
Muitos morrem sem te encontrar
Ala central do teu porão negro
Neste transepto cruzeiro
Nave, Nave, Nave ...
Nave Negreiros
Não tarda a chegar.
NO MEU SERTÃO
Hoje no meu sertão o Bode tem que estar cercado, amarrado, vigiado, caba armado, acordado e com os olhos arregalados e ainda assim o Bode é roubado.
SERTÃO EM CHAMAS
Aguenta Umburana.
Suporta Umbuzeiro.
Que o Bombeiro tá chegando
Pra acabar com esse braseiro.
Corre Susuarana
Foje Veado Campeiro.
Que o Bombeiro tá chegando
Pra acabar com esse braseiro.
Resiste Xiquexique.
Força Catingueiro.
Que o Bombeiro tá chegando
Pra acabar com esse braseiro.
Fugir da dor não é a solução. Enfrentá-la é a nossa missão. A carne é fraca, mas o espírito é forte. Salvar! Sertão Pernambucano.