natalianuno
história de amor sem final feliz, tem como horizonte a solidão, onde os sonhos se habituam ao vazio...
abre o baú, fica perto dos sonhos ou dos momentos ébrios d'amor, sente o pulsar do tempo e sorri porque é grato recordar...
traz a paixão do mar no olhar....e no riso a pureza do amanhecer...o pensamento na quietude do sonho...e no coração o amor se aprofunda... quanto não vale ser-se jovem!
apercebo-me que o meu tempo é de nostalgia, a vida é um salto enorme se os degraus estiverem ausentes...anda o tempo a recolher-se e saudade na linha tangente do meu olhar...
trago os sonhos a ruir, o medo a rasgar-me o peito, gaivotas a sulcar-me o rosto, e nos olhos os sorrisos silenciosos...
já o meu chão estremece, um longo medo me adentra...as estrelas andam cegas e eu despida de ilusão sem memória nem coração.
um livro é um amigo, uma óptima companhia, com ele podemos sonhar, esquecendo o barulho que o mundo sustenta, atravessamos o horizonte sem males na alma....
há um sentimento que nos percorre o corpo e nos toca a alma, quando nos vem à lembrança a juventude...
já foi primavera no meu jardim, já brilhou o astro-rei... agora na sua ausência uma infinita paciência, e a saudade a perfumar, o lento colapso deste caminhar...
...no caminho da memória,
o prazer lento da nostalgia puxa o fio das lembranças,
e, surpreende o coração.
há dias em que o pensamento parece uma águia permanecendo imóvel, esquecendo que as nuvens estão ao seu alcance
à memória vêm-me recordações perdidas no correr dos anos, insiste o sonho, como se fosse a última manhã luminosa da primavera...
no fundo negro da memória, as palavras alumiam a escuridão... alimentam-se do meu sonho, e tocam-me a alma...
o rosto, o tempo há muito lhe levou, de nada serve pedir ao vento que não sopre, nem à geada que não queime...
seu rosto é agora um sol posto atrás das árvores despidas, uma visão melancólica que oprime a alma...
O vento sopra com força, entra pelas janelas do sonho e à memória um arrepio que humedece o olhar...
o amor é uma seara dócil que treme sob o vento tépido, e dança ao som do coração, deixando uma ternura transbordante, enquanto dura a ventura...
natalia nuno