os dias fazem sombra à flor da idade, obrigando-a a dizer «Adeus» em tom sombrio
gosto da luta na tua doce guerra...
que o Mundo tenha paz, e a colheita de certezas e sonhos, dele se apropriem...
multiplicam-se palavras na seara do tempo mas nem sempre dão pão
esculpe a maré nas areias e o tempo em meu rosto uma floresta de sombras...
hoje dou a mão ao sonho,
amanhã posso ser rosário de quem não reza..
penso que sou ave e nascem-me asas, refaço o canto e desfaço o pranto... sorrio à vida.
espero-te em silêncio, não quero que a vida saiba que me fazes falta...
colho uvas para adoçar-me a boca e pintassilgos docemente crescem em meus olhos...
os sonhos são vôo breve de folhas efémeras, ou velas que depressa se apagam
Nada fácil é viver! A vida é um persistente sonho... viver é uma fonte de promessas com a esperança sempre presente e com ela, a oportunidade de tecermos o fio que nos prenda à felicidade...mas, também pode dar-nos a abulia da espera e levar-nos a um sonho que se esfuma...é preciso ter arte
caminha a memória por pedaços de recordações a querer esquecer a fuga irremediável dos dias, cativa da busca do sonho ...
de cada vez que te lembro, é como se o amor insistisse em me prender...a um encontro adiado.
ainda há pouco julguei ouvir o gemido do vento, arrumava eu o fio dos pensamentos
até o coração mais duro o amor amolece...e não escolhe idade, apenas acontece!
o coração às vezes deixa-me entregue à solidão, enquanto meus dedos vagueiam sonâmbulos pelas palavras a moldar a ilusão
os outonos já não me sentem, nem o vento de suão descobre o rasto dos meus passos
a chave do meu sonho escondo nas minhas coxas de rio, onde tu vens matar a sede...
há memórias que caminham na minh´alma e com voz insistente me chamam, mas eu não as encontro...
quando o amor demora, a vida fica um dia cinzento, daqueles em que o sol não consegue romper as nuvens...
temo que embacie o vidro da memória e eu não volte a encontrar-te...
a noite caiu depressa e as tuas mãos dançam sobre o meu corpo suavemente...temo que partas ao raiar do dia...
vem ao terreiro do meu peito e sente, como se perde meu coração por quem o procura...
sussurram-me as saudades
perdidas na solidão da mente, eu as oiço perdida nos corredores da insónia...
um coração sem amor é como uma casa desabitada onde a luz não entra, a escuridão é intrusa e o silêncio amargo