natalianuno
que os nossos sonhos não se percam como é seu estranho costume,e que a vontade de viver nos persiga...
a Poesia tem de trazer estrelas aos nossos olhos, tem que entornar sílabas de amor nos nossos corações...sem sentimento... a poesia é orfã...
sou terra despida onde o sonho ainda habita, aqui há a doçura de uvas ao sol, um mar de harmonia onde meu coração navega e a saudade é definitiva...
das lágrimas com que amei, os meus pulsos de tendões rasgados ditam-me que elas foram duras, porque a saudade no amor é lei...
permaneço alerta, decifrando o eco da fonte que cresce em mim, traz-me sussurros aos dedos... de tanto te recordar na distância
a vida é água que corre pura, agreste, fecunda-nos de amor, surpreende-nos, arrebata-nos lambe-nos as lágrimas, enlaça-nos, até se despenhar no vazio e, deixar-nos à beira do penhasco...
o presente já se perde, o passado já se aniquila e o futuro murmura qualquer coisa imperceptível...é página vazia
caio no abandono da escrita e vou crescendo entre vocábulos, e vogais voluptuosas que cantam nas palmas das minhas mãos...
no final da tarde doloroso é o silêncio, mais um dia enterro, observo-me e sorrio com desdém ao espelho cruel que me agride e renega ...
....a vida tem a sedução dum vento livre, não se rende avança impetuosa e tenaz na busca da felicidade...é um sonho que apesar de naufragar vale a pena ser vivido.
oiço palavras, palavras a todo o instante como se fosse uma hemorragia que não pára, mas os factos da vida são bem diferentes daquilo que nos querem fazer crer...
«É mais fácil deixarmo-nos arrastar pela corrente que lutar contra ela»
Será assim enquanto não houver coragem...
e o sonho da democracia e da liberdade afastar-se-á de nós inevitavelmente.
ler é calar as nossas palavras e escutar as dos outros, é como se um rio de amor corresse em nós e nos levasse a novas paragens esquecendo os passos cansados.........
vida é um mar de muitas marés e nós, frágeis barcos à vela na esperança de aportarmos a bom porto...
penso no quanto é duro o quotidiano e desgastante, senão nos agarrarmos à vida e multiplicarmos a esperança