natalia nuno
as histórias que gostaria de ter ouvido contar em criança e nunca tive esse privilégio, hoje madura de mil sóis, crio-as para compensar a falta de quando era criança, vivem na minha imaginação desde outros tempos, são como pássaros que voam do coração, em palavras se abrem em flor e, é como se semeasse essências pelo jardim, entretanto vou sonhando...assim! como se renascesse de novo...
o outono cala as suas sombras, desespera por cobrir a solidão que se faz sentir apesar da beleza e, a folhagem vai caindo como um pranto ao acaso e sem medo, virá de novo a primavera e logo depois dar-se-á o renascimento... só a vida não volta....
que o dia seja para todos um belo vínculo com a vida, seja anunciador de sonhos e que todos eles se concretizem...o dia ainda agora começa, mas já levo saudade do ontem que me deixou sorrindo perdida nos sonhos duma alegre rapariga de pé descalço e viva ternura pelos dias que Deus lhe vai concedendo...
tudo acaba, tudo tem um fim, mas podemos eternizar, fazer de conta...assim, desta maneira simples, como se transformássemos a verdade em mentira, ignorando, como se fôssemos crianças correndo em alvoroço sobre dias iluminados, recordando a vida em seu ar distante, ou como se hoje fosse o primeiro dia que nos levará à felicidade dos tempos...
natalia nuno
os jovens não sabem nada da morte e têm sempre uma vertiginosa pressa de chegar...são como tocha a arder, só dão conta do tempo à custa de se irem consumindo porque o tempo é senhor do espanto e não perdoa nada nem ninguém ... a vida é tão breve como uma chama e a exaltação da Juventude é uma ilusão passageira. Deixei-me a pensar numa dobra do tempo e reparei como a vida medra tão rápidamente e eu que não me demorei tempo algum, cheguei sem norte, também pouco sabendo, quase nada sobre a morte.
isolada dos dias, sobre um céu de esquecimento, quantas vezes sonharei ainda, saudar a Primavera que se distanciou demais?- as palavras são pássaros a planar em meu coração, e descem ao meu rosto rios de água cantante, entretendo meu sorriso...
aos meus olhos és
a frescura do vento
que nasce nas montanhas,
a canção dum pássaro
que se eleva em nostalgia,
a palavra azul com que escrevo AMOR..
tenho saudades daquele riso que me tornava alegre e que eu acreditava que seria perene, quando só existia confiança e ainda que frágil me sentia protegida.Inunda-me o silêncio, estende-se pelo meu corpo, penetra nas minhas raízes, entrança-me as palavras nos lábios, e estorva-me o ar que respiro...
na minha idade é quase noite, fico soletrando palavras de sol, tecendo sonhos, para que o dia ainda dure e me conceda a alba com arco-íris...
viver com a natureza… cheirar a terra, elevar o olhar aos céus, esquecer o mundo materialista, deixar que a maresia nos rejuvenesça, não deixar que nos corrompam a alma deixando-nos em farrapos… sermos como a água, livres!
uma borboleta colorida ergue as asas, e golpeia uma gota de orvalho, de súbito me sinto uma intrusa no sonho que própria criei, ao ver-me nesta festa da natureza onde sou como folha que a chuva humedeceu...caída dos ramos da saudade.
há milhentos pequenos nadas que acodem ao pensamento, mas esta apoquentação inesperada vagueia nele como o vento, veio ensombrar o meu sentir, deixando-me num silêncio frio e, tudo ao meu derredor... se abisma!
sítios de mistério profundo, que são agora lembranças que dormem um sono frio, como frio é o musgo que veste as paredes...desde o alvorocer ao toque das trindades, lembram quem partiu e deixou saudades, mística saudade neste outono já tocado...eterno sonho que se perdeu.
Abracemos o dia ao compasso do trinar que nos enlaça numa tranquila solidão, num sonho, como se percorrêssemos a praia da nossa infância, o canto das pequenas aves são confidências que só os poetas entendem...............................
há silêncios na minha memória,
e na mão que entrego à escrita
um relógio sem ponteiros, vai
marcando a minha paz...
nnuno
passam meus dias em suspenso, a memória estagnada, sinto que além do que sou e do que penso, que a vida parou, trago a alma angustiada...estou entre o ser e não ser nada!
tempo novo.............é tempo de fazer acontecer, tal como as árvores quando chega a primavera fulgem e o mar canta e se espraia até nós... vamos acreditar, ousar, arriscar, sermos luz e esquecermos a cegueira...conservar a esperança e o sonho. é preciso.
as árvores que oferecem os ramos às criaturas nascidas entre o sol que raia neles, transformam a natureza ainda mais bela, como se fosse um poema d' amor, apagado de palavras, mas rico de chilreios....
quando o coração de alguém não nos entende, somos um eco perdido, e o amor foi só uma pincelada de sol fugaz e solitária...
o tempo é má vizinhança
com tal força causa danos
promessas em abastança
mestre na arte de enganos
natalia nuno
sinto-me triste, vontade ...
espera-me aí que já vou ,
liberta de mim a saudade
q' em meu coração ficou.
quem vê além da aparência
com subtil e límpido olhar...
busca muito mais da essência ,
q' a aparência pode mostrar.
nos ombros da tristeza deixei versos a chorar, enquanto no coração trago amor a frutificar... na boca cachos de beijos, que à tua boca irei ofertar...