natalia nuno

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ao mesmo tempo que sorrio, choro por dentro,encharco as entranhas, sinto-me uma pétala ao abandono...e começo a morrer!

minha saudade é um riacho de água fresca a correr, onde mato a sede e recuo no tempo a adocicar o presente...

caminhamos sem bússola, alumiados pelos sóis do teu olhar em busca do sonho perdido no silêncio turvo do anoitecer em nós.

as palavras são como gaivotas, dão asas ao voo do sonho, espreguiçam-se nos meus ouvidos, derrubam os meus limites , recordam-me com doçura tudo aquilo que perdi.e, surpreendem-me com a esperança do que ainda me resta viver...

foi-se o tempo de sonhar o verde, agora a vida dilui-se sonhando com essa alegria antiga...

há sempre um dia que a solidão enfastia, e o pensamento se perde, mas continuo presa a um fio de vida...e m' acolho na saudade.

indiferente ao crepúsculo do dia, vou-me transformando num deserto sem memória, a ver-me de mim mesmo, a perder-me...

vou nascendo a cada dia, sobretudo nos dias que me dão a mão, pouco a pouco vou silenciando até que o mundo se esqueça de mim...

prendem-se me os passos quando quero romper as ondas deste mar que é minha vida, as alegrias afundam-se, mas o verde do olhar
ainda é tomado de esperança...

só o sonho me fará feliz, enquanto vôo por entre tílias que perfumam meu coração.

reconstruo sonhos, embriago-me até à última gota, não deixo que o futuro se torne num fio do meu pranto.

quando minha mão cessar e só lembrar meu esquecimento, e se ensombre o olhar, da minha boca sairão palavras frias, matando o silêncio, ainda que tudo seja surdo ao meu redor...

há palavras tão frescas como a maresia...aquelas que anunciam beijos, abraços, e fazem sonhar...e há palavras lacrimejantes que fazem arrepiar-nos por dentro levando o pensamento à obscuridade

nasci rio, morro mar...não pedi para nascer, e a morte não tenho como vencer...logo a hora vai chegar.

olho os choupos do rio, sinto-me melancólica, saudosa ao ouvir das folhas o rumor, e o canto dos rouxinóis com os corações cheios d'amor,

já não há trigais loiros, já morreram as papoilas, só os sonhos sobrevivem em mim com o cheiro a tomilho e alecrim...

sobre a planície da minha existência, já se amplia o entardecer...

teço e desteço o sonho, vivo e desvivo a vida que lentamente me fecham as portas...

quando jovens a vida é tão simples como respirar os dias sempre iguais competindo com a suavidade das nuvens...

nos rochedos da alma há pássaros estranhos que me perguntam se terei vivido..

Inserida por nataliarosafogo1943

estes beijos em teus lábios, são fogo onde me arremesso para morrer d'amor...

Sempre que o amor me assalte, que eu morra de amor, amando! Mas se o desdém acerta em cheio, fica a saudade de permeio, e o coração chorando...

rasurei a lembrança de mim, para ver se a saudade me abandona... perdi-me nas décadas que nos separam, hoje não lembro mais!

quanto silêncio... já baixou a lua quando ainda cantam os grilos e eu revivo os sonhos da noite anterior...

hoje lembrei os medronhos, enquanto o sol se punha no horizonte, acesos ficaram sonhos, no doido intento de me levar à minha fonte...