Nanevs
Eu
Eu
Ser poente
De horizonte imenso
E recusas constantes
De limitações
Vigentes
Eu
Ser urgente
Intensamente
Refletir na lente
Vidente
Minha insana
Semente
Eu
Ser nômade
Vario e
Insisto
Por saber-me
Mônade
Eu
Divago em
Devaneios
De agonia
Ou euforia
Por ser um ser
Poesia
Algemas do amor
Sucumbi aos seus encantos
Me escraviza
Me domina
Manipula...
Tentei com todas as forças
Sair das suas teias
Mas me enrolei
Ou me deixei
Prender...
Prisão Latente
Eu, ser, impotente
Dos olhos luzentes
Que prendem feito correntes
Entregue estou
Não luto mais
Me resta te amar
Te amar...e te amar
Andança
Caminhei alheia
Por terrenos inconstantes
Sem a certeza da pisada
Segura...em nada
Segui olhando para todos os lados
Mas não podia parar
Procurei por mais alguém
Por entre sombras fantasmas
Que se desenhavam em meu olhar
Ignóbil e torpe
Vi uma silhueta
Não sei se desse planeta
Gritei, chamei
Fugiu
Me deixou de novo só
Entre as sombras
Por onde andei
Um arrepio na alma
Não sei se acordei
Penso que sonhei
Se realidade, não sei
Me cansei
O fato é
Vivenciei
Vi uma silhueta
Não sei se desse planeta
Gritei, chamei
Fugiu
Me deixou de novo só
Entre as sombras
Por onde andei
Despedida
Despeço-me de ti
Sem mágoa nenhuma
Antes grata
Pelas tantas sensações
Se de prazer ou sofrer
Tanto faz
Importa que as vivi
E em mim se eternizaram
Despeço-me de ti
No afã de novas ondas
Que me lavem a alma
E te embasa o inesquecível
Dos momentos propícios
Que a mim dedicou
E por aqui...ficaram
Despeço-me de ti
Admirando teu estilo
Sempre sóbrio e envolvente
E levando comigo
O que de bom me ensinou
E portanto...deixou
Despeço-me de ti
Sabendo que amanhã
Outro dia virá
Independente da presença
Tão abrangente
Que enche de vazio
Mas que esvazia aos poucos
Essa ausência torturante
Despeço-me de ti
Na certeza de que o tempo
Sábio e implacável
Apagará todas as mágoas
Que fez doer no coração
O que julguei ser imutável
Mas no fundo...era apenas o fruto da minha solidão
Despeço-me de ti...assim
Sem mais
Despeço-me de ti
Na certeza de que o tempo
Sábio e implacável
Apagará todas as mágoas
Que fez doer no coração
O que julguei ser imutável
Mas no fundo...era apenas o fruto da minha solidão
Fala meu corpo por mim
Quando se arrepia tal qual poesia
Recitada por seu toque
Que toca a minha pele
Pousada
E virá um tempo
Em que te olharei nos olhos
E só flores verei
Então terá passado a dor
E serei tão somente amor
E não mais haverá tristeza
E poderemos caminhar
De mãos dadas
Rumo a eternidade
De um amor sem fim
E virá um tempo
Em que serei teu ombro amigo
E os braços que te abraçam
Cada vez que teu porvir
Gritar por mim
E não mais serei grilhões
Da liberdade explícita
Que exala do teu ser
De ser sem pertencer
E virá um tempo
Em que aprenderei a te amar
Como ama a flor ao beija-flor
Sabendo que no final do seu voo
Será nela que irá pousar
E esse tempo
Ainda que tardio
Chegará...
E virá um tempo
Em que te olharei nos olhos
E só flores verei
Então terá passado a dor
E serei tão somente amor
Plantada
Que tanto tempo é esse
Que os dias tão lentamente passam
E o tédio parece morar em mim
E falta a paciência
E sobra a ansiedade
Por não ver passar o tempo
E germinar somente
Tal qual semente plantada
Espero o desabrochar
Entre as ervas daninhas
Que talvez seja (uma) eu mesma
Vem a chuva
Vem o sol
O frio
O calor
Passam dias
Meses
Anos
E eu ali
Esperando
O tempo
Incólume
Onde estão os frutos
Os amores
Os amigos
As danças
As ruas
A vida
O espelho na parede
O reflexo impávido
Um assombro sem reflexão
Uma certeza
O fato
Percepção tardia
Esse tempo que não passa
Voa
E não volta mais
The end
Sofro
Não por ti
Mas por mim
Que insisto em querer
O que nunca hei de ter
Sinto
Não por mim
Mas por ti
Que vai sofrer
Sem nada eu poder fazer
Choro
Por nós
Que não vivemos
O que tivemos
E deixamos ir
Por covardia
Lamento
O seu silêncio
Contido
Nem tão sentido
Talvez divertido
De quem brincou
De amar
Sem nunca se dar
Findo
O que me mata
Antes que morra
E nada mais
Eu tenha a rabiscar
Poesia calada
Virás me abraçar
Inevitavelmente, virás
Talvez seja na noite
Ou mesmo no dia
Mas ainda que sem aviso
Chegarás
E me tomarás em teus braços
Num aconchego fatal
Sem lástimas ou soluços
Deixando fluir apenas
Uma lágrima sorriso
Do partir silencioso
Virás resoluta
Sabendo me encontrar
E para onde levar
Toda a poesia calada
Que de mim não saiu
As palavras guardadas
As tantas que fiz
Ressoarão no ar
E se perpetuarão
Nos olhos que as lerem
Quando mais não me virem
No abraço que virá
Serei então eu
A poesia calada
Por vezes declamada
Certa da hora chegada
De noite ou de dia
Virás resoluta
Sabendo me encontrar
E para onde levar
Toda a poesia calada
Que de mim não saiu
As palavras guardadas
Mistura de almas
Passo por mim sem reconhecer
O ser que sou, ou penso ser
Me fito atônita
Sou eu ou é você
Esse ser...
Me confundo no você
Que mora em mim
Sabendo que sou eu
Esse estranho você...
Agora vem
Essa alma pendida
Gritar fora do corpo
Que uma outra alma
Toma-lhe o espaço...
Embaralha o pensamento
Mistura de almas
O "eu" e o "você"
Vai saber
Quem é quem...
Em meio à aflição
Vivem almas conflitantes
Dispersas de objetivos
Em nada comuns...
Busco em vão
Saber de mim
Se sou eu ou se você
De fato quem sou
A espera
Era para ser apenas uma brincadeira, mas o destino, como quem quer brincar também,
resolveu interferir e revirou tudo sem se preocupar com as consequências.
Uma teia, um amaranhado...e ela lá, cada vez mais se embrenhando, sem sentir
o perigo rondando.
Não teve nunca a intenção de machucar, ou mesmo de iludir. Só queria mesmo se divertir.
O mal estava feito, mas ela não percebeu. Embora como que por intuição, se aproximou
mais e mais do precipício. Deixou-se envolver e ladeira abaixo mergulhou, crente estar segura...
Nada mais importava, só o fato de alcançar o objetivo da sua loucura. A meta desejada e
insanamente buscada. Não percebia que o lume era lodo e que cada vez mais a arrastava
às profundezas sem deixar possibilidade de voltar. E ela mergulhava cada vez mais fundo...
A teia ser formou, asfixiou. O ar já rarefeito, faltando cada vez mais...pediu a Santa que
a aliviasse. Fez novena, rezou o terço, se ajoelhou, implorou, chorou. Mas a Santa não
a ouvia...parecia surda, ou quem sabe ouvia apenas quem sabe rezar (não era o seu caso).
A noite, que antes se fazia clara e com luar, agora se faz negra e fria. O ar, que faz falta aos
pulmões, também negros e doloridos, é fétido e escasso.
Ela clama pela morte. Chama-a a todo instante, não suporta as dores. As teias a prende
com tanta força...enforcam, faz doer e doer e doer...se ao menos pudesse dar fim a tudo...
Uma bala na cabeça, um veneno fulminante, um suicídio honroso...ainda não. O tempo
não para, e a mãe espera dela, mesmo sabendo que já não pode dar o que precisa.
O poço é profundo. A luz não existe, só a escuridão...as vozes que ouve são de seres
nefastos induzindo-a à morte. Ela vai indo...mais e mais...se afundando na lama fétida.
Não precisa mais de mão alguma. Sabe se matar sozinha...mas ainda não pode ser
agora. Alguém, que também se vai (para o céu), tenta desesperadamente ficar, na mera
e vã esperança de acender a luz nos olhos dela. Tenta em vão mostrar que o túnel pode
acabar e o sol surgir.E nessas mãos entrelaçadas, da morte boa com a morte má, o destino
vai brincando enquanto elas não chegam.
A mãe, fragilizada e caquética, carrega com galhardia o peso nos ombros da filha mergulhada
nas teias que teceu e que agora não sabe se desvencilhar. Esperam pela morte que teima em não
chegar. Esperam unidas pelo fim amargo que hão de as separar num outro plano.
....pediu a Santa que
a aliviasse. Fez novena, rezou o terço, se ajoelhou, implorou, chorou. Mas a Santa não
a ouvia...parecia surda, ou quem sabe ouvia apenas quem sabe rezar (não era o seu caso).
De bandeja
Rasgo minhas veias
Em palavras natimortas
Sujas do sangue
Esvaído do coração
Abruptamente parado
Seco
Mero músculo sem vida
Servido na bandeja
Da morte
Parou no sinal vermelho
Não pulsa mais
De nada serve
Talvez ainda seja possível
Servir de alimento
Aos cães vadios
Que rondam esfomeados
A bandeja vermelha
Com o coração parado
Servido
Ela
Ela virá
E me abraçará
Com seus braços longos
Num abraço final
Estou esperando
Sei que virá
E irei sorrindo
Para onde ela me levar
Chamo e clamo
Todos os dias
Por ela
Que se faz de rogada
E adia sua chegada
Mas sei que virá
Para me buscar
Não vai demorar
Já ouço seus sinais
Já sinto seu cheiro
Ela virá
E me levará
Chamo e clamo
Todos os dias
Por ela
Que se faz de rogada
E adia sua chegada
Mas sei que virá
Para me buscar
Não vai demorar