Nana Calorina
Misturava-se entre as pessoas. Achava que quanto mais camuflada, e escondida estivesse, o amor não a encontraria.
Ando bem nostálgico. Larguei o emprego a poucos dias. Penso em viajar, recomeçar tudo sem você. Talvez consiga, ser de novo, enfim feliz. Me distanciei das pessoas, ando bastante solitário. Não faço barba, sempre mancho a camisa de café. Voltei a fumar também. As vezes bebo, nesses domingos monótonos, deito no chão e me sufoco de tédio, nostalgias, saudades e porres. Não sei se consigo continuar. Tá bem díficil. A propósito, eu morri ontem. Por dentro. Apodreci, congelei, sequei de vez.
É como se você me conhecesse melhor do que eu jamais me conheci. Eu amo como você consegue descrever todos os pedaços de mim.
Eu sou mal-humorada, bagunceira, eu fico incansável, e não faz sentido como você parece nunca se preocupar. Quando eu estou brava, você escuta. Me fazer feliz é a sua missão e você não vai parar até que eu esteja aí. Eu caio, às vezes eu caio tão rápido e quando atinjo o fundo do poço, você é tudo que eu tenho.
Como você sabe tudo que estou prestes a dizer? Eu sou tão óbvia? Espero que isto nunca se apague.
Acontece que me acostumo com as coisas muito fácil. Está ruim? Depois passa. Está complicado? Daqui a pouco resolve. Está feliz? Deixa estar. Está difícil? Fazer o que, é a vida.
Todo dia eu acordo e já não realmente importa se agora é a faculdade o que antes era a escola. Continua sendo sempre a mesma coisa, o mesmo dia. Se por descaso ou por faltas, as notas não vão bem, em casa não faz diferença, ninguém espera que eu vá mais além.
Eu não entendo esse vazio tão cheio, a agonia da falta de não ter. E eu não sinto e não entendo o meu presente. Não quero aquilo que não posso escolher.
Minha mãe, sempre ocupada, só me encontra quando vai fazer as unhas ou o cabelo no salão. E o meu pai acha que se eu tivesse nascido homem, o estudo importaria bem mais do que a boa educação. E a empregada acha estranho minha maneira de conversar, mas sabe que é só com ela que eu sou sincera ao falar.
No fim de semana quando eu saio, eu procuro coisas novas. Novas drogas, novos homens, pra tentar me fazer sentir. E quando já é de manhã, e eu volto pra casa, não há nada além de lágrimas, não há palavras pra exprimir. Então eu choro, choro e tento entender o que acontece... Mas eu não entendo.
(Adap. Madalena - Unidade Imaginária)
Precisamos de mulheres ou homens mais autoconfiantes e determinadas(os), que saibam respeitar o nosso espaço e entender que isso é necessário para um relacionamento ser saudável.
Sinto-me como um pássaro dentro de uma gaiola. Um pássaro infeliz, que se limita em usar suas asas para voar em menos de um metro quadrado. Um pássaro que sente vontade de fugir da gaiola e conhecer novos lugares, novos pássaros, novos horizontes. Mas algo ou alguém sempre me impede. Talvez, quando me soltarem da gaiola eu não me acostume com o novo ambiente e me tranque de novo. Ou melhor, eu me acostumaria. Fácil! E voaria para longe, bem longe, para que não tentassem me trancar de novo naquela velha gaiola. Mas enquanto isso ainda estou aqui sonhando em voar. Mesmo sem ter asas.
Hoje é um daqueles dias reservados apenas para a minha individualidade. Dia do qual tudo o que eu quero é ficar na cama até as 14h, levantar para tomar uma xícara de café, ligar o som alto e pensar na vida sem ninguém pra me atrapalhar. Passar o dia inteiro com uma roupa velha e aproveitar para mudar esse branco sujo e velho da parede por uma cor que me dê vontade de viver. Depois de tocar violão por horas, deitar na rede e ler um livro, observando as nuvens enquanto troco de página. Hoje é um daqueles dias em que a única pessoa que eu quero ver e conversar, é aquela que eu vejo quando olho no espelho.
Ele não é muito bonito mas dá para o gasto. Dá para andar de mãos dadas na rua, dar beijo na boca e chamar de meu amor.
Leia as entrelinhas, eu raramente serei direita. Serei direta quando estiver cansada das tantas vezes que escrevi nos rodapés, soltei um olhar, uma frase, um sorriso e você viu normalidade. Leia as entrelinhas!
Por mais que eu tenha orgulho de ser quem eu sou, por mais que eu ache a solidão totalmente agradável e por vezes, até acolhedora, por mais que eu tenha criado um mundo em minha mente e pessoas irreais, de vez em quando, em noites em que o cigarro e a música não bastam, eu imploro por companhia de alguém real.
Carrego uma sede de liberdade. Não aguento mais essa espera contínua para viver, existir cansa. A vida é efêmera. Em um piscar de olhos já não estarei mais aqui. E levarei comigo apenas um conjunto de decepções e sonhos jogados no lixo. Os carregarei comigo até o túmulo, junto com a certeza de que tive uma vida desperdiçada.