NaNa Caê
Erga a cabeça seu asno
Você consegue ser melhor do que isso aí
Se defenda de forma mais agressiva
Planeje minuciosamente suas brigas
Mate logo quem tentar lhe agredir
Quem parou o relógio?
Agora estressei
A manhã não passa
Os minutos parecem ainda dormir
Levante rapaz!
Não desista
Gire os ponteiros
Bote as horas pra correr com a própria mão
O que é isso garoto!?
Reanima!
Ficou louco?
Biruta da vida?
Ainda existe salvação
Mentalize
Exercite
Há uma saída
Corra
Fuja com sua imaginação
Foi preciso que a chuva caísse
Despencasse
Atingisse sua cabeça
Encharcasse as roupas
Amarrotasse o coração
É velhice? Crendice de terceira idade mental?
Não sei rapaz.
Apenas sinto que já não penso mais em partir
tudo sempre pareceu um enorme quebra cabeça em que eu tinha que parar pra pegar peça por peça, tocar, analisar. E todos sempre falavam que eu era a pura indecisão, como se minha alma fosse confusa, mas não amigo. Acho que o problema é que penso demais e logo tenho trilhares de soluções.
Não é apenas a paixão que me prende por inteira, por que sim, eu confesso, sou uma pessoa por completo de sentimentos. Basta apenas saber me decifrar, se no momento é amor ou ódio. E em mim eles sempre me perturbam tanto não é?
E não há nada pior do que o pós-surto, por que surgem as conclusões. E meu deus, por que diabos nesse momento o pé vai mais fundo no acelerador? A mente corre mais ainda! Você ri, sim, ri por que se lembra que um dia antes chorou desesperadamente. E aquilo agora parece tão ridículo não? As coisas parecem tão simples nesse momento.
Considere isso um pós-surto.
Você sabe que todas as pessoas possuem defeitos, ou pelo menos as que você se envolveu sempre tinham algum pra te aporrinhar.
Era o jeito ridículo de pentear o cabelo, os excessos de gírias, ou a total falta delas deixando o ambiente com um grande peso formal. Era o perfume muito doce ou a personalidade amarga demais. Os pais que te odiavam, ou aqueles que não calavam a boca um minuto sequer.
Então você para, olha, analisa, por que sim você ainda não perdeu essa mania horrorosa de analisar. E pela única vez, em uma única pessoa, você não vê nada.
Poderia ser uma questão de estilo
Necessidade para atingir o ápice da escrita
Entender a atmosfera intelectual
Entretanto cigarros e sorrisos
Não parecem se equilibrar na mesma boca
Pelo menos não na minha
Ser fumante deve-se a uma questão de humor
Planejo displicentemente
Em breve
A mudança
Para o cômodo
Cinza afável
De paredes aguadas
Bem calmas
Trancafiadas por uma porta
De ferro
Frio
Onde vejo colado o seguinte adesivo:
Sorria. você não está fumando.
Nuvens Me Frustram
.
Hoje a observei se afastar
Lentamente
De mim
Parecia maior
Melhor
Do que eu
Não fez questão de correr
Ou se esconder
Foi devagar
Sem pressa
Branda
E a cada movimento
Percebia suas mudanças
Quando a vi de longe
Já não era a mesma
Quase não a reconheci
Sei que quando se afasta
Troca as roupas
Sobe degraus
Pula
De olhos abertos
Sem rede
Finge voar
Enquanto na verdade corre
No ar
O risco do trapezista
Não me venha com falsa metassíncrise cerebral
Equilibrar agora rapaz?
Justo a mente?
As idéias?
Pegue o guarda chuva
Que segura na mão direita
E o faça de estranho-chapéu
Da corda onde finge pisar
Não se desatine
A enrole logo no pescoço
Faça dela teu punhal
Assim talvez exista um maior sentido
Menos palco
Picadeiro
Palhaços consternados
Observando sua queda
Transbordando sorrisos de gratidão
Ponha-se em teu lugar!
Seu falso equilibrista...
Entre espectros
Respirações lentas
Luzes baixas
Paredes beges
Desfoques
Entre sonhos
Lençóis
Mordidas fracas
Beijos
Mesmo que modernos
Coesão
Muito contato
Não longínquo
Mas próximo
Intra
De sentimentos
Palavras
Sensações
Mesmo no escuro
De olhos fechados
Consegue-se enxergar
Vê amor
Já não é necessário
Como antigamente
Esfregar as mãos contra o rosto
Tentar nitidez
Forçar a visão
Tudo se apresenta bem claro agora
Agora me parecem tão cômicas suas mentiras sobre uma tal fertilidade precisa, oferecida claro por você, lógico só para mim, eu uma planta pequenina que sem auxílio morreria á míngua , aprenderia a ser grande apenas sendo sua aprendiz.
Ah, mas não me venhas com idéias minimalistas de paisagismos, ou jardins. Não serei colocada em canteiros, transportada de cidades em cidades, em caminhões abafados, presa em um falso pote que na verdade não passa de embalagem velha, de sorvete napolitano, que por muitos meses abrigava eram fedidos feijões, esquecidos, no fundo do seu congelador. Menos garota, não force a situação tanto assim.
Dos dentes, sem mordaças, firmes, fortes, retilíneos, não deixando sair nada, fazendo da boca prisão.
E são também os ódios, fracassos, seqüelas, não invisíveis, mas transparentes, não entendemos como se dá a sua forma, não a vemos, mas sentimos seus traços que gritam, nos traçam por inteiro, com sua presença, e confissões.