NaNa Caê
A cabeça dói
Não pelas pancadas de ontem
Nos degraus
Mas pela pressão
Que o excesso de pensamentos
Exerce sobre a vida
Se bebesse daquele jeito
Todos os dias
Não se sentiria tão pior
O mundo giraria ferozmente
Bambiaria suas pernas
Enganaria os seus pés
Ganharia a falsa sensação
De que caminha para frente
Ainda sai do lugar
As decisões
Pesam como chumbo
Nas sacolas que amarrei
Com corda firme
Aqui
Em meu pescoço
E os nós de tão cegos
Não podem mais pra nenhum lado olhar
Não enxergam então quais amarras são as frouxa
As vezes bate um vazio
Mentira
Na verdade o vazio que bate em mim
E não há nenhuma técnica marcial
Que me faça revidar
Não com a tamanha força que ele me atacou
E eu lembro de tudo
Porque sou apenas uma pseudo desmemoriada
Que finge esquecer coisas
Só pra não sofrer descaradamente
Na frente de certas pessoas
O tempo é uma vassoura
Velha
De palha
Que leva pensamentos e acontecimentos
Bons e ruins
E às vezes é preciso se transformar em bruxa
Mesmo que seja a ponto de desvanecer
É necessário subir nesse veículo de madeira
E sumir pelos ares
Essas coisas que te agradam
Também podem te machucar
Desça do muro
Saia daí antes que caia
E seja tarde demais
Estou disfarçando...
Mas não espere que eu me torne seu palhaço
Te vigie dos tão previsíveis percalços
Não pense que vou ficar no chão
Olhando para você
Sentada
Esperando suas quedas
De braços abertos
Só pra te acolher
Mostrando a Cara
.
Contradição forçada á minha ruína
Não possuo mil faces
Apenas uma ilusão
Jogo meu jogo
Sigo minhas regras
Sem nenhuma antemão
Apenas um depravado egoísmo
Promovendo desejos
Ironizando meu coração
A expectativa só se transforma
Em desapontamento
Então prefira nem tentar
A sensação está começando a voltar
Estamos ficando mais velhos
Por que as pessoas acham que a vida pública
Mostra como é a vida particular?
Não mostra nada!
Ela esconde tudo.
A cama
Sem lençol
A agonia
Da espera não desejada
Todos ficaram em minha casa
Mas eu não estive ali
O medo do pesar sublimando a mente
Mente
Engana
Mas não volta mais aqui
Só
Porque quer
Só
Por que não vem
A saudade me mostra de fato como aperta-se um coração.
Só
Você está aí
Só
Por que não está aqui
A distância me mostra como é massacrante sentir saudade
O ser de cor aguada
Saudade insana
Criou o câncer nas palavras
Elas então agora se multiplicam
Loucamente
Como o produto da reação
Do sentir
A pressa me domou baby...
Com rédeas almofadadas e curtas
Quanto mais ela puxa
Enforca
Sinto um grande conforto
Corro
Gosto
Fecho os olhos de tanto rir
Meio boba
Por completo feliz
Indo apenas em sua direção
Tenho que dar um puxão de orelha é nas palavras
Soltas
Se espremendo
Empurrando
Uma a Uma
Em água corrente
Afogo-me
Mais e mais
Bem aos poucos
Só eu sei como esse líquido de rimas incomoda.