NaNa Caê
Mostrando Garras Bem Curtas
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Esgueiro pelos cantos
Fingindo ser arisca
Atenta o bastante pra não cair em nenhuma mão
Fico ao seu lado pela comida
A casa
A cama
Os movimentos tranquilos
Você sai
Viro fera
Bicho
Bicha
Quando estou feliz
Pulo pelas paredes
Subo no sofá
Me enrolo
Não estrago as cortinas
Passo por cima dos livros
Os admiro
Tanto quanto
A noite
A poesia
As inúmeras palavras bonitas
Ainda mais quando ditas
Entre sarcasmos e ironias
E uso de tantas artimanhas ...
Roçadas do meu pêlo
E pedidos de cafuné
Gosto de água
Não bebo leite
Odeio peixe
Diferente
Sofro
Me mato quase todos os dias
Achando que sou um quase-gato
Que possuo bem mais que 7 vidas
Por favor
Tente aí
Faça um esforço pra mim
Desperte essa loucura
Ou transforme essa pobre menina
Que se acha tão esperta
Num felino
E não em uma mulher
O essencial você insiste em chutar para os cantos.
Espera que minhas decisões escorram
Sumam pelos buracos
Que eu sem querer fiz no azulejo
De tanto bater os pés no chão
Tentando me proteger
Não sei garoto, não sei de você, dos teus amigos
Dos seus livros de cabeceira fracos
Discos quebrados, arranhados
Alguns escondidos no fundo da gaveta
Só pra ninguém ver o seu passado
Do que já gostou
Quer ajuda mútua ??
Vá a algum grupo
Daqueles que marcam encontros
Uma, duas vezes por semana
Tenho certeza que vai gostar
Eles sempre fazem rodinhas
Cada um com o seu pequeno tempo pra falar
A tal da dinâmica dos 3 minutos que odeio
Eu cansei
Cansei de responder perguntas
Que eu mau paro pra prestar atenção, escutar.
Cansei de dar explicações
De dores, remédios, rumores
De loucuras
Dos idiotas que freqüentemente me perseguem
argh.
Hoje não estou pra poemas garoto
Rimas
Muito menos pra você
Infelizmente sinto dizer que agora não enxergo ninguém .
Junto com as falhas de caráter
Aposentei meus óculos e o amor
Veja o passado como sustentador
Último
Da única esperança
Legitimada
Amada
Busque acreditar que o presente deve ser conduzido
Igual a uma criança
Ingênua
Enganada
Levada pela mão
Para tomar vacina
Receber a salvação
Se controle fosse de fácil posse
Erros subitamente diminuiriam
Aprenda a ser flexível
Enquanto podam suas hastes
Aumentam minhas mentiras
Eles só querem te empurrar
Para as vertigens meu bem
Eles só querem te usar
Como escape para as fofocas
E eu não tenho mais forças pra caminhar
Até o banheiro
Ir e voltar
Nesse vai e vem
Sem parar
Só pra encher baldes e mais baldes de água
Do chuveiro
Só pra jogar na sua cara
Pra ver se você acorda
E vê
Que inteligência não lhe da como brinde ausência de ingenuidade
Se você joga pro alto as nuances
Eu prendo na terra os desejos
Não importa o desenho
Filme
Cidade
Com ou sem ar gelado
Em meu plano moderno
Tudo é válido
Que o oco me tinja de branco
Da mente aos pés
Por que já não posso mais forçar
Assim
Todo esse azul
Em mim
Tenho falado tão pouco
Que automaticamente dou espaço pra você
Ocupar
Meus rabiscos
Sangue
E poros
Toda dimensão
Predisposições me atacam
Por todos os lados
Tédios me cercam
Até eu tomar todos os frascos
Forçar
Fome
Sono
Bem estar
Desligada
A paz
Luz
E o celular
Não preciso de níveis desregulados baby
Quero apenas nos igualar
Á nossa estranha diferente semelhança
Eu sei onde errei
Hora exata e lugar
Foi naquele pedestal
Quando te coloquei em meus ombros
Só pra você subir lá
Aquelas máscaras me faziam sentir
Estar na festa de fevereiro baby
E eu odeio carnaval
Foi-se o tempo de me forçar
Enquanto os outros me dão planos felizes
Concretos
Casa, comida e roupa lavada
No máximo com pequenos problemas
Ciúmes
Você me ama
E eu te amo também
Quero muito botar fogo nesse circo
Em toda essa palhaçada que eles fazem por aí
Mas tenho medo que as faíscas te atinjam também
Não se trata de estranheza entre nós
É apenas uma incontrolável compatibilidade
Somos assim
A pior mistura
Aquela
Bem explosiva
Que da ressaca
Dor de cabeça
Sempre
No dia seguinte
Hei de assumir que você comigo brincou
De queimada
E de fato me marcou
Atingiu
Tão forte que alcançou os órgãos
Adentrou por todo meu corpo
Com aquela felicidade que lançou
Seca
Sorrindo
Como se tivesse nas mãos uma assassina arma
De mira e vontades certeiras
Não sei onde preciso te colocar
No coração você forçou tanto a entrada
Que a tranca quebrou
E agora você me liga assim
Irritada
Esbravejando
Gritando
Enquanto balança a inútil chave na mão
Só um aviso:
Você não está presa
Não está do lado de dentro
Se quiser é só ir
Fingir que vai pra mais uma de suas caminhadas
Focar em outra direção
E partir
Faça da poesia a constante inquilina de sua casa
Não cobre dela nada
Aluguel
Taxa de luz ou água
Apenas a deixe avontade
Entre na onda da simbiose
Literária
Amorosa
Carnal
Não se afogue em preconceito
Ignorância
Na aceitação só do que classifica ser normal
Pegue sua prancha
Essa que você não tira debaixo do braço
E saia da areia
Pule pra água
Se encharque
Deixe a cabeça molhar
Quem sabe assim não brota algo mais daí?