NaNa Caê
Não Sou Manuel
.
Chega
Já deu
Não sou Manuel Bandeira mas vou-me embora ...
Aqui despedaço
Trituro
Remouo
Firo Junto ao sol
As lembranças também fritam
Tenho pelo menos 3 queimaduras
De terceiro grau
Sempre existiu tanta aversão pelo fogo...
Não há por que isso permitir
Ficar tanto tempo nesse calor
Volto pra onde nasci
Troco de lugar
De pele
A cor do cabelo
E o endereço
Quem sabe assim eu não consigo fugir
Das lembranças daquilo que eu tanto persegui ?
As vezes o capitalismo é colocado de lado
Sem que aja uma percepção imediata
Mesmo que ilusoriamente a motivação inicial seja
o próprio dinheiro
Ela cuspiu pela janela
Molhou todo vidro
Escorreu pelo canto da boca
Limpou com os dedos
E depois deu a mão para seu pai
Pronto
Amor selado
E o ponto chegou
É melhor que eles tenham pressa
É melhor que eles desçam logo
Por que o motorista...
Corre que nem o tempo
Acelera junto com as horas
Atendendo a Pedidos
.
Sempre inúmeros problemas de memória
Agora não pode ser tão diferente
Ela vai falhar
Vai me ajudar
Vou esquecer
Tem que parar
Por que dizem por aí que tudo é psicológico
Dor
Fome
Calor
Frio
Por que não o amor ?!
Vou guardar
Esconder
As folhas
Blusas
Alquimias
Flores secas
Tampinhas de cerveja
E por fim a escova vermelha
No fundo
Da caixa
Lacrada
Sufocada
Para que não grite
Perturbe
Destrua duas vidas como um furacão
Reerga-se Rapaz !
.
Peque
Pequeno
Príncipe
Por que depois
Não importa o tempo que passe
Seu nome ainda será Maquiavel
Na escola dos babacas
Aprendi a ser confusa
Pior
Desenvolvi o maldito costume de ser idiota
A simplicidade me ensinaram a detestar
Por isso complico
Problematizo
Sem ao menos me atentar
O que é certo pra você
Detesto
Já seu erro
Me enche de orgulho
Desculpe
Não se trata de maldade
Filha da putagem
Ou falta de caráter
Não sou sacana
Muito menos boa samaritana
Apenas nasci assim com essa alma do avesso
Asfalto Entre Nós
.
Você sente
Transcende
Odeia
Muda de opinião
Escuta paredes
Abraça travesseiros
Mastiga promessas
Não dorme na escuridão
Se eu fosse sem avisar
Você não morreria
Na verdade nem se atentaria
A nada
A qualquer partida
Ou chegada
Você fechou tanto os olhos
Que eles quase acreditam ser assim
Cegos
Você mudou tanto o olhar
Que não me reconheceria
Nem a um palmo do seu nariz
O que eu diria a quilômetros de distância
Pano de Chão
.
As fibras
Entrelaçadas
Intensas
Tão juntas que não há vazio
Me contentaria em ser esse tecido
Importa qual cor teria?
Não
Com certeza a luz como mandante
Me definiria
Em cada tom
Sombreado
Assim as cenas não teriam que ser criadas
Planejadas
Os sentidos não precisariam ter tanto sentido assim
Tanta razão
Não responde
Não pergunta
Parece apenas inspirar
Todo som
Toda idéia que flutua pelo ar
Pelo chão
Vagueia na mente
Clareia o coração
Pinta a elegância
Na narrativa dos gêneros
Conta as essências
Nos dedos de apenas uma mão
Escreve na delicadeza o que falta
Procura nos vizinhos
O que esconde em seu porão
Se os sentimentos fossem base para qualquer construção
Nenhuma casa estaria de pé
Nenhum edifício existiria
No Recreio
.
Falaram-me de lanches
De uma fila cotidiana
Encontro de olhares
Arrisquei
Me expus mais
Cogitei maior
Tirei os olhares e coloquei vidas no lugar
Eu compreendi
Não apenas pelo fato em si de entender
Entendi por que pensava o mesmo
Sentia igual
Confesso meu ódio mortal
Esperar
Mas não me importei
Estava ali todos dias
Aguardando por um lanche frio
Esperando a tal troca
Não a do dinheiro pela ficha
Ou da ficha pelo salgado
Mas a do saber da existência
Ela Que Me Aguarde ...
.
Hoje acordei perigosa
Ácida
Rancorosa
A ironia na certa vai me perseguir
Durante todo esse dia
Que seja
Amanhã vou eu atrás dela
Só pra descontar
Me vingar
Não que isso me faça bem
Estou agora leve
Sem placas
Cantadas baratas
Ou listas
Apenas com o saber de uma resposta não tão feliz
Podendo ser dita em até
Mais de 3 línguas
Jogue a Moeda
.
Ontem perdi pontos
Quase abandonei o jogo
E as regras que criei pra mim
No final
Parei
Respirei
E Lembrei
De algo que nunca posso deixar pra trás
De como é essencial manter uma linha
Dominar privilégios
Tirar proveito
Tanto da sorte quanto do azar
Fake do Coração
.
A mente engana
Assim como prostitutas
Mágicos, palhaços
Ruas sem saída
Burgueses pseudo ideologistas
Espera em sala de dentista
Horário de verão
Já o outro ...
Casado com o amor
Amigo da paixão
Pulsa
Enlouquece em diferentes marchas
Lentas e rápidas
Não vê certos intuitos
Depois
Pra finalizar
Finge que não faz parte de mim
A arte está no risco de saber se perder
Por entre as palavras
Figuras
Orações
O risco se encontra na dinâmica
De permitir encontrar-se na arte
Eu me retiro
Saio antes que acabem comigo
Inventem mais
Falta tanta poesia em sua contestação
Que quase morro de frio
Nesse calor
Pode ir...
As bolhas de sono estão prontas
Pra explodir
Agora
Na hora marcada
Ou também na não esperada
Quase uma mentira
.
Sabe a tal força dos dizeres?
Pois é ...
Só tenho domínio sobre ela
Quando não quero perder algo
Ou pretendo atingir alguém
Não que esse baque seja planejado
Doloroso
Se bem que quando alguém entra em coma
E fica tempos sem se mexer
Até levantar a sobrancelha dói
Então desminto
Deve machucar mesmo
As palavras que quase nunca são ditas
Aparecerem
Assim
Quase que do nada
Com tanta precisão
Surpresa no Real Conhecer
.
Mudanças drásticas perturbam
Nem que seja por um curto
Tempo
Ou descaso
Do acontecido
A verdade que você pensava
No momento
Eu a quebro
E também te parto ao meio
É mais fácil conviver e crer em previsões ?
Pra mim isso não funciona
Adoro pré-julgamentos
A baboseira de discriminar livros só pela capa
Que tamanho é documento
Olhares disfarçados
Distorções além dos fatos
Me interessa realmente surpreender mentes alheias
Exercício de Terça
.
Como se o tempo tivesse o peso de quinhentas pedras
Todas nas costas
Cansando
E deixando-o ofegante
Olha lentamente pra ela
-Está terminando mesmo comigo ? - Sussurra nervoso
-Sim, mas não é por maldade ou vingança.
Apenas não aguento mais e sei que você também não
-Tudo bem, você tem razão. Vamos deixar as pedras no chão.
Psico Espera
.
A cadeira
Com quase 60 centímetros
Em cada perna
De cor amadeirada
Servia de suporte para a loucura daquele homem
O relógio
Contava
A pressa das pessoas
Suas caras de afetadas
Não marcava
Horas e minutos
Esse papel ficava para o líquido
Transparente
Frio
E sem gosto
Cada paciente que chegava á sala
Se sentia incomodado com os outros olhares
Refugiavam-se na sede
Iam beber água
Cada virada na boca
Diminuía tudo no galão
Ia surgindo uma história diferente
Que aguardava para ser examinada
Pelo psiquiatra
O estranho senhor da razão
Brancas
Reluzentes
Tentavam passar calma
Mas logo se estressavam
Desistiam
Eram apenas quatro paredes
Fora do Ritmo
.
Eu não quebro tons
Apenas não tenho mais molejo
A ousadia do experimentalismo me deixou
Esqueci como se cria
Se toca
Não me lembro como cantar seu amor
Esqueci como se cria
Se toca
Não sei mais abraçar teu calor
A ausência de ousadia não irá melhorar nada
Mas ela em sua essência e plenitude
Talvez ainda nos ajude a dormir
Passe Por Mim
.
Manda ter amor próprio
Procurar um especialista se for preciso
Chora
Fala do passado
Do fim
Da presente
Constante
Massacrante falta
Os distantes
Fazem perguntas concretas
Mais que diretas
Esperam respostas certas
Mas por que mentem tanto ?
Calo
Viro o rosto
Finjo que não sei
Morto não se meche
Não deve poder
Então como pra não morrer
Respiro pra viver
Vivo pra escrever
Escrevo pra não enlouquecer