Naiana Brum
Não tenho muita experiência na vida, mas de uma coisa eu sei: seu pé corre na direção que sua cabeça deseja.
Eu aprendi a me entregar na medida certa. Isso não quer dizer que eu não vá ficar empolgada ou eufórica, eu vou. Tenho essa alma de menina que gosta de compartilhar com todo mundo o presente novo que ganhou. Só que agora eu sei o momento certo de parar de brincar.
Eu admiro quem se expõe
Quem sofre e puxa o cabelo
Admiro quem perde e grita
Quem sente a dor e sabe sentir
Se joga no chão e chora
Faz cena
Admiro quem sabe ser pra fora
Porque eu sofro pra dentro de mim
E é mil vezes pior
Todo dia esse suicídio
Quando é pra ser é, certo? E quando não é pra ser também não é, meu bem. Pode correr, chorar, babar, subir monte e descer. Orar, rezar, chamar Deus no telefone, telegrama e pombo correio. Quando não é pra ser, apenas não vai ser - e eu nem preciso desejar que dê errado.
Nós falamos de amor quando o coração tem amor pra falar. Mas quando tudo o que se tem é fúria, angústia, amargura e decepção, a gente não fala de amor. Fala o que tem pra falar.
Eu odeio essa minha necessidade de ter que me autoafirmar nas pequenas coisas que eu torno gigantes, pra tentar impressionar gente que não ta nem ai pra mim.
Quem muito jura, mente.
Quem muito exibe, não tem é nada.
Quem muito fala, cava a própria sepultura.
“Essa menina é tão boa que não chora por quase nada. Está sempre por aí com um riso frouxo no rosto semeando paz. É a alma dela que transborda na superfície, de tão boa, de tão linda”.
Hoje eu acordei e não vi pressa em fazer um montão de coisas que me obrigo a fazer diariamente. Percebi que nada precisa tanto assim de mim, que não possa continuar existindo sem mim.
A verdade, é que nos sentimos atraídos, excitados, curiosos sobre o diferente de nós. Achamos que o avesso encaixa melhor, completa no que falta e que assim dá pra levar – até as contrariedades começarem a empatar. Mas só ‘levar’ não é suficiente, talvez, por isso muito par vira ímpar.
Tinha mania de achar que sorte minha ter alguma coisa com você ou com ele. Mas quer saber? Sorte sua. Sorte dos outros 70 e tanto. E sorte de quem tiver a sorte de estar comigo.
Pra cada garota que exibe o corpo e depois reclama que não é respeitada, existe um cara que mostra chave de carro e depois falam que todas as mulheres são interesseiras.
Já cometi muitas injustiças, continuo cometendo e certamente cometerei muitas outras, infelizmente. Embora eu tente ser sempre justa, entendi que é humanamente impossível. E espiritualmente, tenho plena convicção de que uma vez que eu faço com alguém, não posso me queixar quando fazem comigo.
É assustador como todas as histórias da nossa vida nos leva a único desfecho: sempre alimentamos o monstro que vai nos atacar.
Quando você entende que o problema não é ninguém mais além de você mesma, você vai de encontro a razão. E ter razão é ser um pouco infeliz mesmo, mas ta tudo bem. Dentro da minha razão eu encontro aconchego. É preciso corrigir uma coisinha aqui e outra ali, ou talvez uma enorme arrumação, mas vou começar devagarzinho. Descobri o problema: sou como onda - vezes mansa, vezes braba - vou e volto, recuo e avanço. Preciso achar a solução, talvez demore um tempo, talvez aconteça instantaneamente. Por hora, chega de me cortar pra caber em lugares que eu não caibo mais. Pra aprender a construir, tem que desconstruir antes...
E eu sou morada, obra infinita.