Naiana Brum
Não tenho paciência pra amiguinha reclamando dos carinhas errados (e são tantas aspas que preferi não colocar). Fico boba com essas meninas que não se recuperam. São muito mulher pra usar salto 15, encher a cara de meleca e derreter o cérebro com chapinha. E não são mulher pra exercer a qualidade da mulher de verdade. Mas aí aparece um bonachão brincando de ser a pessoa errada pra alguém e a menina desmorona.
As pessoas fazem uma tempestade, sabe. Ninguém tem o dever de ser sincero e escrachado com você, mas você tem total direito e liberdade de escolher se essa pessoa fica ou não por perto. Saber escolher quem anda do nosso lado não pode ser capítulo de drama mexicano. É uma das partes essenciais da vida. Exercício. Não faça disso uma crise. Umas pessoas serão o que você quer e gosta, outras não. Pronto! Agora vira a página e muda o disco.
Algumas pessoas vivem dizendo que amam mas esquecem de se dividir, de proteger, de cuidar. As pessoas andam e esquecem dos sonhos. Correm e esquecem da frente, a preocupação é que atrás vem gente. Só ganancia. As pessoas pisoteiam as outras e esquecem do amor ao próximo, da amizade, da lealdade, da empatia. As pessoas ouvem a música e esquecem de sentir, cantam tudo errado, sentem tudo errado. Não sentem, sei lá. Querem e esquecem de pensar antes, se de fato, vale a pena querer alguma coisa. Certas coisas, não vale nem a pena querer. As pessoas andam trombando nas outras, caminham querendo passar à frente. Só pressa, egoísmo, mentira. As pessoas copiam o texto e esquecem dos créditos do autor. É triste.
Hoje acordei e percebi que sou boa demais pra ficar escondida em casa. Guardada e trancafiada numa bolha. Eu apenas acordei hoje com vontade que o mundo me veja acordar também. Porque, droga, eu sou boa demais! Não posso ser só de mim mesma.
Garotos engraçados, que abordam te fazendo rir, são os preferidos de qualquer mulher. No minuto da piada, você já sabe que o cara tem bom humor, auto confiança e amenidade. Sou fã dos brincalhões.
Se eu soubesse antes, quantas pessoas assistem minha vida na calada do despeito, estaria fazendo dela um belo teatro.
Faço geometria com coisas. Comigo é no papel, com régua e calculadora na mão. Não sei fazer simetria com ninguém. Sou desajeitada, distante e difícil. Não sei lidar com seres humanos.
Tenho pena de quem é só uma pauta. Gente que gosta de ser inventada, reinventada e não se cansa nunca de ser só uma coisa contada.
Muita gente insiste em me achar desaforada. Bom, é verdade que sou mesmo uma explosão de coisas. Não culpo quem prefere não correr o risco.
As pessoas não gostam mais. Passam da indiferença à veneração em questão de dias. Ou não dão a menor chance da pessoa se mostrar, ou criam toneladas de expectativas em cima do outro. Queria entender por que tanto extremismo. Onde foi parar o equilíbrio das coisas?
Acho que o pior são aquelas pessoas que gostam de você platonicamente. Elas criam um mundo de ilusões na cabeça, colocam expectativas em cima daquilo, te mandam meia dúzia de indireta e ficam esperando você adivinhar como se fosse obrigação sua. Faça-me o favor! Não tenho mais tempo e nem idade pra isso. É tão simples: se você gosta, então fala.
É que você tem uma percepção bonita da vida. Gostei das cores, dos sons, das canções e das pessoas e das avenidas e das árvores e dos teus jeitos e dos outros plurais que seu mundo deve ter. Eu gostei tanto que meu mundo vai ficando parecido com o seu também. Gostei do seu mundo igualzinho gosto do meu. E toda vez que visito, olho ele mais bonito e mudo alguma coisa de lugar. É lugar de descanso, de leveza.
Eu não sei resumir nada direito. Cortar, dimunuir, desinserir, reduzir. Nem cabe no meu vocabulário. Sou pessoa de frases inteiras. Preciso de parágrafos, espaço, uma estrutura verbal completa. O que eu falo precisa fazer sentido pra alguém além de mim mesma. Não dá pra eu ficar tirando os excessos toda vez que eu passo um pouco dos limites.
Não me deseje "feliz dia das mulheres". Eu quero que você me deseje sorte no mercado de trabalho, ainda dominado por homens (em pleno fim dos tempos). Quero ser uma profissional tão bem remunerada e reconhecida quanto um homem é. Quero diretorias, presidências e igualdade sexista em ambientes de trabalho e estudo. Como mulher: eu não quero um dia de admiração, eu quero respeito.
O mundo olha pra mim e vê incapacidade, fraqueza, destruição total. Deus olha pra mim e enxerga obra.