Murilo Amati
A raiz do mal é falar e não ouvir o que a própria boca diz. Pra este veneno há dois meio-antídotos: o ignorante calado e o falante auditor.
Não pretendo parecer o primeiro a ter pensado ou escrito isso. Por sua simplicidade, seria impossível. Ainda assim, apesar de óbvio, é preciso ser apontado: perdoar é esquecer.
Se temos fome e passamos por necessidades, não é por miséria de recursos naturais, nem por miséria dos produtos de consumo; é sim pela miséria de seres humanos.
Comprei um tênis novo. Resgatei meu ânimo. Comprar faz bem. É quase uma droga. Você administra pequenas doses, na medida do seu salário.
De que adianta a beleza, se ela passa? A beleza é temporal. Ela sacia o momento. Mas a alma tem gosto pelo infinito, pelo eterno.
O bom debate é aquele em que, ainda que pareça estranho, mesmo sendo um pouco sem sentido, cada um dos debatedores tem a impressão de que o adversário é que estava correto. E talvez, baste apenas consertar um pequeno detalhe para que as duas hipóteses deixem de ser conflitantes e passem a ser uma mesma prerrogativa.
A boa obra de arte é quando a inteligência se expressa de maneira pura através de um encontro com a simplicidade. É quando se faz entender o I usando apenas o pingo.
Nada é melhor na vida do que uma escolha feita por si próprio. Talvez só haja uma coisa melhor do que isso: a oportunidade de recusar aquela escolha que alguém fez por nós.
As pessoas sensatas são aquelas que mantêm mais tempo a boca fechada e os ouvidos abertos. De repente, a vontade desenfreada de criar um papo a qualquer preço pode custar a imagem pública de quem se arrisca. Quem muito fala, dá bom dia a cavalo, já dizia o ditado. Não há nada errado em ser calado. Errado é pensar que se pode falar levianamente.
As ciências não são espaços nos quais os objetos se encontram, mas sim as janelas pelas quais olhamos para dentro da sala em que eles estão.
Ignorância é saber alguma coisa. O saber não pode ser sabido. Saber que não sabe: isso sim é sabedoria.