Múcio Bruck
O Escrivão: Garimpeiro da verdade... Nosso ofício, desde sempre, foi sermos colhedores de verdades, lembra? Não uma verdade qualquer, mas dessas que devolvem paz, sorrisos, que levam nossos desconhecidos e amados iguais, que já caminham na reta final das veredas e férreos trilhos que passam ao largo da reta final de suas estradas, em passos lentos, tomados de uma postura já um "tantin" curvada, trazendo nos cabelos a cor da neve, na voz, a fala coerente e pausada, em baixo e agradecido tom, acenando com sinais de uma esperança enfraquecida, mas um sonho forte de ter de volta certezas de dias de paz, de despertarem a tempo de contemplar a chegada bem vinda do sol, certos de terem valia a cada amanhecer. E quando o sono bater-lhes à porta e fizer pesar-lhes as pestanas dos olhos: que possam distribuir benções e palavras de carinho e ao partir do sol, antes de se entregarem aos "braços de Morfeu", conversarem com o Criador, em preces particulares de gratidão e fé, gastando terços e pedindo pelos que amam e com Ele, terem bons e breves momentos assim, depois de apreciarem estrelas e luares e degustarem um leve alimento! Éramos nós, os escolhidos, donos do dom de renovar esperanças tamanhas, em tantos anciões e mulheres que trazem em si, pesadas bagagens, carregadas de experiências e aprendizados, de alegrias e decepções! Nessa seara, nunca nos coube temores ou faltou-nos tempo para estar com aqueles celerados, que nos vinham silenciosos, vezes, temerosos, desconfiados, quase sempre dissertando mentiras ensaiadas, prontas e guardadas a sete e tantas mil chaves... Esqueciam eles que éramos mestres em descortinar verdades ditas ou ocultadas, mesmo que em culposo silêncio!
Aprendendo com heróis... Houve dia que meus heróis eram como eu e você! Acordavam e iam à luta, construir o que sonhavam e, movidos de coragem e um ideal, optavam seguir sempre em frente... cedo, deixavam o ninho e, com efeito, fazendo o que era preciso ser feito. Meus heróis me foram quase anjos, não desses alados, calados, imortais! Mas daqueles que diziam bobagens, faziam traquinagens, cantavam, atuavam seus mil e muitos personagens. Alçavam voo mundo afora, faziam poses pra fotos, davam autógrafos, se davam ao direito de sorrir. Iam onde queriam e onde deveriam... para minha alegria ou para além da de alguém! Meus heróis eram lindos e frágeis em si e desconheciam o valor de erguerem as próprias guardas. Se entregavam sãos à própria desconstrução... moucos para uma palavra amiga... e, mesmo feridos, se reerguiam e num instante do passante tempo, se deram conta que de si, se restaram ilhados, sem amigos, ante aos malefícios do uso criminoso dos proscritos. Já não se importavam pelo que se tornaram. Mesmo assim, adormecia em suas almas, cada um de meus heróis, carregados de dor pela loucura das opções desnecessárias! Se apagaram inocentes, no auge da fama alcançada. Deixaram marcas e obras e levaram consigo o melhor do próprio legado!
Olhos Atentos...
Voo pelo céu que me se abre
Observo tantas e tantos muitos
Apaixonados, amados, amantes
Certos, errados, em risos, em prantos
Ouço silencioso, segredos e sonhos ditos
Sobrevoo, desencantado, insanas verdades
Ditas, quando uma flor era preciso
Para desfazer impaciências veladas
Tenho olhar aguçado e mente aberta
Em meu voo silencioso e seguro
Sigo observando beijos apressados
Flores e caminhos esquecidos se findando
Tantos amores sendo vencidos
Talhados em propósitos claros
De paixões já não sentidas
Sentimentos sem valia, incertos quereres
Momentos que contam inocentes
Que no início calor havia
E que o vão das geleiras se ocuparam
Em calar de vez o que o outro sentia
Olhos Atentos...
Voo pelo céu que se me abre
Observo tantas e tantos muitos
Apaixonados, amados, amantes
Certos, errados, em risos... em prantos
Ouço silencioso, segredos e sonhos contados
Sobrevoo, desencantado, insanas verdades
Ditas, quando uma flor era preciso
Para desfazer impaciências veladas
Tenho olhar aguçado e mente aberta
Em meu voo liberto, ágil e seguro
Sigo observando beijos apressados
Folhas secas pela senda esquecida
Tantos amores tombados... vencidos
Talhados sem sutis despropósitos
Na busca insana por nomeadas sem mérito
Face a entrega de sentimentos sem valia
Inocentes e reservados, ciciaram momentos
Que no início, em tudo, magia e calor havia
E no vão das paixões já não sentidas
Fez calar de vez, a voz do outro que sentia
Senhora Aparecida...
Chegastes sem hora marcada
Moldada em terracota perfeita, sem pompas
Em duas partes talhadas, em santificados detalhes
Pescada num rio que peixes faltavam
Colhida e bem-vinda em rede lançada
Tempo em que a pátria hino e nem bandeira haviam
Erguida das águas, leve e perfeita, em rede surrada
Foi logo nomeada Mãe Aparecida, Senhora Iluminada
É Ela, em verdade, "valedoura de homens e almas"
Santa protetora dos cristãos de boa fé e coração puro
Que a ela devotam paixão, devoção e esperança
Por fiarem na compaixão, Divindade e misericórdia
Saber viver...
Saber viver é muito simples: envolve sorrir, conhecer as próprias emoções, a saber amar e o quão alto se faz esse valor! É preservar a capacidade de se indignar diante de tudo o que não é certo, é redescobrir em si, sentimentos e emoções um dia sentidos e já perdidas na soma das muitas decepções... em especial, as já esquecidas.
É preservar desejos de bem, é aceitar e respeitar diferenças e ir além, não caminhar na contramão, insistindo mudar o que não pode ser mudado, mesmo que isso custe feridas e desgostos.
Saber viver passa por desaprender a dizer não, diante do sofrimento e necessidade do próximo, porque o que é urgente para um, pode não ser para o outro e ninguém prevê o porvir do próprio amanhã!
Saber viver é muito simples: basta se olhar no espelho e buscar sinais do anjo que lhe habita, é ganhar abraçados agradecidos, é saber que uma despedida nunca traduz um adeus!
Saber viver envolve agir pela acolhida de um pai, mesmo que o seja, é ser irmão, mesmo que nem sempre presente, é conhecer a bravura contida no encanto do lado certo da moeda cuja outra face é o avesso do que é certo, é ter a compreensão exata de cada ato e ação que destaca aqueles que passam pela vida, como expectadores de si mesmos e não como atores, é saborear os dias vividos com a consciência plena de que ser útil ao outro é alimentar a alma com ações simples e prestantes... dessas, que fazem o bem acontecer, mesmo quando a vida insiste, no “entendimento” de muitos, em fiar que dar as costas e ignorar que a realidade do outro e de muitos, não lhes diz respeito e justifica negações com o não se importar com aqueles que da vida incapacitou...
É simples viver, difícil é não compreender, com o passar dos anos, quando se lhe tornou hábito, acumular enganos e se acostumar a mentir para justificar falas ditas àqueles por quem é amado, se soma às desnecessárias e rotineiras patranhas.
É simples viver, difícil é ser levado pelos anos e, num repente, se dar conta de que, aos poucos, incautos ou não, esses seres que se dão por “espertos e vividos”, deixam de serem amados pelos próprios filhos, esposas, amigos e, ao final, só e sem ter com quem contar, não compreendem viver em abandono!
Águas, Minério e Lágrimas...
Eram ondas escuras, águas pesadas
Correnteza que a tudo tomava em abraço
Estagnado e impotente, o povo chorava
Numa mistura de desencanto e dor
Desenfreada, ocupava casas e ruas
Sem pedir licença, levava o que havia
Casas simples, sonhos feitos, vidas a viver
Na passada, rolaram pedras, ferros, esperança e flor
Mães correndo abraçadas aos filhos
Homens simples, confusos, em desespero
Perplexos, ante a desconstrução de um sonho
De uma vida, erguida com suor, fé e devoção
Atitude...
Vivias em companhia de seu agressor
O tempo, confuso, a fez fiar ser amor o temor
Relação conflituosa, fruto de dependência e aceitação
A vida lhe dava sinais de enganos, cárcere e danos
Apaixonada, achou ser emoção o peso da mão
Iletrada, estabeleceu que viver assim era melhor que só
Imperava lhe o silêncio, quando a voz era necessária
Quiçá, por descuido ou por medo da perda
A roda que gira a vida foi sua libertação
Onde havia dor, faltava flor, alento... sobrava ausência
O espelho foi seu melhor amigo... deu voz à sua alma
Enfim, aprendestes: quem ama, também desama!
A Bela de Minha Espera...
Caminhavas em passadas lentas, leves
Vestido de chita, estampas em flores
Cabelos negros, soltos, contra o suave vento
Um quase sorriso desenhado em toque perfeito
Entraste em minha casa, sem cerimônia
Queria, em meu desejo maior, ser nosso
O lar simples, acolhedor, que não a tinha
Ornava lhe o pescoço o crucifixo de sua fé
Um raio de sol, atravessava a janela azul
Em mira certeira em seus olhos amendoados
Olhei-te com admiração, estagnado... sem voz
Eras a surpresa bem vinda, bem quista, inesperada
A pergunta de anos já idos se inquietava em mim
Temia repeti-la, temia sua reação, temia seu não
Já não me era necessário mais que sua presença
Eras minha espera, ausência em eterna presença
A vida respira, segue em frente e alça voo ao infinito, mas só a partir do momento em que não perde a capacidade de proporcionar emoções, de seguir em frente, talhando o próprio destino e quando vivida adornada de desejos de bem!
Lugar comum...
Orgulho-me de trazer em mim o vermelho, o azul, o amarelo
A fé no imortal guardião das águas, do matagal, o frágil labelo
O olhar ladrão, que rouba pra si todo belo que avista sem elo
Em pinçar nos versos do poeta, o amor liberto, sem atropelo
De chorar o mesmo choro do homem, da criança, da mulher
Não importando a razão: só o explodir de cada emoção
Brotada no reencontro da volta ou no lamento da partida
Na decepção inesperada ou na surpresa sentida... agradecida
Orgulho-me dos amigos que a vida escolheu para me presentar
Permitindo que se apossassem de meus sim, de meu bem querer
Da glória, da graça, do compromisso da entrega de um sorriso
Do certo abraço, sem correr o risco de alterar o gosto, o traço
De aprender o que o equívoco me convenceu fiar saber
Do presente invisível e palpável do lumiar recíproco
Das causas e coisas simples, como doar, compartilhar
A felicidade e saber que o lugar de um é na festa do outro
A culpa foi da desatenção...
Madruguei não me sentindo em mim
Não reconheci minhas mãos, meu corpo
Meu olhar, pensamentos e ideias confusas
Nada compunha o que conhecia ser meu eu
Corri à varanda, debrucei-me no parapeito
Olhei em direção do horizonte inda escuro
Recebendo a alvorada e o céu aos poucos
Coloria-se de furta-cor, trazendo o dia
Memórias solapavam lembranças
Cuidadosamente, cuidavam de me confundir
Dos sentidos, sentimentos, emoções ao meu eu
Nada se encaixava no conhecido amar-me
Eras passadas, momentos repetidos se apossavam
Desde meus quereres ao confuso ser que és... fostes
Por instantes eternos, fui presente em desconstrução
E o que ali importava era o início de meu resgate
Demorei a compreender tal incompreensão
Livre, me encontrava ao largo de sua prisão
Tomei posse de meu eu, te encontrei em foto
Sorriso largo, alegria sadia, captada, aprisionada
Ao fundo imponentes, belos e elevados montes
Se descortinavam imóveis, em cores vivas... mistas
Aurora abrandada, distância para onde desejava ir
E fui... em suspiro, alma alada, tomada da graça tua
Deixei por conta da história, vigorar o assenso da euforia
Desejando abraço vivente de um amor extinto, já ido
Que se aceso, inda aflorado, exilado estaria, sem norte
Sem ar, em vagido, ávido de ter havido melhor sorte
Viajar é Preciso...
Minha profissão tem ofício simples:
Juntar, em casamento, alegria e emoção
Mas, que de fácil nada tem... fio que não
Nem todas as sandálias se calçam iguais
Há de se fazer um arranjo aqui, outro ali
Convencer que a não existe o tal desamor
Que viver é compreender sentidos e sinais
Colher aceitações, aceitar: a vida passa mar e amar
Quereres inseguros no desapego cria força
Porque nem tudo é um todo certo, exato
E é no olhar inexato que exploramos o melhor
Entendemos Machado e vendavais “Meirelirantes”
Guimarães, aportou em minha vida, num raro acaso
Trazendo latente, um coração valente, uma roça, batente batido
Ao longo de finita vereda que levava à rangente porteira, odor de café
Sentido já na entrada da casa humilde, num cantinho de Andrequicé
Atravessei à nau, o Cabo da Boa Esperança
Me detive, entre um mar e outro, ali, no Bojador
De onde admirei o céu, a Ursa Maior, as Três Marias
A lua, temente do olhar que dispara flechas de dor
Fui viajante alado em olhos apaixonados
E, não raro, aos avessos, nos mais irados
Jamais disse adeus, porque todo dia um pé de vento
Me leva de volta ao lar, vivo, quieto... em meu tempo
Arco-íris em preto e branco...
Não confunda tristeza com depressão
Tristeza é motivada pelos avessos das alegrias
Como perdas, decepções, desgostos, traições
Então, não faça julgo daquele que se isolou de ti
Ás vezes, nos isolamos até de nós mesmos
E isso não quer dizer que deixamos de sentir amor
De desejar a proximidades, companhia, presenças
Mas é tudo passageiro, as motivações ficam adormecidas
A depressão é diferente, impõe penares jamais sentidos
É uma doença sem medida exata, sem remédio de cura
Apraz a nos prestar à quietude, a nos entregar ao isolamento
Faz de nosso peito o cárcere de todas as dores do mundo
Ah, não confunda tristeza com depressão...
Se não tens a capacidade de discernir tal diferença
Jamais serás capaz de compreender o valor exato
Da existência do outro e isso te tornas dispensável
Não raro, o outro, dependente de seu bem querer
Porém, em teu eu, ele é objeto, fácil de ser esquecido
Porque o abandono que entregas a quem lhe foi útil
Faz de ti, aquele ser de utilidade vã e dispensável
Tristeza é sentimento que passa... pode até voltar
Depressão não, ela impõe todo o sofrimento do mundo
Não trás luz, não permite sorrir, é medo e tédio sem remédio
Nela, morre-se sem valor, amando a vida em estado de dor
Entre ti, amada minha, que foi, é e sempre será e o abismo da solidão acontecida, descortinada no tempo, fruto de teus descuidos e silêncio, me pego morrendo, nos passos em direção ao vão acontecido, em algum momento, entre meu desejo e tuas guardas erguidas... mas, confiante, digo-te:
“Preciso de ti! De teu beijo, de teu abraço, da atenção. Porque doce, é viver a vida sem dor, é não seguir morrendo em passos cegos, nesse solo de incertezas!”
Neste Natal, dou-te papel e pena, desenhe, narre suas melhores lembranças e momentos vividos neste ano que se finda! Escreva frases, poesias, elenque seus planos de realizações futuras... Deixe registrado um pedacinho de sua alma! Verás que, por mais difícil que tenha sido sua caminhada nesse ano que se despede, à sua maneira, fostes um alguém muito especial! Feliz Natal e um Ano Vindouro de Paz, Saúde e Realizações!
Senhor de Minha Paz...
Tua presença, invade, sem cerimônias
Minhas ideias, pele, olhos... corpo inteiro
És meu claro, moreno, negro, são, completo
Rasga-me o céu de minha fé, arrebatando meu eu
Não resisto, pois sou barco em mar seguro
Sou fruto da árvore de copa cuja sombra convida
Ao descanso, aquele que passa e se aquieta
Sedento, cansado, febril, só, em rumo incerto
Sou aprendiz de vosso saber amar o outro
Nada me resta além dos horizontes a alcançar
Nada relego e nem nego, sequer divergências
Mal compreensões, que o tempo há de desanuviar
Basta olhar-te menino e saber que és meu mestre
Meu Senhor, que festeja alegrias, tristezas, até decepções
Me pego tomado de admiração e amor em Tua presença
Pois forjaste-me, cunhando-me em razão e esperança
Amada, pessoa ímpar, guerreira de sorriso largo e pronto... em alegria sincera! Orgulho-me de sabê-la, mesmo que raramente presente fisicamente, em minha vida, que és uma joia rara e que vigora eterna em meu coração! Você que se edificou em mulher honrada e, naturalmente, fez-se empoderada, pujante em amizade fecunda, de caráter singular, dado às atenções e beneficências, viva e latente! Que respira sã em cada seu ato em favor do próximo!
Feliz jornada a cada passo a ser dado, hoje e sempre! Menina única, que a vida tratou de agraciar-nos e ao mundo, com sua existência terna e compromissada com tudo o que trás em si o peso exato, que equilibra o lado da balança que define e determina todo bem... talhada naquele lado da moeda que trás impressa, não só sua face, mas cada fibra de seu coração valente, eternizado, em algum lugar entre o amor de filha e de mãe, seu exemplo de perseverança e força!
1+1=1...
Roubaste-me de mim
Lento e desejosamente
Em fim de noite que abraça a madrugada
Quando as horas, aos poucos, dispersam estrelas
Ali, no quase raiar do dia
Já não sabíamos mais qual corpo
Era parte de mim ou a ti pertencia
A magia somou dois... em único amor
Nossa melhor amiga: gratidão!
Pela vida, pelo encontro... por nós
Pela cumplicidade das marcas
Mudas e ocultas, sãs em nossa paixão
Trespassado...
Já não conto os dias de sua ausência
Dou por certo que nada restou vazio
Sabemos nós que a saudade ainda é boa
E flutua leve, no eu da emoção...
Conta ela, em alegria prestante
Que fomos sim, namorados, não amantes!
Por isso brotam versos falantes
Que viventes, valem mais que diamantes
Olhe só
As lágrima ainda banham lembranças
Afinal, a perda foi por falta de coragem
Não de amor cessante...
O que for pra ser...
Vem andar comigo
Se aquecer ao sol, colher brisa
Trago pra ti, versos em breve poema
E nas mãos, intenções e dilema
Desejo tocar-lhes os cabelos
Provar seus lábios carmim
Sentir o calor de sua pele
De seu atento toque em mim
Ignoro seus já ditos nãos
Afinal, nenhum deles fez crescer
Antes, romperam mar e o vão que havia
No imenso universo de nosso querer
Vem andar comigo
Conhecer rios, veredas... cachoeiras
Migrar dessa estação fria e inglória
Em que nela, sofre e pena nossa história
Deixe o vento tocar-lhe a face
Sinta o olor do orvalho que chora
Temendo que partas e vades embora
Apressando vê-la, na manhã de cada manhã
Quatro coisas que as pessoas deveriam saber e meditar a respeito:
1- Quando você mente àquele que te ama, você corre o risco de não ter mais essa pessoa em sua vida... serás amado por menos um;
2- Nunca confunda Tristeza com Depressão e, acredite, nenhuma e nem outra altera a inteligência e sim a emoção e o humor;
3- Uma mágoa advinda, provocada propositalmente, fere de morte, a alma de quem você magoou, vezes, por motivos fúteis, que, se amor em ti houvesse, não o faria;
4- Uma meia verdade jamais será uma verdade inteira, portanto, se não tens intenção de ser verdadeiro (a), o silencio será sua melhor expressão diante do (a) outro (a).
A viola esta para o violeiro como a poesia para o poeta! Às vezes, acontece: a viola se quebra... a poesia não se completa! Mas não importa dia e hora, ponteada e chorosa, a viola adorna os versos do poeta e nesse estado de arte e entrega, minam emoções: lágrimas que deslizam e abraçam o coração. Quem prova da poesia que chora ao toque da viola, entende como é bom ser tomado pela alegria da alma.
Meu filho, meu algoz...
Meus olhos já não têm o mesmo brilho de antes
Meu corpo, já não é aquele: esbelto, ligeiro, jovial
Dizem, em versos, que sou anjo, por ser mãe
Mãe que sobrevive, apenada, em cárcere meu
Cuida-me um filho que amo, calado, ausente, impaciente
Nada reconheço entre as paredes que afirmam ser meu lar
Não sei dizer a exata cor das paredes de meu quarto
Olho-me no espelho... não sei dizer quem ali se reflete
Sigo os dias a velar as horas, ao pé de uma janela vazia
Horas e dias que passam sem me notar, sem nada contar
Durmo e acordo em desalento, tendo ao alcance leite e água
Deixados pelo filho, que, por vezes, soturnamente me visita
Adormece em mim, a razão, quereres... incompreensões
Me fogem lembranças, desaprendi a me amar, a sorrir
Convivo com meus temores, meus fantasmas, meu eu
Temo a chegada do filho que amo e se dá a machucar-me
Trago marcas em meu corpo, que se renovam
A cada aperto, a cada saculejo, a cada dia
Fia ele que não compreendo-lhe a impaciência
Que não me dói seu estado colérico de me cuidar
Me sinto descartável, írrita, sem valia, enjeitada
Anulada em princípios, convencida que inexisto
Que sou aquela agraciada com a maternidade
Que não sabe em que momento tudo deu errado
Temo a visita de meu filho, meu intolerante algoz
Não tenho forças para reagir, se tivesse, não o faria
A fome, a sede, a solidão, marcam meu corpo e alma
Em aceitação, me convenço a perdoar e me cobro calma
Chuva sertaneja...
Vieram silenciosas, adentrando a madrugada
Leves em chão estradeiro, que passa gente e gado
Tamborilando gotas por sobre palhoças e carroças
Ouvia silente, da janela, o canto da chuva
Saudava em sorriso a água bem vinda que convidava
Lentamente, o dia amanhecia nos passos de sertanejos
Águas caindo, mergulhando o solo rachado, sem vida
Era a garantia de colheitas... canas, sabores
Eram chuvas de março, breves, leves, ávidas
Crianças em colos, beatas em procissões de fé
Passos sobre aquele mundão um dia rachado
Sem flores, cumpriam promessas de esperança
Era já passado a poeira, as lágrimas, a dor e sede
Nasciam nascentes, sonhos de colheitas
Findava, em presente do céu, a eterna espera
Descri do que via, fiando, quiçá, ser sonho
O tempo das águas, das correntezas era chegado
De cumprir o destino: dar vida às sementes
As águas eram bem chegadas, findando tardanças
Alegrando o seco abandono, encerrando aguardos
O rio virou mar, mar de passar peixes e barcaças