Monique Frebell
CONFLITOS
Eu te amei, mas me iludi.
De sonhos alimentei minha paixão,
mas você nem quis me ouvir.
Depois de um certo tempo cansei de te amar.
Saí à procura de alguém que gostasse de mim.
Enfim, o encontrei...
Conheci a fundo esta pessoa,
e nela encontrei o prazer de viver.
Pensei que havia esquecido você.
Que pretensão!
Esta pessoa se esforçou para me agradar.
Me deu asas para voar.
Me amou sem se importar com o que os outros iam pensar.
Foi bom enquanto durou.
Pena que tudo acabou!
Atravessamos obstáculos e vencemos preconceitos.
Aprendi a ser amada e aprendi a amar.
Mas de um tempo pra cá esse amor começou a esfriar.
O ciúme apoderou-se do corpo e da mente.
Brigas desenfreadas de um casal de adolescentes.
Tudo acabou, infelizmente!
Então você chegou.
Voltou a me procurar.
Me pedindo um beijo e uma chance pra me amar.
Fiquei encantada e ao mesmo tempo desconfiada,
com medo que a ilusão se apoderasse do meu coração.
Mas quando te vejo, me encanto com tanta beleza.
Querendo te chamar e dizer com toda clareza,
que eu te quero com toda certeza.
E eu espero com toda força e vigor,
que essa nossa amizade um dia se transforme em amor.
Me responda claramente:
Por que isso aconteceu tão de repente?
Uma força estranha envolveu a gente.
Um dia terei a oportunidade de beijar a sua boca,
olhar dentro dos seus olhos,
sussurrar no seu ouvido,
nossos corações unidos.
Em torno de nós o mundo girando.
Todas as câmeras nos filmando.
Os invejosos reclamando.
Porque estamos nos amando.
CAÍ NA REAL
Como é bom estar de volta aos seus braços.
Sentir teu cheiro, teu beijo, teu abraço.
Pois a minha caminhada depende dos seus passos.
Descobri que sou um nada sem você.
Fui imatura ao tentar te esquecer.
Porque juntos tudo podemos fazer.
Não me interprete mal, mas caia na real.
Saiba que o ciúme é duro como a morte,
não vamos jogar fora a nossa sorte.
Confie em mim. Seja forte!
Estarei sempre ao seu lado
porque você é o meu amado.
Estamos plantando no presente, a semente,
para colhermos no futuro, o fruto.
Pois a conseqüência da semente bem plantada no presente
é a fartura de alegria no futuro que temos em mente.
Caí na real, eu preciso de você.
Caí na real, sem você não sei viver.
Descobri que o meu prazer é somente o teu querer.
PERDOE-ME
Perdoe-me por não saber mais de ti.
Por não me abrir mais pra ti.
Perdoe-me pelas lágrimas que caíram.
Pelas palavras que feriram.
Perdoe-me pelas noites perdidas.
Pelas metas falidas.
Perdoe-me pela minha indecisão.
Perdoe o meu jovem coração.
Que disposto a amar,
se entregou a uma paixão.
Mas depois percebeu,
que era só ilusão.
Perdoe-me pelas portas fechadas.
Pelas caras amarradas.
Pelas mãos atadas.
Pelos rios de lágrimas.
Perdoe-me por não saber te ouvir.
Por não saber falar.
Por não saber sentir.
Por não saber amar.
Encarecidamente, eu lhe peço perdão.
Perdoe o meu jovem coração.
Perdoe-me pelos planos desfeitos.
Por meus inúmeros defeitos.
Por meus eufóricos anseios.
Por meus contínuos receios.
Perdoe a minha ausência.
A minha indecência.
A minha inconseqüência.
A minha impaciência.
Perdoe-me pela minha fraqueza.
Pela minha incerteza.
Pela minha pureza.
Pela minha frieza.
Perdoe a minha ignorância.
A minha intolerância.
A minha insignificância.
Perdoe a minha infância.
SOZINHA
Eu estou aqui.
Sozinha comigo mesma.
Sem amigos, sem ninguém.
Esperando por alguém,
que me dê felicidade,
e seja amigo de verdade.
Amigo não diz com palavras, mostra em atitudes.
Amigo não deixa outro amigo, está sempre contigo.
Amigo não decepciona, ele nunca abandona.
Amigo não atrapalha, ele sempre auxilia.
Amigo não te esquece, está contigo todo dia.
Amigo não cruza os braços, age sem covardia.
Amigo não faz chorar, só traz alegria.
É muito bom ter amigos, pena que só tenho conhecidos.
Conhecidos que acompanham sem me conhecer.
Companheiros que caminham sem me acompanhar.
Colegas que me deixam sem ao menos me entender.
Pessoas que um dia se esqueceram de me amar.
AGORA EU SEI
Agora eu sei que eu nasci pra você.
Agora eu sei não tenho nada a perder.
Eu sempre soube, mas não quis admitir.
Eu tive medo de outra vez me iludir.
Agora eu sei que eu nasci pra te amar.
Agora eu sei e quero me entregar.
Eu sempre soube, mas preferi duvidar.
Eu tive medo, medo de me machucar.
Agora eu sei que o nosso amor vai além.
Agora eu sei, você sabia também.
Não vou deixar ninguém se intrometer.
Agora eu sei, esse amor é pra valer.
TENHO MEDO
Tenho medo de me machucar
por isso, não me atrevo a arriscar.
Tenho medo de me envolver
por isso, não me atrevo a te ter.
Tenho medo de me iludir
por isso, nem tento te conseguir.
Tenho medo de me expor
por isso, vivo sufocando o amor.
Tenho medo de me apaixonar
por isso, estou sempre a chorar.
Tenho medo de querer
por isso, nem quero mais te ver.
Tenho medo de me abrir
por isso, estou a ponto de explodir.
Tenho medo de falar
por isso, não consigo te escutar.
Tenho medo de poder
por isso, vivo a me esconder.
Tenho medo de pedir
por isso, estou sempre a fugir.
Tenho medo de errar
por isso, nem chego a lutar.
Tenho medo de sofrer
por isso, chego a te ofender.
Tenho medo de sentir
por isso, estou sempre a resistir.
Tenho medo de mudar
por isso, eu não posso confiar.
Tenho medo de morrer
por isso, não consigo ter você.
Tenho medo de confundir
por isso, eu não posso permitir.
Tenho medo de decepcionar
por isso, não consigo te agradar.
Tenho medo de me encontrar
por isso, não vou te procurar.
Tenho medo de precisar
por isso, eu não vou me entregar.
Tenho medo de perder
por isso, não consigo combater.
Tenho medo de terminar
por isso, nem chego a começar.
Tenho medo de me apegar
por isso, eu não posso te lembrar.
Tenho medo de amar
por isso, eu não posso nem sonhar.
Tenho medo de vencer
por isso, me contento em viver.
MENINOS
Espécie inconstante.
Máquina ambulante.
Age por instinto.
Pena, eu não sinto.
Meninos sensíveis.
São aqueles incríveis.
Fazem de tudo pra agradar
e não têm medo de chorar.
Meninos cruéis.
São aqueles infiéis.
Fazem de tudo pra te ter
e depois pra te esquecer.
Meninos carentes.
São aqueles freqüentes.
Pois precisam de carinho
nem que seja um pouquinho.
Meninos espertos.
São aqueles incertos.
Despertam amor numa mulher
sem saber ao certo se quer.
Meninos tolinhos.
São aqueles novinhos.
Que ficam apaixonados
no primeiro beijinho.
ARMADILHA DO DESTINO
O meu desejo é estar ao seu lado,
mas o nosso destino nos têm separado.
Anseamos estar um perto do outro,
mas a distância entre nós vem crescendo pouco a pouco.
O que devemos fazer pra diminuir o desgosto?
Esse vão que nos separa não pode se estender.
Eu não suporto fingir que não te gosto.
Quero gritar ao mundo que eu gosto de você.
Será que a solidão veio fazer morada em mim?
Eu acho que fui predestinada a sofrer por ti assim.
Eu não quero ser a outra,
meu amor é singular.
Eu acho que fui a escolhida,
pra essa missão que é te amar.
INATINGÍVEL
Só penso em você através das canções.
Só sinto você através das lágrimas.
Só tenho você através dos sonhos.
Só falo em você através das páginas.
Só escuto você através dos pássaros.
Só toco em você através de retratos.
Só vejo você através dos momentos
que sempre inundam os meus pensamentos.
Só quero você através das palavras.
Só envolvo você através dos anéis.
Só alcanço você através das cartas.
Só amo você através dos papéis.
TÉDIO
Já notei que você me engana
quando diz que me ama
quando diz que quer mais.
Fico com raiva da vida
tendo aberto a ferida
tendo negado a paz.
E quando penso que acabou
que me curei da doença
que a solidão triunfou...
Você me dar a entender
que ainda quer me querer
que o sonho não terminou.
E como não sou esperta
deixo a ferida aberta
e me machuco ainda mais.
Porém eu sei que o remédio
é continuar nesse tédio
que essa vida me traz.
Minha inconstância
Hoje eu me sinto como uma árvore.
Surpreendida por uma leve brisa que balança as minhas folhas
e derruba as águas da chuva que teimam vir sobre minha vida.
Hoje eu me sinto com um pássaro.
Pois encontrei no ninho do teu abraço o calor que só em ti eu acho.
E essa paz de espírito que tanto foi procurada
nas nuvens do céu e na poeira da estrada.
Hoje eu me sinto como uma onda.
Chegou o dia da minha ressaca!
Ultrapasso todas as barreiras que tentam me parar
e depois da maré baixa continuo obrigada
a fazer rir a quem me faz chorar.
Hoje eu me sinto como a madrugada.
Sozinha, calada, porém sossegada.
Proporcionando a todos minha doce vigilância
enquanto muitos são acordados por pesadelos de criança.
Hoje eu me sinto como uma montanha.
Difícil de ser entendida e conquistada
porém fácil de ser vista e admirada.
Tentando elevar-me o mais alto que posso
a fim de não ser destruída e nem machucada.
Hoje eu me sinto como uma menina.
Arrumando a bagunça que fizeram em minha vida.
Desfrutando de prazeres que jamais aproveitei.
Castigando alguns brinquedos que não são os que eu brinquei.
Hoje eu me sinto como uma mulher.
Madura, experiente e preparada.
Dando conselhos de situações que fui marcada.
Amando em silêncio uma paixão atribulada.
Sentindo-me adulta, mas não realizada.
Um dia sem você
Quando amanhece
você me vem a mente
passo o dia todo
escrevendo sobre a gente.
E quando não te vejo
eu fico aqui tão triste
pensando o tempo todo
no que você me disse.
E ao cair da tarde
me dá uma vontade
de tê-lo ao meu lado
e de te acarinhar.
E vai anoitecendo
a dor vai aumentando
e eu vou ansiando
um beijo enfim te dar.
E quando a noite chega
enfim fico tranqüila
pois sei que n’outro dia
eu vou poder te ver.
O tempo não ajuda
saudade me sufoca
procuro alguma coisa
pra mente entreter.
Enfim na madrugada
eu fico acordada
sem ter o que fazer
pensando em você.
Enfim chegou o dia
e a minha alegria
será contagiada
ao lado de você.
Eu fui marcada
Marcas, nódoas feitas por contusões, batidas, tropeços. Você com certeza deve ter alguma em seu corpo adquirida por um tombo quando criança ou uma queda por exemplo. Acertei? Eu sabia. Todos nós carregamos marcas. Muitas delas essenciais para o aprendizado de coisas novas, como: andar de bike, de skate, subir em árvores, brincar de queimado, pique-esconde, bandeirinha, aprender a ser livre, sociável, a ser você mesmo. Esses são só os primeiros tombos causados pelos primeiros passos da sobrevivência. Nem deixam tantos traumas assim.
Mas há outras marcas necessárias para ensinamentos maiores e mais importantes. Lembro-me exatamente do dia em que fui marcada, sem intenção, pela ponta de um cigarro aceso, bem no pescoço. Foi um acidente, eu devia ter uns 6 anos e ainda me lembro da cena. Minha mãe conversava com minhas tias numa festa de família, fumava cigarro porque achava isso um charme, estavam super animadas. O papo devia estar muito bom. Eu vinha correndo por detrás dela tentando me esconder dos meus primos, quando ela espalhafatosamente traz a mão para trás, e desatenta, me fere. Levo essa marca comigo até hoje, visível. Pelo menos, desse dia em diante ela nunca mais pôs um cigarro na boca. Serviu como lição. Fui marcada por uma boa causa. Valeu a pena.
Comecei a escrever sobre isso porque um dia desses, uma cicatriz bem pequenininha no meu dedo mindinho, quase imperceptível, dessas que a gente nem lembra onde foi que se cortou, começou a me incomodar. Eu fiquei olhando pra ela tentando me lembrar aonde eu havia me machucado, mas não vinha nada a mente e foi então que comecei a escrever sobre as feridas cicatrizadas com o tempo. Sobre as marcas emocionais, manchas ocasionadas por ressentimentos. Muitas delas feitas por pessoas também feridas pela vida. É o famoso ciclo da vingança. Todos nós já passamos por isso, já ferimos alguém e já saímos machucados de certas histórias. Tudo isso pra se sentir superior ou amenizar alguma dor.
Fiz uma retrospectiva e recordei de algumas situações que fui marcada e de outras várias que com certeza devo ter marcado alguém. Passei a limpo minha vida de erros e acertos, de pedras de tropeço, e descobri que a cura não tem nada a ver com o sumiço das cicatrizes. As marcas continuam, a dor é que vai embora. Cada marca tem a sua história, o sofrimento é que é deletado da memória.
Deduções
Deduzir nem sempre é interpretar a verdade dos fatos.
É um pré-julgamento de certezas alheias.
É criar um mundo de ilusões baseado na própria maneira de enxergar a vida.
Deduzir, é curiosidade aguçada, é tentar desvendar o sagrado de cada um.
É definir o abstrato, autenticar o irreconhecível, camuflar o fidedigno.
Já não bastam as deduções que temos de enfrentar durante nossa caminhada!
Deduções de caráter, de estilo, pensamentos, comportamentos, sentimentos.
Saem por aí subtraindo nossa personalidade, nossa estética, descontam por conta própria palavras e atitudes de um vasto conjunto de ideias.
Sub-traem, exatamente, traem por baixo. É sujo.
Julgam o que vêem no exterior do corpo, da pele.
Visam carcaças feito matadouro.
Quem olha do lado de fora não identifica as verdadeiras razões e intenções. Mensuram inexatidões, descartam probidades, anulam qualidades.
Só aceito e concordo com os descontos comerciais, em notas fiscais, mesmo assim discriminados os percentuais.
Agora, reduzir-me feito número decrescente?
Não preciso de aproximações feito dízima periódica, sei o que quero dizer quando escrevo exatamente.
Um amor de verdade
É aquele que surpreende com seu carinho cotidiano e matutino.
Ele sempre me acorda com beijos e abraços bem apertados, como se quisessem dizer algo além do alcance de suas palavras.
É aquele que liga pro que eu sinto, pro que eu penso, pro que eu quero, e me liga várias vezes no dia, pra dizer que me ama, pra saber se já almocei, pra saber se está tudo bem, e outras vezes, quando vem de mansinho, eu já sei que é pra me pedir favores.
Favores esses nem sempre dignos de serem feitos, mas com aquele jeitinho que só ele sabe, convence qualquer um de satisfazer suas vontades, muitas delas, vaidades.
É aquele que enlouquece com sua paciência inquietante. Que se esforça para agradar a todos que o cercam, mesmo contra a sua vontade.
É o verdadeiro cavaleiro, jamais conheci outro igual e acho que jamais conhecerei.
Não poupa gentilezas e confortos para me mimar, desde fartar a minha fome de algo novo: um prato diferente, um cheiro inovador, um clima encantador, até o simples fato de saciar minha sede (de água mesmo) pela madrugada.
Ele, sempre presente em todos os momentos da minha vida, desde os mais turbulentos aos mais simples, no entanto, inesquecíveis, desde que ao seu lado.
Ele é sensível, se permite chorar e virar menino nos meus braços, porque sabe que aqui ele vai encontrar todo abrigo necessário para esperar qualquer tempestade passar.
Ele é infinitamente mais do que eu mereço.
É um garoto disfarçado de valente.
É uma carência disfarçada de suficiência.
Simplesmente o amo de verdade!
JUSTIÇA
Falar de justiça num país como o Brasil é fácil, já que todos os dias abrimos os jornais, revistas e as janelas da TV, e lá estão, cenas e imagens dignas de julgamento e muitas vezes de condenação. Falar é fácil, no entanto, presenciar um ato como esse é que se torna cada dia mais raro, é como caçar borboletas nas zonas urbanizadas pelos edifícios e suas sombras.
Sombras essas, que encobrem a vergonha e a dignidade de um povo subjugado pelo governo ambicioso e indiferente às questões sociais. Não quero com isso lançar toda a culpa de um mundo caótico nas costas dos governantes e líderes (que não deixam de ter suas parcelas de culpa), e sim, levar você a refletir, de alguma forma, e sem intenção de condená-lo, se algum dia deixou de ser justo com alguém que não merecia castigo, ou tornou-se conivente a um erro que trouxe dano a alguém só pra não discordar de um amigo.
Quem nunca presenciou um ato de vandalismo, ou uma negligência no trânsito, uma omissão de socorro, ou qualquer outro caso que nos deixa irados como um vulcão em erupção? Quem nunca se sentiu assim, quando se deparou com noticiários do tipo: “Jovens de classe média alta ateiam fogo num mendigo”, ou ainda, “Playboys espancam jovem até morrer após noitada em boate”, ou, “Babá agride criança de 9 meses”, e a mais recente de todas, “Pai e madrasta são acusados pela morte da menina Isabella”?
Todos essas tragédias sociais são ocorridas dias após dias, meses após meses, anos após anos. Mudam-se personagens, antagônicos ou não, mudam-se enredos, mudam-se endereços, classes sociais e parentescos, só não muda o juízo. Final este, que já passa da hora da mudança. O povo clama por justiça social, igualdade e fraternidade. Queremos ver os culpados recompensados por seus atos. Queremos um mundo mais harmonioso e pacífico.
Mas se queremos paz, a começar por nós. E se amor, amaremos nós. E se perdão, perdoaremos nós. E se justiça, cabe a nós a moderação e a honestidade a fim de obtermos o direito à liberdade tão idealizada. A começar por nós, nos pequenos acontecimentos do dia, a renovação da mente e a oportunidade de fazer alguém feliz. Deixe os influentes engravatados em seus arranha-céus aprisionados, enquanto nós, saímos à busca da borboleta azul, quem sabe entre um prédio e outro não a encontramos.
Uma pausa para amar e ser feliz
ELE:
Pra que tanta pressa?
Aonde você quer chegar?
Relaxa. Senta aqui, vamos conversar.
Como foi seu dia hoje?
Dormiu bem a noite que passou?
Que tal não dormir a próxima?
Está livre logo mais?
Amanhã é feriado, não precisa se importar com o horário.
Tá afim? Então diz que sim.
Aceite o convite que a vida lhe faz.
Prometo que ela pode oferecer muito mais.
Jantar a luz de velas, reviver velhos tempos juvenis...
E um pouco mais tarde, uma pausa para amar e ser feliz.
ELA:
Uma pausa, era disso mesmo que eu estava precisando.
Uma pausa nesse filme rotineiro. Tô me arrumando.
Acho que vou aceitar a proposta nada indecente.
Essa noite eu quero mais é aproveitar o clima quente.
E assim que eu acordar, quero café na cama, antes mesmo de tirar o pijama.
À tarde, quero sessão de cinema e pipoca à vontade.
Esquecer tudo por alguns instantes, me imaginar num lugar bem distante.
Distante de toda essa correria do dia-a-dia.
Distante de mandamentos e doutrinas.
Amanhã eu quero estar assim.
Mais perto de você, mais distante de mim.
Respeite os limites
Você já tentou beijar o próprio cotovelo? Não? Então tenta, você vai se contorcer todo e ele não se aproximará um só centímetro de sua boca. Já tentou lamber a ponta do seu nariz? Não? Nem tente, você vai se babar todo e mesmo assim não vai conseguir.
Estive pensando por esses dias em certos limites que a vida nos impõe, muito difíceis de serem ultrapassados. Há limites por toda a parte, regras a serem obedecidas, fronteiras a serem respeitadas, assim como cada um de nós temos as nossas particularidades e obrigamos aos outros o respeito devido. Pense agora, o que te faz perder o controle, sair da linha, da área segura de si mesmo? Eu respondo por mim, enquanto você se analisa, ok?
Não tente interromper minha noite de sono, eu acordo pisando nas tamancas. Esperneio e grito de tanto ódio que ninguém é capaz de conseguir ter uma noite de sono tranquila depois, você jamais me reconheceria. Se quiser conversar comigo, ser meu amigo, seja objetivo. Detesto conversa mole pro meu lado, não acredito muito em quem fala manso, baixo e pausadamente. Parece que arquiteta as palavras no pensamento antes de expor os argumentos. E eu não tenho muito tempo a perder com quem não sabe o que de exato dizer.
Não ande devagar na minha frente, odeio gente lerda. Tanto espaço pro lado de lá, tem que ficar logo aqui, atrapalhando minha passagem!? Eu sou um pouco estressada, está bem, eu admito, eu sou muito estressada. Não preciso estar naqueles dias para deixar florescer toda ira daqui de dentro.
Não me apego fácil a nada nem a ninguém e o desapego pra mim é a parte mais fácil da vida. Eu não vou levar nada daqui. Nu eu nasci, nu vou partir. Essa é uma certeza que muita gente esquece. Não perco tempo com coisas inúteis nem com pessoas inatas, que ainda não nasceram para a realidade da vida. Não enxergam um palmo à frente sem que precisem de ajuda.
E eu não tenho paciência para ensinar, é verdade que não nasci sabendo, mas tudo o que hoje sei da vida, aprendi sozinha, com os próprios esforços, com os próprios erros. Tenho personalidade mais do que própria, auto-estima mais do que sarada, por isso é que talvez me chamam de arrogante e prepotente, mas não é isso. Aprendi a lutar pelos meus ideais e a depender só de Deus para atingi-los e algumas pessoas se incomodam por você não precisar dos favores delas. Elas só se encontram como indivíduos e só se acham úteis quando são requisitados por alguém, quando clamam a elas por socorro, e eu aprendi desde novinha a não acreditar em promessas falíveis nem em pessoas prestativas demais.
Pessoas não se doam de graça, sem interesses, aquelas que muito se dão, muito cobram, muito pedem em troca, e acaba saindo mais caro do que ter ido à luta sozinho.
Se encontrar comigo no ônibus e quiser sentar ao meu lado, sente com calma, e não invada o meu lado do banco. Você é um e não dois, respeite os limites do meu corpo. Respeite o seu também. Não queira entrar numa calça 38 se você veste 42. Ame-se em primeiro lugar e aí sim, estará apto a amar alguém.
Nunca me interrompa quando eu estiver falando, seja lá onde for, como for e com quem for. Não seja mal educado e inconveniente, não se precipite em participar se não for convocado à conversa. Detesto pessoas ignorantes e entronas, isso me tira do sério, me faz perder a classe.
Não grite comigo. Não aumente o som da TV. Apague as luzes. Feche a janela. Não me irrite. Não me sufoque. Não me compare. Não me desafie. Não me toque. Não me subestime. Respeite os meus limites!
The End
Hoje eu parei para escrever sobre o fim das coisas, das pessoas e de tudo o que elas podem levar sobre si. Fiquei analisando os desenhos infantis e alguns filmes que ilustram histórias de intrigas e brigas durante todo o roteiro e quando tudo começa a tomar um rumo na história, colocam lá as letrinhas pra subir e a famosa frase “... e foram felizes para sempre” acompanhada do trágico “The End”. Fala sério! A história por acaso termina ali? Esses filmes sempre acabam onde deveriam começar, assim como muitas situações semelhantes na vida real e com direito a trilhas sonoras, personagens, enredos, e tudo mais. Dá uma sensação de quero mais. Compartilham conosco todos os momentos ruins: as falcatruas, as traições, as armadilhas, e quando a hora da virada chega, parte-se o bolo da festa e nos despedem assim sem nos dar a chance de saber o que pode vir a acontecer dali por diante. Isso me deixa irada!
É como manter uma amizade na hora da calamidade, dar apoio, ombro amigo, aconselhar, ajudar, quem sabe até suprir necessidade. Na hora das tragédias são poucos os que continuam do seu lado, incentivando, encorajando, mas quando tudo começa a se resolver simplesmente com a maior facilidade se esquecem de você, te descartam, jogam pra escanteio feito bola murcha, não serve mais.
É como o derradeiro dia de um ser humano, pensa você que a morte é o fim? Engano seu, tudo começa a partir dai. A eternidade nos espera. Nos fazem acreditar que após a vida existe um sono profundo, ininterrupto. Mentira, assim como os finais dos filmes, a história continua, você que não é mais convidado a participar desse misterioso desenrolar.
Estive vendo dia desses um filme que mexeu muito comigo “O amor não tira férias”, com Cameron Diaz. Ah, como eu queria ter a oportunidade de viajar pra um lugar desconhecido, sozinha, sem bagagens, sem tralhas, sem malas, sem nada. Viajar com a única pretensão de me encontrar ou me perder completamente. Viajar pra conhecer gente nova, mente nova, fazer novas amizades, provar comida diferente, se perder na cidade, voltar pra casa e descansar.
O filme fala sobre duas mulheres, cansadas de sofrer, cansadas de amar, de valorizar demais os outros, e elas tinham motivo pra querer abandonar tudo e sumir do mapa. Elas trocam de casa, de carro, de rotina, de vida. Uma acaba vivendo no mundo da outra, partilhando de momentos que talvez jamais viveriam se continuassem na mesma cidade. O desenrolar do filme é perfeito, a personagem da atriz Cameron se parece até um pouco comigo, ela é louca, gosta de viver a sua própria vida, é independente, bonita, sexy, convencida também (risos), enfim, me empolguei vendo o bendito do filme, mas eu queria mais no final, queria saber o que aconteceu depois, se eles casaram, tiveram filhos, se deu certo, se não deu...
Não quero a minha vida comparada a um filme pela metade, onde todos se decepcionem com o fim, não quero ter que mostrar ao mundo parte da minha história, quero mais é ser lida, interpretada e traduzida. Quero ter o tempo necessário pra fazer valer a pena cada cena e depois de rodado o filme de toda a minha trajetória, ficar na memória daqueles que realmente fizeram parte dela como protagonistas, não apenas figurantes, e assim dar prosseguimento ao eterno, que com certeza me espera, onde entrarei pela porta, não pela janela.
The End!
O Fim?
Not!
Begin!