Monalisa Macêdo
Sou aquilo que só quem sente pode perceber. O que sou só quem vê de muito, muito perto pode compreender. Se não for assim, desista. Eu não vou me revelar. Pode tirar suas conclusões.
Se a tua opinião não acrescenta, não ajuda, nem transforma, guarde-a para você. Há coisas melhores na vida que cuidar da vida do outro. Como cuidar da própria vida, por exemplo.
Preciso descomplicar essa coisa chamada Felicidade. Ela é simples demais para ser descrita em palavras.
Malas prontas
Minhas malas estão sempre prontas. Acho que eu sempre estou de partida. Há sempre um novo caminho a seguir e preciso estar preparada. A vida, continuamente, me leva para rumos desconhecidos, ou me faz voltar a caminhos já percorridos. Minha frustração, a de voltar sem querer.
Às vezes o destino me trai. E eu retorno aos lugares que desejei jamais regressar. Por isso decidi não mais desfazer as malas. E aceitar os caminhos que a vida me traz. Não vou mais fazer promessas futuras de não mais voltar. Vou fazer menos planos. Seguir as trilhas que o destino revelar. Manterei as malas prontas. E não terei pressa de chegar. Nem de partir. Vou viver o que há pra viver. Aceitar. Me conformar. Seguir. Sem medo de ser feliz.
Ame-se. Enamore-se. Apaixone-se. Se queira bem. Seja o que quiser ser. E seja feliz. Faça-o. E se não o fizer, ao menos tente.
Passos, que se multiplicam ou se abreviam em um único passar que apenas segue incessante para não perder o compasso.
Sou ser, mas nem sempre humano. Sou tudo e nada. E quase sempre reduzo-me a ser coração. Platônico. Estreme.
Escrevo tentando ultrapassar. Me ultrapassar. E ir além do que as palavras são capazes de expor. Talvez na tentativa de tocar. Ou ser tocada. Eu escrevo. Vou compondo as palavras, arrumando-as em forma de frases ou coisas sem sentido. Não é pra ter sentido. É só pra ser. Letras. Traços. Rabiscos. Sem sentido. Nem descrições.
Não descrevo. Apenas escrevo.
Tive que abandonar alguns sentimentos já antigos, e desagradáveis, algumas marcas doloridas, escolher entre uma e outra recordação.
Desagarre-se de tudo o que te incomoda, tudo o que te faz sofrer. Seja forte o suficiente para se libertar de você mesmo.
Verás que os caminhos a seguir será escolha tua. E tuas escolhas serão sempre TUAS escolhas. Ninguém vive a vida do outro, e sim a própria vida. Entenda.
Mas é que às vezes acho que a sorte é só o tempo. No seu tempo certo.
E me abrigo nessa vã percepção do acaso. E me tranquilizo.
Eu ainda tenho sonhos.
Ainda faço planos. Ainda acredito no impossível.
Ainda me permito fantasias, ilusões, utopias...
Aliás, minhas escolhas exigiram mais de mim do que eu havia imaginado. E eu preciso de força para resistir à minha fraqueza. Para não me entregar. Preciso me manter inabalável. E forte.
Talvez nunca seja tarde para tentar. Eu só espero que nunca seja tarde para viver. Ainda preciso de muito tempo para isso. Eu acho. E talvez o tempo nem exista, mas ainda assim, eu desejo que haja tempo, pra tudo que eu precisar.
Se o universo não conspirar a meu favor, se eu cair, não me importa. Eu sei me levantar, sei remar contra a maré. Tudo o que tenho me basta. E o que não tenho, é porque não me faz falta.
A vida às vezes me cansa. De uma lassidão surpreendente. Cansaço de dever comprido. Fadiga de quem quer mais. Mais vida para viver. E reviver um novo ciclo.
Aprenda a olhar só pra você, a realizar só por você, a amar só a você. E quando conseguires, todo o resto já terá se realizado.
Haverão novos obstáculos, novas cargas a serem carregadas. Tudo deve ser vivido no seu tempo. E desfrutado no seu momento. Até que se perca o sabor. Aí então é hora de se libertar. E praticar o desapego.