miguel westerberg
Acredito que sempre haverá guerras. A ciência se multiplicará tão rapidamente que a grande maioria dos homens não vai conseguir acompanhar tamanho progresso. Quanto à arte, provavelmente, ela será completamente virtual e pouco ou nada se fará dentro do universo cultural que se possa dizer que é algo novo.
eu quero também invocar os espíritos dos grandes homens, para poder ter a força e habilidade de todos eles, a fim de compreender o porquê da minha singela existência. Tal como todos eles um dia entenderam o verdadeiro significado da condição humana: Gandi, Buda, Maomé, Luter king, Che, Jesus e tantos outros que contribuíram para o desenvolvimento e progresso das nações.
Os meus poucos amigos me chamam de filosofo do povo. Às vezes quando nos encontramos e vamos ate o Café A Brasileira, para compartilharmos idéias ou simplesmente relatar fatos corriqueiros. Sentados à mesa nós rimos como crianças inocentes e nos embriagamos com café e mais de uma dúzia de cigarros, enquanto palavras soltas misturam-se com o azafama da velha cidade ate que o dia desvanecesse vagarosamente e ultimo cigarro se apaga.
...São inúmeras e boas as recordações que guardo. As conversas de café serão sempre memoriáveis. Cada encontro é um momento único carregado de magia e novidades junto dos meus queridos amigos...
Temos que preservar o império de cada de nós, para que a vida não venha a pregar uma partida. Um império mediante as capacidades de cada um é o quanto nos basta para que a vida se transforme em memórias.
Das muitas memórias que carrego comigo, guardo a lembrança das crianças que se fizeram homens e a dos homens que envelheceram e se foram para nunca mais voltar. A voz em cada um de nós torna-se arrastada e o gemido de uma enfermidade aos poucos nos corroei por dentro. Esta é nossa sina e a condição que esta reservada a cada ser humano, seja rico ou pobre. Tudo passa por nós, tudo se repete, por que é preciso que tudo mude para que tudo volte ao mesmo.
Muitos de nós acabamos solitários, amargos e não queremos aceitar as farpas do destino, porque tudo se torna insuportavelmente cruel.
Temo teu nome, mas desacreditei no céu e no inferno. O que é o inferno, senão esta vida e o que é o céu, senão um momento único de adoração ao teu Nome.
Nós os sonhadores devemos ser os olhos de Deus na terra, por mais que alguns de nós não acreditemos. Deus se manifesta através de dons que nos dispensou. Ele acredita em nós, porque sabe que é da própria natureza humana se aperfeiçoar através dos seus erros. O homem erra para apreender a perfeição. É através desse processo que o amor se solidifica e passa a ter um sentido mais plausível e menos abstrato.
Descobri também que é exatamente este ponto, que traz insegurança e desequilíbrio a política e a religião. Certa vez, em algum ponto da bíblia, eu li estas palavras: “não precisais que vos ensinem nada, o mesmo espírito que esta em Mim, mostrará o caminho e porá em vós palavras que nunca foram pronunciadas”. Acredito nisto, mas sei que muitos anseiam por deturpar a verdade, influenciando os de consciências fracas, a não se sentirem no direito a vida eterna devido a certas franquezas que cometeram. Estes porem não entram nos céus nem os deixam entrar. São pessoas detentores da verdade, que a ocultam deliberadamente para tirar proveito dos mais fracos.
Os profetas, os sábios e todos os que muito ensinam sabem que serão sempre desprezados; sabem que são poucos aqueles que entendem a sua voz ou cântico, afinal, eles falam a língua dos anjos; a língua que só os corações generosos poderão entender. Não instruo a minha alma com meras palavras, nem falo o que não conheço. Na verdade tudo está dentro de mim, como um espelho que se ergue e reflete a luz do sol.
Tem sido assim os meus dias, entre meditações e sonhos inacabados. Não consigo romper com o meu passado, nem anular minha existência, sou demasiado covarde para tirar a minha vida.
Por ter poucos estudos, fui obrigado a entrar no submundo dos que anseia por sobreviver. Podia ter cruzado os meus braços; me encostado a um canto para nada fazer ou ter me tornado um marginal, mas devido à rígida educação que tive acabei por adotar esse mesmo sistema no meu modo de vida. Talvez a vida de cada um de nós tenha este principio: o de escolhermos um rumo e seja qual for ele, indiscutivelmente, essa será a nossa vida. Podemos prever em parte alguns deles, como o rumo da decadência; das paixões ou da dignidade. Tentei o ultimo em meio a um manto de lagrimas e suor.
A vida para mim é comparada a uma corrente que contem em uma das pontas uma ancora que por sua vez nos aprisiona no fundo de nós mesmo. O mar é comparado a portas de abismos que nos traga e nos cega de modo que só enxergamos uma densa e vasta escuridão.
Eis o resumo de cada um de nós: palavras e atos que se perdem na virada do tempo, como folhas de antigos jornais que o vento leva para longe.
Conheci uma senhora que em seus sonhos se debruçava sobre uma ponte para ver um abismo em forma de rodopio, porque ele a hipnotizava e induzia-lhe a entrar na sua dimensão. Em uma de suas margens, por nome futuro, havia um grande sol que refletia atrás dela,, na sua sombra, toda a trajetória de sua vida. Um mundo só seu, onde ela podia ver todos os acontecimentos vividos e analisar os bons e maus momentos enfrentados. Compreendi que o lugar exato em que ela se encontrava, não era nada mais do que o momento presente da sua existência e que o abismo, era apenas um momento de fraqueza pelo qual ela estava passando. Es a comparação da nossa vida, es os três tempos num só, do qual o presente em cada um de nós fica suspenso quando paramos e dificilmente encontramos forças para continuar.
Conheci também uma outra pessoa que vivia dentro de si mesmo, perdido num labirinto repleto de grandes prateleiras, aonde se amontoavam milhares e milhares de livros carregados de pó. Este porem, durante toda sua vida, tentou compreender a existência humana e tudo que era possível se avaliar, tanto no lado visível como no oculto. A vida deste foi sempre em beneficio de si mesmo. Morreu jovem e nunca chegou a compartilhar seu saber com mais ninguém alem de si. Isolamento e desespero são as duas palavras que sempre vinham primeiro na sua vida e durante todo o seu peregrinar elas lhe foram uma constante companheira. Se algo descobriu em vida, ninguém nunca o soube, pois nu veio e nu se foi.
O invisível é a última das fronteiras que o ser humano terá que atravessar. Não podemos viver num mundo materialista e ficarmos indiferente ou ignorarmos os nossos sentimentos.
O mundo se alimenta de cada um de nossos sonhos, assim como nós nos alimentamos do que o mundo nos dá.
Certo dia, há muito tempo atrás, alguém me disse: “ você será um conselheiro”. Hoje me interrogo acerca de quem me aconselharia e de como é difícil receber um conselho. Na verdade é sempre tão complexo por em pratica as palavras de um estanho.
Caminhar no escuro ou ficar em silencio, morder os lábios para olhar o céu noturno, esperando que uma estrela cadente passe e traga uma nova mensagem.
Por que será que ninguém mais observa os céus? A maioria dos homens cansou de sonhar e não escutam mais o cântico dos pássaros nem olham para o companheiro que viaja ao seu lado. Eles adormecem de frente para televisão e assistem noticias desagraveis vindas do mundo inteiro, pois aonde quer que o homem esteja, habitará sempre violência e conflitos. Suas noites surgem sem forma ou cor. Ate que ponto o ser humano conseguira agüentar a sua própria decadência ou ate aonde vai a sua loucura e solidão? A insuportável monotonia é o suficiente para que cada um de nossos sonhos se transforme em pó, porque viemos do pó e para ele retornaremos.
Somos seres indiscutivelmente mesquinhos, duvidamos de nós mesmos, cruzamos os braços para nada fazermos, mesmo que tenhamos em nós o poder de agir. Rimos por entre a escuridão, em silencio, e anulamos a nossa existência dando um fim trágico as nossas vidas, afinal, adoramos tragédias. Não conseguimos caminhar sem rirmos dos que caem em desgraça, porque este é o pão nosso de cada dia e diante de tais circunstancias é difícil ficar calado, principalmente, quando nossas vidas se encontram estagnadas.
Dizemos que temos fé em Deus e o amamos, mas poucos compreendem o que quer dizer fé. Pensando bem, o que é mesmo a fé? Constantemente cremos no invisível e o amamos porque não o vemos, mas todos aqueles que nos são próximos, nós os desprezamos. Jesus disse “tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, estive preso e nunca me visitastes”. Só hoje que vim a compreender as suas palavras, pois a minha dor esta diante do que observo constantemente. Como é fácil amar o que não vemos e difícil amar o que esta patente aos nossos olhos. Nos enganamos quando dizemos que amamos a Deus, mas esta é a fé dos homens.
Este também sou eu, porque também vivi e me fiz amado, mas estou sempre a por em causa a palavra amor.