Michel Foucault
A ordem é ao mesmo tempo aquilo que se oferece nas coisas como sua lei interior,a rede secreta segundo a qual elas se olham de algum modo umas às outras e aquilo que só existe através do crivo de um olhar, de uma atenção, de uma linguagem...
A disciplina é um princípio de controle da produção do discurso. Ela lhe fixa os limites pelo jogo de uma identidade que tem a forma de uma reatualização permanente das regras.
A heresia e a ortodoxia não derivam de um exagero fanático dos mecanismos doutrinários, elas lhes pertencem fundamentalmente.
Por mais que se diga o que se vê, o que se vê não se aloja jamais no que se diz, e por mais que se faça ver o que se está dizendo por imagens, metáforas, comparações, o lugar onde estas resplandecem não é aquele que os olhos descortinam, mas aquele que as sucessões da sintaxe definem.
Mesmo quando a relação de poder é completamente desequilibrada, quando verdadeiramente se pode dizer que um tem todo poder sobre o outro, um poder só pode se exercer sobre o outro à medida que ainda reste a esse último a possibilidade de se matar, de pular pela janela ou de matar o outro. Isso significa que, nas relações de poder, há necessariamente possibilidade de resistência, pois se não houvesse possibilidade de resistência, de resistência violenta, de fuga, de subterfúgios, de estratégias que Invertam a situação, não haveria de forma alguma relações de poder.
Eu não acho que é preciso saber exatamente quem sou. O que realmente importa na vida e no trabalho é se transformar em alguém diferente do que se era no começo.
Onde há poder há resistência.
Talvez o objetivo hoje em dia não seja descobrir o que somos, mas sim rejeitar o que somos.
A liberdade de consciência traz mais perigos do que a autoridade e o despotismo.
Quanto à sua função, o poder de punir não é essencialmente diferente do de curar ou educar.
A justiça tem que sempre se questionar, assim como a sociedade só pode existir pelo trabalho que faz sobre si mesma e sobre suas instituições.