Mell Glitter
A felicidade deveria ser mais simples, mais acessível, mais disponível...A felicidade deveria mesmo era ser vendida em cápsulas em qualquer lojinha de esquina, para a nossa alegria!
Há sempre um sinal de fumaça no meu pedido de socorro.
Há sempre um sorriso triste tentando disfarçar minha já tão amarrotada tristeza.
Há sempre uma parte de mim querendo ir embora enquanto a outra insiste em ficar.
E a gente fica, não por falta de opção, mas por puro medo de fracassar, de nossos alicerces não suportarem o peso...
E o medo vence, sempre, enquanto a gente fica colecionando derrotas!
...tem horas que me dá uma vontade de sair correndo, correndo,correndo...Sem rumo, sem tempo, sem destino...Correr desta rotina que me abraça todos os dias contra a minha vontade.Correr pra algum lugar que me permita viver do meu jeito, ainda que este jeito seja meio torto, meio amarrotado.Correr em minha busca, antes que seja tarde...antes que eu me acostume a esta rotina que me sufoca e esqueça completamente que ser feliz depende somente das escolhas que eu fizer.
Vai lá: estoura a ponta do dedão,mas chuta o balde! Transborda! Exagera! Escandaliza!
O que não dá é manter esta pose de santa uma vida inteira.
Fazer-se de louca de vez em quando é vital quando se quer experimentar o avesso da razão.
Quem sabe o lado certo da vida não seja esse!
Enquanto houver possibilidades eu me arrisco, eu me jogo, eu me dou por inteira.
Corro o campo de ponta a ponta até fazer gol.
Ainda que eu perca o fôlego ou me falte ânimo, eu saberei que to na área e que vencer na vida não depende de sorte...depende de mim!
- E se eu bobear, pisar na bola, errar o lance, chutar na trave...Isso vai me fazer crescer?
- Depende...Não é a dor que nos faz crescer, é a forma que aprendemos a lidar com ela.
FALTA DE MIM
Tenho sentido vontade de jogar a toalha,
de reescrever meu futuro,
de fazer em mim novas apostas,
de olhar por cima do muro!
Tenho sentido a falta da liberdade,
do direito de ir e vir,
de ser como gosto de ser,
de voltar de novo a sorrir!
Tenho sentido falta do ar que enche os pulmões,
da gargalhada sem sentido,
das lágrimas de alegria,
de estar a sós comigo!
Tenho sentido falta de mim mesma,
da minha molequice,
dos meus devaneios
das minhas sandices.
Falta também sinto da vida,
que anda tão espremida dentro de mim!
E agonizo na tristeza de perceber
que nem sempre fui tão triste assim!
E não adianta tentar disfarçar: tá na cara, no olhar!
Tá estampado na testa este frenesi, este amor descontrolado, exibido!
Este sentimento que me rouba todos os modos, o bandido!
E lá fui eu de mala e cuia ser feliz, sem nem sequer ser convidada!
Um medo, um frio na espinha, um bambear nas pernas...
Mas fui: eu e minha coragem!
E quando chegamos lá, a felicidade já estava na porta esperando, fazendo festa, querendo um abraço!
Tem coisas que a gente só ganha se for buscar!
Não, eu não me importo com o que vão pensar de mim.
E não falo da boca pra fora.
É que com o passar dos anos, aprendi que agradar a minha consciência é mais importante do que agradar aos outros.
Dentro de mim mora um furacão entre quatro paredes, que insiste em colocar à prova meu bom senso e toda a minha santidade.
Vive também, um tsunami, que chega de surpresa nos momentos mais desavisados, e me faz perder as estribeiras, os bons modos...
Me abalam alguns terremotos que balançam meus alicerces e me deixa tão vulnerável às paixões mundanas.
Nesta minha confusão, eu vivo metendo os pés pelas mãos, e descubro que a minha anatomia é toda explosão!
Eu sei que te complico, te confundo, te boto cabreiro com este meu modo de ser.
Mas é que nasci com esta marca de escandalizar o bom senso e atropelar a razão.
Não que o juízo não me queira bem...Mas é a falta dele que me pega de jeito, me puxa pela cintura, sabota a minha coerência e me mostra que às vezes, ultrapassar os limites até que pode ser bem divertido!
O meu lado santinha se assusta com isso, mas confesso que este não é o lado que eu mais uso!
Parei de vez com esta coisa de querer agradar, de ser a boazinha boba, de ser alvo pra gente que não me merece.
To dando passe livre pra minha sinceridade, pra mandar pro inferno quem me cansa a beleza e o melhor: to falando tudo que antes eu engolia e me fazia mal.
To numa fase em que a prioridade é me ouvir e não engolir sapos.
To levando pra minha vida, somente o que me agrada, o que me conquista, o que me bota um sorriso no rosto e me convence de que na vida há pessoas que ainda valem à pena.
Tem muita gente que vai chamar isso de egoísmo, mas eu prefiro chamar de evolução!
Todos os dias eu cobro do meu sorriso uma verdade! Traço planos nunca saídos do papel e invento uma história sem pé nem cabeça onde eu sei que nunca vou me encaixar. Minha vida não é nenhum conto-de-fadas e nem é rosa o meu batom. No meu mundo do faz-de-conta, todo dia é dia de ser feliz...E assim eu vou vivendo, vou levando e tentando ignorar o meu destino, que aliás, tem mania de fugir do meu controle.
E eu achava que ser feliz era pra sempre. Que todos os dias seriam rosa-choque e que a vida era feita de algodão. E quando as cortinas se abriram, revelou-se um palco de tristezas, onde o maior drama não era ser infeliz, mas acreditar que a felicidade nunca mais me daria o papel principal.
Ela caprichou no decote, no batom, na chapinha, no vestido, no perfume, mas esqueceu o principal em casa: a educação!
Que feia!
Ela acredita no amor, e à noite namora o luar que lhe promete uma história que nunca se viveu...Ela é tão romântica, tão sonhadora, que por se sonhar tanto, a realidade esqueceu!
...eu sei,eu sei que eu deveria ter aprendido! Eu sei que demorou pra se sarar a ferida, pra se desacelerar o coração, pra se voltar a sorrir...Doeu, eu sei...Doeu como eu nunca pensei que doesse...Mas passou...Passou devagar, mas passou...e eu, que jurei que nunca mais passaria por isso novamente...amei de novo...como se nunca tivesse amado antes!
...e a gente até que leva a vida numa boa quando o coração está vazio...Mas fica aquela sensação de falta, de se querer ter alguém por perto...Não que a gente não possa ser feliz sozinho...mas ser feliz com alguém, é como ganhar da vida, felicidade em dobro!
...e de tudo o que a vida me dá, gosto mesmo- e muito! - é do que ela me leva: histórias mal contadas, pessoas que não valem à pena, lágrimas derramadas, amores desfeitos, sonhos interrompidos...
As coisas boas...Ah!Estas ficam...Ficam porque a vida leva o que fica do lado de fora, o que é superficial...O que guardamos no coração, dentro da gente, isso ela não leva...Jamais!
Ô Dona vida, bem que a senhora poderia de vez em quando me encher a cara de risos e alegrias...Qualquer coisa que me desestabilize e me seduza a cometer alguns delitos e outros santos pecados...O seu bom senso até que me ganha entre um dia e outro...mas a sua loucura...a sua loucura sim, esta é que me fascina!