Matheus kaue
São três horas da manhã e eu já me julguei três vezes, já discuti três vezes e já gritei três vezes. Por coincidência três era o número de balas do revólver a três taças de calar minha fala.
Quando o amor deixou de ser antônimo de ódio? Para meu companheiro de quarto foram nove invernos e já era sinônimo o nosso caso.
Tem dias que eu queria estar em ser criança. Cair de bicicleta e não ter ressentimento, chorar por brinquedo quebrado, me encantar com velho sábio a cada resposta dada a um pimpolho socrático.
Estou cansado das dores que fazem morada, das brigas não resolvidas e da resposta ser falta. Estou farto do crescer e ver cada resposta pequena que eu tinha ir pelo ralo raso dos sonhos nunca alcançados.
O potencial de uma criança tem uma beleza de caráter divino, do enxergar flor e espinho, enxergar beleza na chuva escorrendo em sujeira de basculante, seu admirar impressionante. A repetição de cada nova palavra a indagação da dúvida socrática e, quando incentivada faz maravilhas, tais como comer de talher na mão sem precisar de supervisão.
Me lembro daquele colar azul celeste preso nove vezes nas preces de minha mãe, ela não admirava, mas o nome que eu clamava dizia: - Pula aqui em baixo, eu tiro um sarro. Quem queria o pulo não merecia beijo, mas quem ficava em baixo merecia amparo, não merecia descaso. Eu simplesmente não enxergava, mas minha prioridade por mim não lutava, não guardava vaga, mas para artista da globo tinha vaga, aceitava estada.
Te matei da minha história pra preservar o incrível, pois teu novo não é crível. Fostes o ser mais incrível que conheci, contigo aprendi e me arrependi, fui amado e esfaqueado com tom de surpresa por ambos os lados.
Servi dois copos de margarita, era um brinde com a tristeza. Fizemos um trato, nunca mais que iria doar meu coração. Me arrependi depois do ato de apertar as mãos. Ela me disse: - Eu até cuspi para selar o acordo! Dei de costas. Seria injusto deixar de pregar amor por apenas nove disparo de uma arma, ou melhor, alma vazia.
Durante dois meses te vi dedicada. Dedicada em me deixar, nunca tinha te visto tão segura e determinada, confesso que admirei, mesmo com gosto amargo do teu objetivo. Eu não te odeio, odeio o fato de ter me deixado, lembrei até de quando brigávamos no telefone sobre quem amava mais. Bom, temos um vencedor.
Uma das coisas mais importantes que aprendi olhando para dentro é que não foi problema errar em ver, projetar ou inventar beleza na tua maldade. Meu principal erro sempre foi o julgamento severo por algo meu pelo fascínio do belo, pois ao tentar ver beleza ou profundidade no raso vislumbrei mais sobre mim e muito menos sobre meu crime.
Tem determinada conexão que é tão carnal mesmo não sendo sexual. Ontem dormimos juntos, fazia tempo que ninguém cuidava de mim. Meu instinto abraçou ela durante a noite, foi contagiante para minha alma que estava quase sempre sozinha.
Deus se fez presente em mim hoje. Nunca tivemos tão perto, senti meu corpo desnudo de vestes, mas acolhido nas preces abraçadas no momento nunca Dantes imaginado. Lembro que naquele dia entendi que a escuridão é a ausência de luz, aprendi nas lágrimas que na cooperação para a minha experiência de Deus o tudo fazia sentido.
As paredes quadriculadas daquele condomínio eram por vezes angustiantes e por outras inspiradoras. Dos colchões me fizeram castelos e um coronel me gritou incerto: -Sentido, o nada fez, mas o tudo também.
Sou regimento por conselho de trindade. Não sou indivíduo, sou três. Sou principalmente tristeza, mas ela é de tratamento esquisito, é alívio. Sou feliz uma e outra vez, dessa pouco entendo, já tive por ela possessivo de sermos. Por fim, sou depressão, basicamente absolutista na aparição, com essa é sem perdão é sufoco de cordão.
A vida é como uma mesa de bar em que pedimos uma cerveja para o atendente. Nunca sabemos o que receberemos, mas não se atente a olhar pequeno de restrição, não falo sobre a cerveja quente de decepção. Olhar atento senta frente a porta e observa o passar, procura desde amor pra vida, amizade daquelas logo esquecidas ou até mesmo uma boa e velha briga.
O regresso dos teus olhos me empolgava, feita nau que em porto ancorava. O pequeno príncipe me contou seu segredo, aquilo era grande, mas precisávamos de três apenas um sermos.
Seu olhar me encarava de visão e cabelos bagunçados. Meus dedos de faces molhados enquanto nós nos conectavamos sem nem voz ser de ouvido pronunciado. Aquilo era lugar de estado? Era, era um balcão de bar. Cabelos a dançar e um belo drink de dedos molhados, porém eram nossos olhos que de conexão trasavam.
Uma alma abalada de ser, belíssima de liberdade e concreta da certeza dos seus gostos. Se defendia com palavras, mas o coronel lhe preocupava, não por medo, mas por amor.
Oh coronel, permita teu filho por amor!
Acho que não tardei a conhecer a vida. - Quase 10 anos você veio a disperdisar! Afirmou-me o eu reflexo frente a espelho. Me bastaram apenas alguns meses com ele, mas não o reflexo turvo, digo o de olhar a fundo. Acho que por fim aprendi cedo, 26 anos apenas.Eu só sabia ser eu sozinho, era difícil de aceitar, a falta de reciprocidade amargava. Olhei no fundo de meu corpo e encontrei perdido, um velho conhecido a pedir referência ou doar reclamação; - Que direção devo seguir para agradar o protagonista?! Dizia ele. Fiquei eu a pensar. Então tudo se fez dia, protagonista é de filme individual de cada ser, aquele que a importância de interferência é fundamental de sermos, não tarde a ver que a pessoa que você procura está no reflexo do espelho a sua frente.
Não sofra o futuro do pretérito indicativo ou viva o pretérito perfeito. No máximo relembre alguma coisa com um tom saudosista de pretérito imperfeito, porém esteja outro tempo verbal. Esteja presente.
Eu tinha várias páginas de cadernos preenchidas, tinha uma taça de vinho esperando com desespero de ser enchida e, principalmente, tinha uma mente sofrida e criativa. Não me preocupava com as páginas preenchidas, estava mais focado nas vazias, aquelas ficavam por vezes bem acompanhadas, mas por vezes por muitas noites sozinhas. Até ausência criativa era poesia.
Aquela era noite que a taça vazia não preocupava, eram noites de vinho por doses. Caras doses servidas por uma garçonete de hipóteses, ela poderia ser outra bela noite de cama desperdiçada. Ela era escultura bem desenhada, mas outra era encantadora vida desperdiçada. Afinal a tempos essa era a pandemia perpetuada de sociedade praticada.
Por fim aquela noite me rendeu uma moça de mágoas, mas um caderno de páginas ocupadas.
A poesia é recurso inesgotável, vertente presente nos rios do imaginável. É experiência de vivência, mentira de inocência, história que se inventa ou diálogo com a sofrência.
Para meu observar ela escolhe portador. Escolheu a mim um doente da fala, prisioneiro da falta por longa data.
Poesia é morada, salvação de muita alma por terapia literária.
Tem pessoas que não prestam atenção na sua grandiosidade de crescer, passam eles mesmos sem perceber.
Ela mesmo, era menina de viver condicionado, percurso rotulado de terceiros ditados. Por tempos foi de esconder sua preferência, poucos vislumbraram tua essência, beleza e decência. Era vida desatenta de terceiras exigências, se medicava de problemas que ela mesmo inventa, é sentença desatenta menosprezando beleza como pena, mas sem pena.
Adolescente de anos por hipóteses para mãe de recordes. Vi menina virar mulher, mas não uma qualquer. Era mãe empoderada, guerreira dedicada a vitórias não explicadas, marcadas e superadas por Alicia a sua alma.
Era um sábado, daqueles de céu nublado e bar lotado. Para outros lábios era o vestido surrado, o batom borrado ou o cabelo cacheado. Só que para mim era o olhar de recados, feito poema que não precisa ser recitado. Não sei se era o andar determinado, aquele ALL star acabado ou o eu estar embriagado.
Eu era de olhar encantado para seus lábios que eram por outro copo deitados e sim, era whisky barato. Recado dado, outro dia frustrado, mal acabado, mas conforto era silêncio claro, estávamos embriagados e isso logo seria passado.
Permaneci encantado, mas em outro canto parado, afinal me cativava o imaginado. Era tudo bem claro, ela era noite de poema eternizado.