Mary Princess
Mas a real é que quando o vi pela primeira vez, nunca mais consegui esquecer. Eu me senti tão feliz, tão diferente, tão deslumbrada, inspirada. Eu nunca o havia visto na vida, no entanto era como se já o tivesse visto, só não lembro quando.
A verdade é que frente à imprevisibilidade do amor, o que podemos fazer?
Se ao menos tivéssemos a prerrogativa de viver de invenções, mas é fato que nossa imaginação não tem mais o mesmo poder de antes e o faz-de-conta perdeu a graça.
Se fosse possível escolher amar e não sofrer...
Se eu não tivesse de lidar com essa certeza. Pergunto-me por quê? Por que eu gosto tanto? E a resposta mais cabível é o silêncio do seu olhar fitando o meu. Não há mais nada que eu teime em querer.
Quem não respeita meu passado, não pode dizer que me ama. Quem não aceita minhas imperfeições não pode afirmar que me conhece.
Você não precisa usar o cabelo das artistas nem a bolsa mais cara. Abuse de seu sorriso e ilumine o mundo, começando pelo seu.
Que te quero é tão certo e eu não posso negar ou pensar que não pode dar, se eu não tentar por nós, se eu não confiar, o que dizer se eu já extrapolei sua boa vontade?
Das mil formas de dizer, te devo um bocado. Muitas explicações. Preciso aprender as outras 999 e as que ainda podem surgir. Se tudo isso não passar de uma fase, eu juro que há de ser a melhor, a mais linda possível, com todo romance digno de te impressionar. Poetisa não sou, fraquejo na minha missão. Designada a ouvir não. Sonhar sem fé, então por que me enganar se nem mesmo creio no que estou convictamente pedindo? Não faz sentido algum, se todas as dúvidas se punem e eu não subo, somente tropeço. Sorrio para que tudo esteja bem. Digo não, querendo dizer o que não posso, preferindo dizer que não quero e o não querer é um adorno tão falso quanto àquelas pessoas todas que me desejam feliz aniversário e viram o rosto pra mim o resto do ano. Inútil covardia, falta da garra, do moralismo de droga que me enche de culpas por te ver desse jeito. Pensar no que deveria realmente escrever. Lá se vai metade do entusiasmo. A outra metade já se perdera no processo natural de desintegrar as vontades todas em um texto só, uma dedicatória boba. Procuro me conformar. Repudio a verdade ou caio em contradição?
Ouço vozes, mas são tantas que me parecem apenas um grito só. Eu não entendo mais nada, não sinto mais nada, não sei quem sou.
Não sei se já aconteceu com você de colocar pra fora tudo o que sente e depois nunca mais ter coragem de ler ou falar sobre aquilo.
Dilemas de um quase amor
Esse tédio que me perseguia desde a infância era possivelmente o vazio existencial que eu buscava compensar não tendo plano algum de vida.
O futuro se apresenta diante dos meus olhos e eu não vejo nada, nada. Eu não me vejo seguindo as minhas escolhas. Isso não é insano?
É muito triste conviver com a solidão, preencher o espaço deixado por pessoas vazias que prometeram, não cumpriram e simplesmente partiram, machucando, acima de tudo, o meu coração, tratando-o como um objeto sem qualquer valor. Mais triste é fingir que eu lido bem com o fato de não ter amigos, mas é claro que essa máscara já caiu e eu mostrei minha fraqueza ao mundo mais uma vez. Eu esperei de novo que sentissem minha falta, que minha dor não se ativesse aos versos e alguém além de mim compreendesse o quanto é chato passar dias e dias me magoando na timeline com aquelas palavras direcionadas a minha pessoa. O que eles pensam? Que eu não sinto? Que eu sou um robô? Pois o que eles não sabem é que eu não sou fresca, apenas triste. A dor me ensinou muitas coisas e nem sempre eu consigo aplica-las no meu cotidiano, não da maneira que eu queria. Eu não aguento mais segurar o choro, não quero ser tachada de menininha porque lavei a alma. Não aguento mais trancafiar tantas verdades. Na hora de me magoar, ninguém pensa duas vezes.
Quando a minha boca uma vez disser
EU TE ODEIO
Mil vezes meus olhos vão dizer
EU TE AMO
E meus olhos não costumam mentir!
Na Vila você sempre vai dever 14 meses de aluguel, fugir das cacetadas da Dona Florinda e fingir que não é o boneco da Bruxa do 71, quer dizer, da Dona Clotilde.
Chiquinha não pode ficar sem pai. A Dona Neves é uma boa bisavó, mas um pai é muito importante e você é o melhor pai que a Chiquinha poderia querer. Ela não me deixará mentir.
Em quem o Chavinho vai se inspirar?
A quem o Kiko vai chamar de gentalha?
O que irão dizer quando a Glória vir visita-lo? Aonde ela vai te encontrar?
A vila vai perder toda a graça para a D. Clotilde. Para quem ela vai cozinhar e desfilar com o chapéu atrevidamente exótico?
O Seu Barriga vai perdoar sua dívida, mas ele sabe que encontrar emprego é tão difícil, quanto mais sustentar uma criança com os preços constantemente influenciados pelos energéticos.
Já perdi a conta das risadas que você me proporcionou, do quanto eu sonhei em passar minhas férias em Acapulco com a turma toda. Você não tem ideia da falta que faz, que deixou em cada um que te acompanhou e ainda o faz há tantos anos que eu quero ter tempo de poder dizer aos meus filhos e netos que a Vila é atemporal e lá ninguém envelhece. Isso costuma acontecer quando as pessoas se corrompem por fama e dinheiro, quando deixam de ver graça nas coisas simples e se contentam com pornografias e enredos superficiais e bestas.
Quem vai defender o Chaves no julgamento?
Quem vai ensinar futebol americano pras crianças?
Quem vai vender os churros higiênicos da Dona Florinda?
Quem vai preparar o desjejum do Chaves?
Quem vai teimar com o Professor Girafales e dizer-lhe que está cometendo uma “calhúnia”?
O Jaiminho evita a fadiga. O restaurante seria mais movimentado com o garçom mais caricato e boa pinta de todos os tempos, mas você se foi antes disso. Quando eu nasci, você já tinha morrido.
O amor me hostiliza. Estou em guerra com o silêncio. Quantos dias eu ainda terei de lidar com o impasse, nem sequer posso prever. Bom se fosse o último, se o travesseiro não precisasse mais secar minhas lágrimas, aquelas que durante o dia eu finjo não ser parte de mim, quando cumpro minhas atividades e ao lado dos meus amigos tento ser alegre e me mostrar forte, para que ninguém se preocupe comigo.
Com os pés no chão, sem ver o que você nunca mostrou. Eu deveria ter me comportado como uma adulta. Mas você disse que me amava. Sem desconfiança, te correspondi. Você ainda estava no passado, por que não me falou que nada estava resolvido? Por que sumir e me deixar à deriva sem qualquer resposta?
Usar-me para ocupar o espaço deixado foi um jogo muito sujo da sua parte, eu esperava bem mais de uma pessoa que se diz tão culta e madura. Você não é nada disso. Sim, eu te digo que você é tão imatura quanto eu, porém eu nunca te prometi que substituiria sua amadinha, eu nunca tive essa presunção. Queria marcar, te fazer feliz da maneira que podia. E eu me esforcei, sei que sim, também sei que chorar por você é criar mal estar, sensação de pena e eu não quero que você tenha “pena” de mim.
Você não gostaria de estar no meu lugar, teimar com a culpa, reconhecer as próprias fraquezas e declarar que está completamente sozinha. Estou sim. Dessa vez, entretanto, é pior do que as outras porque antes eu tinha a esperança de que algum dia eu encontraria que fosse me amar de verdade e agora eu não estou certa de mais nada, apenas com medo de ser sempre um tapa-buraco na vida dos outros, sem deixar lembrança alguma, apenas passar, exatamente como um segundo faz, passar e ninguém perceber.
Vejo-te tão feliz nos braços dela, não posso evitar a dor. Eu ainda queria o seu amor, como eu queria. Ser ela, para que você me amasse sem fugir. Para não ser a criança boba que ficou sem doce, que perdeu a boneca preferida. Talvez não passe de uma inveja boba, querer o que vai perder a graça. Talvez não passe de uma efêmera paixão de estudante.
Dilemas de um quase amor
Eu escondi muitas coisas sobre o meu passado, detalhes que te interessavam. Em nenhum instante eu fiz com a intenção deliberada para te ferir. Não queria que você se sentisse traído, ofendido, mas foi inevitável. Um dia eu criaria coragem para ir adiante com você, provar que o amei. Claro que sim. Renegar sua participação na minha história é o mesmo que me desmemoriar, te isentar das boas mudanças que aconteceram comigo no período em que estivemos juntos. Sei que agora palavras não vão te acalmar, mas é o que eu tenho a dizer. Que um dia, quando você estiver mais calmo e conseguir pensar sem tanto me odiar, talvez entenda que naquela conjectura eu não tinha outra saída. Eu não queria desistir das coisas. Nunca esteve no meu sangue a falta de garra. Eu sempre quis pagar pra ver. O quanto eu quis seu amor, você não faz ideia, no entanto, felizmente, eu me preparei para a sua indiferença. Não vou dizer que não machuca a sua rispidez, a facilidade com que você me descartou, sem nem sequer querer me ouvir. Tudo bem, é apenas mais uma porta fechada. Eu não quero te obrigar a me amar e me entender porque seria humilhação demais e eu já sofri muito, eu não tenho tempo para esperar você crescer e parar de colocar as pessoas num pedestal, querendo que elas sejam o que você idealiza, não o que elas são. Você depositou as expectativas todas em cima de mim, isso sim é desleal porque eu nunca te disse que era perfeita. Nunca quis ser. Queria o seu amor, você não me deu, me abandonando quando eu mais necessitava do seu colo, da sua presença, do conforto de suas palavras, por mais breves que fossem. Em troca, você me deixou sozinha e está fazendo de novo, cometendo o mesmo deslize, mas eu não sou mais garotinha, não vou perder mais um segundo gritando. Agora esse adeus é em definitivo.
Confissões de Laly
Sou fortemente guiada pelas emoções. Parceira da nostalgia. Em nome do amor. Só pareço bem porque não estou nem um pouco. Eu só disfarço para que acredite e sei que estou convencendo, mas e aí, quantos se importam?
Se eu imaginei, não sei lembrar;
Eu despercebi o detalhe mais importante
Desaprendi como se diz
Porque seguramente me enclausurei aqui
Onde nada pudesse me afetar...
Você chama isso de frieza, eu de defesa...
A razão e a emoção,
Sempre a culpa é delas...
Mal dosadas, um verdadeiro escarcéu...
Mas eu me enganei de novo
Porque antes que eu me desse conta
Você me pertenceu, sonho bom...
Você me decepcionou muito hoje. Poderíamos ser amigos para sempre se você quisesse. Eu iria até onde você estivesse para te amparar e em que tudo estivesse ao meu alcance faria para te ver sorrir, te ajudar, mas você conseguiu quebrar algo que nem mesmo o perdão traz de volta: a confiança. Quando a perde, nem mesmo o discurso mais bonito recupera todas as lágrimas e a sensação de ter sido usada.
Simplesmente Tita
Se eu estivesse legal, não faria silêncio quando dentro de mim os ruídos são praticamente insuportáveis. É lógico que as coisas não estão como deviam estar, que eu estou precisando ficar sozinha pra poder entender de fato se eu sou quem eu sou, se eu ainda sou quem penso ser e se quero o que tanto penso querer.
Eu sei que fizemos o trato de não escondermos nossos sentimentos e eu falhei com você. Não quer dizer que eu não te ame, que eu não te queira mais. Eu te quero tanto quanto posso entender. O que eu sinto por você não mudou. Foi fácil inventar desculpas pra te evitar, quando eu deveria te dar alguma explicação, por mais simples que fosse. Eu tirei esse direito de você porque pensei que lidaria com tudo sem precisar da sua ajuda.
E era um erro pensar que eu conseguia lidar com aquela incômoda saudade que eu não devia sentir. Não por ele. Não sabendo de que modo àquela história iria terminar. Mas o cerco estava se fechando. Não adiantava mentir da boca pra fora. Eu já estava apaixonada. Novamente.
Puppy Love
Eu amava aquele mundo de contos de fadas em que as meninas feias ficavam bonitas, os príncipes salvavam as princesas e as bruxas malvadas morriam no final. Eu queria que as palavras percorressem o mundo todo até me encontrar, até montar uma história que fosse só minha e de mais ninguém.
Puppy Love
Foi um grande erro remexer nas amortecidas feridas. Pensei que poderia suportar, que era autossuficiente e não me importaria em não fazer parte da vida de ninguém. Essa verdade travestida de mentira me é um grande tormento. Peço um pouco de arrego à minha alma, não aguento mais passar tanto tempo sem um abraço, sem alguém que me ame de verdade. Meu coração está muito machucado, eu preciso de colo, de alguma certeza que não me seja tirada, que continue servindo, de alguém que não acredite em mentiras, alguém que me aceite do jeito que eu sou.
Meu olhar é melancólico. Ele é a janela da minha alma. Como pode uma pessoa deprimida tirar fotos sorrindo se apenas estará mentindo? E hoje, com esse egoísmo social vigente e regente das relações, cada vez mais superficiais, quem é triste não tem valor. As pessoas não querem ficar perto de quem não é feliz, de quem nem sequer se dá ao trabalho de dissimular. O importante é ter algo que haja benefício. Caso contrário, esqueça! É cruel, é. É o mundo, não sou eu que estou fazendo sensacionalismo. O mundo me exclui, primeiramente porque estou fora do padrão de beleza, porque não exponho o que comi, ganhei, não me contento em ler 140 caracteres e viver de compartilhamentos clichês, porque eu quero mais que encher a cara ao lado de pessoas que vão me descartar logo depois, minha balada é solitária, ritualista... Espero que essa tristeza toda não me deixe um ser humano frio que joga na mesma moeda que o restante. É só o que eu espero num mundo em que não se deve esperar nada, mas se preparar sempre para o pior, para ver a pior face dos humanos, para ver coisas que te deixam desacreditado de um futuro melhor, que te deixam com medo do que possa vir pela frente.