Marquês de Maricá

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O trabalho involuntário ou forçado é quase sempre mal concebido e pior executado.

Se fôssemos sinceros em dizer o que sentimos e pensamos uns dos outros, em declarar os motivos e fins das nossas ações, seríamos reciprocamente odiosos e não poderíamos viver em sociedade.

Há enganos que nos deleitam, como desenganos que nos afligem.

Não somos sempre o que queremos, mas o que as circunstâncias nos permitem ser.

Ninguém avalia tão caro o nosso merecimento, como o nosso amor-próprio.

Não é raro aborrecermos aquelas mesmas pessoas que mais admiramos.

Como a luz numa masmorra faz visível todo o seu horror, assim a sabedoria manifesta ao homem todos os defeitos e imperfeições da sua natureza.

Ninguém quer passar por tolo, antes prefere parecer velhaco.

O espírito de intriga inculca demérito nos intrigantes.

Há um limite nas dores e mágoas que termina a nossa vida, ou melhora a nossa sorte.

Somos muitos francos em confessar e condenar os nossos pequenos defeitos, contanto que possamos salvar e deixar passar sem reparo os mais graves e menos defensáveis.

O lisonjeiro conta sempre com a abonação do nosso amor-próprio.

A paixão da leitura é a mais inocente, aprazível e a menos dispendiosa.

Ninguém se agasta tanto do desprezo como aqueles que mais o merecem.

Os velhos dão bons conselhos para se redimirem de ter dado maus exemplos.

A morte anula sempre mais planos e projetos do que a vida executa.

Num povo ignorante a opinião pública representa a sua própria ignorância.

Os bens de que gozamos exercem sempre menos a nossa razão do que os males que sofremos.

Não é a fortuna, mas juízo somente, o que falta a muita gente.

Quem muito nos festeja, alguma coisa de nós deseja.

Os maus não são exaltados para serem felizes, mas para que caiam de mais alto e sejam esmagados.

É tal a falibilidade dos juízos humanos, que muitas vezes os caminhos por onde esperamos chegar à felicidade conduzem-nos à miséria e à desgraça.

O que ganhamos em autoridade, perdemos em liberdade.

Enganamo-nos ordinariamente sobre a intensidade dos bens que esperamos, como sobre a violência dos males que tememos.

A dissimulação algumas vezes denota prudência, mas ordinariamente fraqueza.