A razão, sem a memória, não teria materiais com que exercer a sua atividade.
A opinião pública é sempre respeitável, não pelo seu racionalismo, mas pela sua omnipotência muscular.
Nos nossos revezes, queremos antes passar por infelizes, do que por imprudentes, ou inábeis.
A razão também tiraniza algumas vezes, como as paixões.
Os moços de juízo honram-se em parecer velhos, mas os velhos sem juízo procuram figurar como moços.
Não invejemos os que sobem muito acima de nós: a sua queda será muito mais dolorosa do que a nossa.
A sinceridade imprudente é uma espécie de nudez que nos torna indecentes e desprezíveis.
Achar em tudo desordem é prova de supina ignorância; descobrir ordem e sistema em tudo é demonstração de profundo saber.
Muitas pessoas se prezam de firmes e constantes que não são mais que teimosas e impertinentes.
Quando os tiranos caem, os povos levantam-se.
Desperdiçamos o tempo, queixando-nos sempre de que a vida é breve.
O louvor não merecido embriaga como o vinho.
É mais fácil perdoar os danos do nosso interesse que os agravos do nosso amor-próprio.
Mudai os tempos, os lugares, as opiniões e circunstâncias, e os grandes heróis se tornarão pequenos e insignificantes homens.
A autoridade de poucos é e será sempre a razão e argumento de muitos.
Os velhos que se mostram muito saudosos da sua mocidade não dão uma ideia favorável da maturidade e progresso da sua inteligência.
O ódio e a guerra que declaramos aos outros gasta-nos e consome-nos a nós mesmos.
A familiaridade tira o disfarce e descobre os defeitos.
A preguiça dificulta, a atividade tudo facilita.
Há muita gente para quem o receio dos males futuros é mais tormentoso que o sofrimento dos males presentes.
Há mentiras que são enobrecidas e autorizadas pela civilidade.
É mais útil algumas vezes a extirpação de um erro que a descoberta de muitas verdades.
Os conselhos dos moços derivam das suas ilusões, os dos velhos, dos seus desenganos.
Quando defendemos os nossos amigos, justificamos a nossa amizade.
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Os nossos inimigos contribuem mais do que se pensa para o nosso aperfeiçoamento moral. Eles são os historiadores dos nossos erros, vícios e imperfeições.