Marjila Agostini
Gosto daquelas pessoas que te encaram com um sorriso no rosto.
Se é falsidade ou não, a gente nunca sabe, mas que o nosso dia fica melhor, ele fica mesmo!
Eu não sou o tipo de pessoa que guarda rancores.
Mas também não sou o tipo de pessoa que abraça as decepções.
"Você está sóbria, mas as pessoas insistem em te embriagar.
Uma dose de estereótipos, alguns goles de "melhore, não está bom".
Por favor, não quero, não sirva, cansei.
Elas chegam com garrafas cheias e enchem o seu copo.
"por que você não muda isso?", "se eu fosse você mudaria aquilo".
Acho que vou vomitar. Não aguento tanta ignorância.
Por isso prefiro estar só e sã."
"Talvez eu precisasse parar e relembrar de todas as vezes em que meu travesseiro encharcou-se das minhas lágrimas. De todas as vezes que suspirei de cansaço físico e mental. Talvez eu precisasse novamente sentir, aquela dor no peito, fruto de angústia, decepção e solidão, para só assim aprender que devo confiar mais em mim. "
"Não poderia eu, viver em meio a este pequeno globo terrestre, sem desejar a imensidão. Quero mais, quero além. Sendo eu, uma pessoa feita de sonhos, não poderia caminhar por este mesmo solo frio e sem vida. Voar, mas por onde? Se mesmo as nuvens fossem de algodão, poderia até deitar sobre elas e repousar. Dizem que devia ter calma, colocar os pés no chão e não desejar tão alto. Mas não seria eu se não sonhasse mais que o possível. "
Observar, questionar, procurar respostas.
Torno-me poeta de histórias verídicas.
Contos de drama, capítulos de um livro ou uma coletânea gigantesca sobre depressão e decepção.
Ouve-se falar sobre felicidade mas, quando ela realmente chegará?
Em plena profundidade, afogo-me lentamente. Não só de lágrimas é feito este mar, mas do mal de amar.
Por um acaso, cá estou, em recesso. Em recomeço quanto à minha identidade.
Espelho-me em sorrisos alheios e vozes doces. Desaprendi daquilo que me mantinha em bom humor.
Como em um inferno, astral, psicológico. Fase de sofrência.
Acumulam-se feito bolas de neve, os sentidos mais frios.
É de um jeito natural que as coisas acontecem.
Tampouco pudéssemos prever ou calcular previamente.
É no mais tardar da vida, em um dia qualquer, no despreparo, quando tudo parece sem solução, que surge como ventania, alguém pra devassar toda a sua morada.
Alguém que bastando chegar já traz boa companhia.
Alguém que tem palavras certas para confortar, e também para motivar.
Ainda que o mundo seja feito de vilões e crueldade, em sua plenitude existe, uma porção escondida de pessoas boas.
Se pudéssemos ter, em nossas vidas, somente aqueles que nos dizem para "ir em frente", "ser fortes", teríamos corações límpidos e sentimentos recíprocos.
Mas a vida, ela nos dificulta.
Embriaguei-me, de forma a provar toda e qualquer aflição.
De ressaca, resisti às debilitações que açoitaram-me.
Caí, tanto. Mas agora de pé, conservo-me no desejo de renovação, recomeço e resiliência.
Comportei-me de modo a parecer decente, desencorajada pelo pudor.
Não queria eu, ofender aos olhos alheios com minhas ideias distintas e absurdas.
Segui a ordem retilínea que me impuseram, a fim de colaborar para a especulada e apetecida "dignidade".
Mas não foi o suficiente. Nunca foi.
Insistiam em me dar lições e me mostrar padrões.
Calei-me.
Até descobrir que nada disto me interessava.
Não me era peculiar adentrar em um personagem inexistente, um ser estúpido que atendia aos desejos e ganâncias alheias.
Naquele despertar primordial, renasci, com a pretensão de recuar-me somente aos meus princípios, somente a minha doutrina.
Desprendi-me do paradigma e acolhi a minha própria e íntegra identidade.
Soube de uma vez, que nunca se tratou de padrões, estereótipo ou mérito.
A dignidade que precisava, estava em me fazer moradia de sentimentos justos e respeitáveis. E somente isto.
Jamais me calariam novamente.
Talvez eu esteja só. Ou seja só.
Talvez seja porque espero demais das pessoas.
Talvez a solidão então, seja minha melhor companhia.
Talvez eu jamais me cure.
Talvez eu não me importe.
Talvez doa, mas mesmo assim supere.
Talvez caia, mas mesmo assim levante.
Talvez eu tenha traçado o caminho errado.
Talvez a culpa seja somente minha.
Talvez tenha eu, isolado-me.
Talvez irei descobrir a fórmula secreta.
Talvez ela seja a amizade.
Talvez eu seja muito exigente.
Talvez complicada.
Talvez as pessoas não compreendam.
Talvez um dia, eu me importe.
Talvez a solidão, já se sinta em casa.
Talvez a solidão, tenha acorrentado-se ao meu coração.
Talvez ele então, tenha acostumado-se.
Talvez amanhã, ou na próxima vida...
Talvez nunca nada mude.
Talvez, talvez.
O passado é o melhor espelho das nossas atitudes. Capaz de nos mostrar tudo aquilo que foi errado, e capaz de nos motivar a ser melhores.
De repente você se vê beirando um abismo, que você mesmo criou. Parece um pesadelo, mas é o resultado de tanto tempo se dedicando aos outros e não a você.
Eu pedi que, por favor, não rompessem aquilo que ainda restava da minha confiança. Mas o fizeram. Esse sentimento foi desmembrado de mim, e já não saberei mais confiar.
A pessoa que você vê, pode não ser do jeito que você imagina. A pessoa que eu sou tem muito mais a oferecer do que mostrar.
O despertador soou cedo. A noite pareceu ter sido tão curta. Meus pés descalços sob o piso frio percorrem o quarto até o banheiro. Vejo-me natural em frente ao espelho, sem os efeitos diários que cobrem o meu rosto, o batom, a maquiagem, por hora escondem a minha essência. Sei quem estas ali, ainda que, a ignorância do mundo coloque-me rótulos. Algumas rugas aqui, que chegam acompanhando os anos. Tudo tão meu. Sim, meu. Frente à frente, sozinha comigo, percebo que nada mais, e nem ninguém pode falar ou escolher por mim. Amei-me, amo-me e amarei-me. De todo o amor que tiver em mãos, darei à mim, pelo menos a maior parte.
Ontem a noite, tive um daqueles sonhos insanos. Daqueles que vivenciam os desejos mas obscuros escondidos no sub-consciente.
Juro que estaria condenada à morte.
Como se fosse realmente real, tremor, suor, ansiedade e todas as emoções possíveis, à flor da pele.
Não devo preocupar-me, afinal, só mais uma súbita fuga da realidade.
Deito-me mais uma vez, sob o mesmo travesseiro que guarda meu corpo enquanto minha mente e alma viajam por territórios inexistentes. Viajam a fim de desfrutar das infinitas possibilidades dadas pela minha tão fértil imaginação.
Por favor, não me acorde.
Não suma, por favor. Não fuja. Não vá.
Se implorar torna-me uma desesperada, então é desesperada que estou.
Poderia eu, te aprisionar em meu corpo e amarrar suas mãos as minhas como se nada bastasse.
Por favor, chegue cá. Chegue mais perto, cada vez mais.
Se for, me leve. Me carregue, feito uma cesta em seus braços.
Se decidir ir, não fico, te sigo, te procuro.
Ainda que ar me faltasse, respiraria você.
Éramos mais de um. Nunca estive só. Estávamos sempre em sintonia. Que seria de mim sem meu eu-lírico? Que graça teria uma vida sem que eu pudesse narrar, desenhar, interpretar? Estive em completa ilusão, em completa solidão até me encontrar em uma folha de papel. Pude então saber mais sobre mim. Pude mostrar mais sobre mim. Cá comigo, meus pensamentos, meus desejos, minhas invenções e uma insaciável vontade de escrever.
Realmente, falo sozinha, xingo, brigo e meus pensamentos surgem como armas de fogo preparadas para a guerra.
Não temerei o estrago causado pela força de minhas razões.
Não negarei, em hipótese alguma, o uso de minha mais nobre sinceridade, mesmo que custe, que custe a satisfação alheia.
Encontro-me em colisão com o mundo e as pessoas. Encontro-me em sentença.