Marina Rotty
Não é porque o swing trouxe felicidade para o coleguinha que ele vai fazer o mesmo por você.
Não viva pelos outros, viva por você.
Enquanto alguns botões não abriram,
outras flores já se foram.
Cada um a seu tempo.
Todos igualmente dignos.
Sou um todo feito de partes que se procuram e buscam se integrar. Algumas bem conhecidas, outras tão escondidas; equilibrando-se constantemente dentro de mim.
Por onde você tem andado?
Que sapatos você tem usado?
Quais dores tem suportado?
Os ventos tem sido favoráveis?
Suas roupas tem lhe protegido?
Ah, mundo...
Como podes ser tão duro?
E o mundo, sem parar seu trabalho, responde:
Ah, você...
Poderia andar na areia, mas escolhe o asfalto
Poderia usar um calçado, mas escolhe ir sem nada
Poderia resolver sua dor, mas escolhe abraçá-la
Poderia construir um abrigo, mas escolhe sentir o vento
Poderia tecer novas roupas, mas escolhe costurar os trapos.
Todo dia há uma oportunidade para ser gentil. "Bom dia", "obrigado", "me desculpe"... Palavras tão simples cheias de poderes subestimados!
Nem tudo o que serve pra você vai servir pra mim também.
Senão, você se olharia no espelho e me veria.
Ir para a luz, fugir das correntes, sair da escuridão, meus amores, dá medo. Muito medo. Tanto medo que milhares de pessoas preferem continuar atrás da parede, presas, olhando para projeções que lhes são apresentadas do que encarar as coisas como elas são.
As pessoas vão para o mundo liberal realizar fantasias, e quando encontram um ambiente de liberdade elas soltam todas, não apenas as sexuais.
Enquanto não há mudança, continuamos como prisioneiros na caverna, fazendo questão de ignorar a irrealidade da nossa própria realidade.
É tão apavorante se dar conta de que toda a sua vida tem sido numa caverna que é mais fácil continuar ali, preso, do que reformular sua realidade.
É direito de cada um acreditar no que quiser. Só não venha dizer que o outro é que é louco porque, na verdade, ele pode estar vendo aquilo que você se nega a enxergar.
Apesar de tudo e de todos, viva.
Viva quando estiver feliz,
Viva quando a tristeza chegar,
Viva quando o vento vier forte
E te tirar do seu lugar.
Apesar de tudo e de todos, viva.
E surpreenda-te contigo mesmo,
Descubra a tua força,
Pra que quando chegar a tua hora,
Tu possas dizer
Apesar de tudo e de todos, vivi.
Desde que nascemos somos condicionados a reconhecer amor através de recompensas que nos são dadas. É a estrelinha dourada na tarefa correta, o 10 na prova, o "muito bem" depois de uma realização.
E quando a gente cresce continua correndo atrás das estrelinhas douradas em nossos relacionamentos, em nosso trabalho, esperando sermos amados por conta do que fazemos ao outro. E nessa busca, a gente copia e cola as expectativas dos outros na nossa vida, deixando de fazer aquilo que nos deixa felizes para garantir que a sociedade nos entregue a estrelinha no fim do dia.
Você já consegue ser quem é ou ainda busca uma estrelinha dourada de alguém?
Às vezes me dá vontade de escrever textão... Mas hoje não.
Hoje não.
Tenho sim muita coisa pra dizer, sinto que ainda não fiz metade do que tenho pra fazer nessa vida... Mas hoje não.
Hoje não.
Hoje é só pra mim. Só pra cuidar de mim, me dar vários mimos, me dar vários "sim' s". Sofá, cama, comida caseira, amor de família. Quem sabe mais tarde, amor de amigos. Ou de amantes. Vocês me perdoem mas...
Hoje é só pra mim.
Porque a vida não é feita só de alegrias ou coisas boas, mas são elas que fazem a gente enfrentar o que for, questionar verdades absolutas e decidir ir em frente naquilo que acreditamos.
Saudade do que já foi e do que ainda virá,
Do que ganhei e do que perdi,
Saudade do que não foi nem nunca será,
Daquilo que senti, daquilo que pensei,
Saudade do que acreditei, saudade do que defendi,
Dos risos, dos frios, dos olhares e beijaços,
Quem pode trocar comigo
Saudade por realidade
Só pra viver de novo e depois,
Morrer de saudade?
Fiquei nua.
Tirei a roupa, o sapato, o laço do cabelo.
O brinco e o anel também.
A lingerie se foi, a maquiagem saiu,
O esmalte vermelho das unhas
A acetona removeu.
Nada me cobre além dos olhares
Hipnotizados
Irados
Extasiados.
Fiquei nua
E me sinto protegida
Forte e poderosa.
É que a luz, antes bloqueada pelos trajes,
Brilha.
Irradia.
Ofusca.
Viro a essência do desejo!
Há quem odeie, há quem adore,
Há quem projete seus lixos - vai que a luz os consome...
Santa cobiça, que de santa não tem nada.
E a culpa é do cobiçado
Ou de quem não fica nu?
Assim eu sigo, equilibrando o primitivo e o sociável dentro de mim. Até já acostumei, e quanto menos penso nisso, mais eu morro por dentro. Oras, não é isso mesmo o que a sociedade quer? Mais pessoas seguindo as ditaduras, menos seres pensantes?
Uma luta eterna entre aceitar o que eu era e fazer o que os outros queriam. Ainda hoje essa luta existe. Silenciosa mas voraz, íntima mas reverberante. Vivo um conflito constante, ser o que sou ou ser o que o mundo quer que eu seja.
O mundo não aceita o diferente. Mesmo os que pregam a diversidade carregam a culpa de não aceitar que os outros não queiram lidar com o diferente como eles querem que todos aceitem.
Eu nasci diferente. Diferente na alma, no pensamento, no coração. Diziam que tinham me trocado na maternidade por querer coisas diferentes do resto da família.
Fui atrás do diferente porque era o natural para mim, mas diziam que eu queria aparecer. Escolhi um curso diferente dos amigos, estudei instrumentos musicais diferentes da maioria.
Não queria ser médica, advogada nem professora. Queria ser juíza de futebol e acabei na psicologia, uma profissão que enxerga o diferente.
Sempre fui diferente. Nunca me deixaram. Era imprescindível que me encaixasse nos modelos sociais, pois uma menina na minha época não tinha direito de ser diferente. Aprendi que não era legal ser diferente e perdi metade da vida buscando ser igual aos outros.
Querendo comer o que todos comem, vestir o que todos vestem, fazer o que todos fazem. Ao mesmo tempo, algo me pressionava o peito para que eu não matasse o diferente dentro de mim.
Uma luta eterna entre aceitar o que eu era e fazer o que os outros queriam. Ainda hoje essa luta existe. Silenciosa mas voraz, íntima mas reverberante. Vivo um conflito constante, ser o que sou ou ser o que o mundo quer que eu seja.
Assim eu sigo, equilibrando o primitivo e o sociável dentro de mim. Até já acostumei, e quanto menos penso nisso, mais eu morro por dentro. Oras, não é isso mesmo o que a sociedade quer? Mais pessoas seguindo as ditaduras, menos seres pensantes?
Texto pensado por Marina Rotty, numa tarde de verão qualquer…
Receita:
Fazer diferente
2 xic de rotina
1 xic de indignação
1 xic de amor próprio
2 col de criatividade
1 porção de coragem
1 pitada de bom humor
Pimenta a gosto
Cozinha tudo em banho maria até dizer chega!