Marília Martins
Eu deixo a porta pra você entrar. Mas ao voltar, observe os versos e rascunhos amassados, escantiados e molhados. A pequena parte da dor sem fim de não ter você aqui.
O que você tem que me deixa tão viciada em você? Qual é o antídoto que me cura desse destino torto que insiste em te incluir na rota? Tô precisando de algum refúgio, precisando de um atalho. É urgente, preciso do meu coração inteiro outra vez.
Encontrei o meu príncipe, sem o cavalo branco, eu sei. Mas com um sorriso doce, e uma voz sincera que me faz suspirar e perder o ar devagar.
Esquece esse medo de se entregar, lembre-se: eu também o tenho. Mas acredite, não há nada que faça esse amor mudar, nem mesmo a turbulência lá fora.. Só escute a minha voz, ouça o que eu tenho a dizer “Você nao pode temer por querer algo que já te pertence”
Ainda bem que você se foi. Sim, me deixaste pela metade. Mas ao seu lado eu sempre fui meia. Meio amada, meio importante. Quando você partiu, deixou um vazio, diria que um lugar para alguém. Ah, esse alguém chegou e ele não me completa. Ele me transborda.
Hoje eu decidi que a partir daqui, ficarei só. Sem a tua companhia, sem as tuas sombras. Eu vou tirar do meu coração o que não convém. O teu amor sempre me machucou e nunca me fez bem. Eu não vou contar com a incerteza da certeza que não voltará. Eu não vou respirar um ar que me asfixia pouco a pouco, que tira o brilho do olhar. Preciso de um chá gelado, que revigore meu espírito e me limpe de você.
Eu procuro, mas não encontro. Eu vejo mas não enxergo. Tão pouco algo assim como a gente. É claro que eu nao prefiro esse amor, essa dor.. Queria muito assim sem notar, esvaziar esse meu coração. É mais forte, são muitas lembranças. Como se tivesse tirado uma parte da minha vida entende? Como se existisse duas “eus”. Uma antes e outra depois dele.
“Quero ouvir uma qualquer-quase-palavra tua, pretenção ou passageira vontade de me dizer que não há nada no mundo melhor do que eu e você. Mas se for pedir demais, eu peço pela gente, volte e devolve a sorte que levou daqui e traz consigo todas as partes que de mim retirastes e aderistes as tuas mãos e já que não tens a intensão de ficar, nao os vai usar pra ser em vão, deixei-os em meu coração, para que sirvam em alguma outra vez, se é que me surgirá a coragem de um novo recomeço, a partir do nosso tropeço em falsos amores espatifados sob os nossos passos, impedindo-nos de amar, reamar, nos amarrar. Pra sempre.”
Preciso de uma resposta, como se me faltasse apenas isso pra recuperar tudo o que eu perdi: A vontade de gostar de alguém, de ter confiança, de acreditar que sim. Nem que seja uma resposta do tipo “nunca te quis”. Apesar de tudo, não deixa de ser uma resposta, uma resposta torta mas seria suficiente pra me fazer acordar de tudo. Porque se eu ficar assim, no esmo, eu vou vivendo, não sei pra quê. Como se uma parte de mim tivesse sido retirada, sem a minha permissão e sem eu notar, foi tirada devagar, lentamente, de uma forma que eu notasse apenas quando ela já não estivesse mais comigo, só o buraco.. o vazio. É complicado, mas preciso de qualquer palavra tua, qualquer manifestação. Me bastaria.