Maria Paula Fraga
É, agora eu ando assim. Assisto programas que não me interessam, faço coisas que eu não quero, ouço músicas que eu não gosto e frequento lugares que não são meus. Vivo outra vida, interpreto outro papel, e ponho mais maquiagem , tentando mudar tudo que eu sou pra ver se muda também as coisas que eu sinto. Mas pouco importa o quanto eu tente. Uma hora o programa acaba, a música termina e mais cedo ou mais tarde eu volto pra casa. Então eu limpo a cara e volto a ser eu mesma, sem roteiro nem rímel nem blush.
Todo mundo usa todo mundo. Aceite essa verdade. Ás vezes por querer ficar, ás vezes pra tentar fugir e ás vezes só pra testar o próprio ego. E parece sempre tão necessário usar alguém, seja pra roubar alguma qualidade dele, ou pra doar alguma loucura nossa. Roubamos por medo, carência, ou vaidade, e geralmente doamos pelos mesmos motivos. Usamos o tempo, usamos o carinho, usamos as certezas. E por vezes deixamos usarem essas mesmas coisas nossas. O sentimento de quem rouba nunca é o mesmo do assaltado. Embora as razões em algum ponto se cruzem.
Mas apesar de suas variáveis, a verdade me joga na cara que por mais que ás vezes eu odeie as coisas que eu faço, nada vai mudar a história que eu escrevo. Não há borracha pra esse tipo de texto. Texto da vida.
Deixarei o mundo ser como é, acredito que só assim eu talvez encontre um porto seguro em algum lugar dele.
Permaneço esperando que o céu que eu agora tenho, sejao mesmo ao qual eu quero pertencer.
Iniciou-se um nova fase, mas ainda estou muito preocupada em manter os pés no chão pra perceber o brilho das novas estrelas.
Combinei comigo mesma de nunca fazer nada que eu vá me arrepender
e nunca me arrepender de nada que eu fizer.
(...) Sinceramente, detesto romântismo. Mas você vem com esse seu jeitinho bobo e acaba tirando de mim alguma frase ridícula que me faz prometer te amar pra sempre ou qualquer coisa parecida. Na hora é lindo, mas depois de dois minutos me esforço pra voltar a ser a Paula chata, não posso me acostumar a sair dizendo essas bobagens por aí,afinal, pra sempre é muito tempo...(...)
(...) E, a medida que eu ia percebendo o quanto ele era perfeito, mesmo com tantos defeitos e falhas, mais eu ia admitindo pra mim mesma como eu não merecia aquele cara, e de repente, toda a necessidade de ficar, se misturava com a vontade de sair correndo daquela perfeição toda, por que como todo mundo sabe... eu ia estragar tudo, mais cedo ou mais tarde.
Tantas palavras sem nenhuma atitude, tanto amor sem nenhuma prova. Desculpe, querido, nós nos enganamos muito feio!
Alguns chamam de paciência, outros de inteligência emocional, eu chamo de agendamento. Tenho pavor dessas situações completamente evitáveis em que alguém tenta organizar as próprias vontades, e o pior de tudo, me obriga a fazer o mesmo. Eu não sou organizável, nem eu, nem meus sentimentos, e essas pessoas que vivem pedindo calma e esperando a próxima hora chegar deveriam entender que eu tenho necessidade de agora e não posso agendar a minha fome. Não posso escolher querer depois, nem amanhã, nem daqui cinco minutos, nem semana que vem. Seria muito bom poder dizer: "vou te amar de segunda a quinta, das 2 ás 5. Sexta, sabado e domingo eu vou te esquecer um pouquinho, mas não se preocupe, segunda eu prometo que relembro o quanto eu te quero." e apesar de saber o quão impossível é datar a felicidade, eu ás vezes tento isso. Mas não pense que faço isso por alguém que decidiu organizar o momento que deseja a minha presença, ou por que talvez eu esteja aceitando a idéia de querer alguma coisa pela metade. Não é nada disso, mas é que se o preço de ser feliz por 4 dias, seja ser menos feliz por 3, no momento me parece uma boa oferta, afinal, pior que agendar a felicidade, é não saber quando ela vai voltar.
Não escrevo para que os outros me entendam. Escrevo apenas para tornar as coisas reais, Eu Me Escrevo.
Quando me disseram que eu podia apagar tudo que eu tinha escrito, acho que pensei que eu podia fazer o mesmo com as coisas que eu tinha feito.
[...]Preciso que todos entendam, que meu sorriso é quase um sacríficio, e que nenhum beijo meu vai ser promessa, ou proposta. Hoje eu quero, assim, sei lá, beber por beber, gostar sem gostar, me perder um pouquinho, pra ver se perco aquele amor também.
(...) lá estava eu, discando aqueles números decorados tanto quanto meu nome, e torcendo pra ninguém atender, e eu poder dizer a mim mesma de que pelo menos eu havia tentado! Mas, pra minha coleção de situações patéticas, ele havia atendido o telefone com voz de sono, não disfarçando em nada o mau humor.
Quase eu consertei, quase deu muito certo.
Quase te fiz feliz, quase eu te fiz muito feliz.
Quase um ano, quase a gente faz aniversário.
Quase fomos fortes, quase fomos muito fortes.
Quase durou, quase durou muito tempo.
Quase foi uma história, quase foi uma longa história.
Ou não.
[...] A verdade das minhas pretensões é que elas não são exatas, sendo assim me conformo com um absoluto talvez. Mas quem culpar pelas minhas próprias inconstâncias? Não há promessas pra que eu possa cobrar, não há planos pra que eu possa desistir. Não há nada e, por isso mesmo eu não desisto, seja lá do quê, seja lá de quem. [...]
É, com a nossa história meu bem, metade eu quero pôr no lixo, a outra metade eu quero esconder. Mas desde quando eu tenho as coisas eu quero? Nem você eu consegui fazer ficar aqui. Vai saber que fim vai dar meus sentimentos, ou minha memória, e mais aquelas coisas que eu ainda tenho aqui, mas que nem por isso são minhas, assim como você.
Então ao invés de lembrar das falhas, pensei no sorriso e na maneira como ele sentava com a perna embaixo do joelho, recordei a sensação de arrepido de quando ele colocava a mão da minha nuca, e em como eu adorava a maneira como ele arrumava o cabelo. Tudo isso foi motivo o suficiente pra eu esquecer o meu pedido pra Deus de que ele sumisse da minha vida e da minha mente.
Os finais são o conteúdo fundamental da minha história. Junto com um final, vem sempre pelo menos uma lição, vem sempre pelo menos uma saudade, e vem sempre aquela sensação obrigatória de que apesar dos pesares, a vida sempre continua. E com os começos? Chegam sonhos, expectativas, e novidades. Com esses começos, só chegam coisas perecíveis. Mas com os finais? Eu ganho muito mais.
"(Re)Começar quantas vezes for preciso. Apago e dou inicio a outra coisa. É necessário, é urgente. Acontecimentos passados são tão desprezíveis quanto qualquer outra coisa que não esteja aqui e agora. É tudo descartável do ontem, eu não quero mais. O remorso não me encanta, nem a saudade. Os nostálgicos que me perdoem, mas a minha memória é tão pequena quanto a vontade de olhar pra trás."
(...) Mas a cada coisa que eu amo, são as mesmas das quais ás vezes eu fujo. Não por fraqueza, mas por medo de querer demais e enjoar. Ás vezes sinto que gasto muito amor com certas pessoas. E se esgotar meu estoque de felicidade extrema? O que vem depois disso? Não é o tédio? Tenho medo que amor seja que nem um jogo de videogame, então, ás vezes paro de jogar pra não correr o risco de decorar as fases. Você entende?
Só posso contar agora dos meus pensamentos enquanto caminhava em direção ao prédio dele, meia noite e meia, com um cd e uma carta na mão. Apesar de ter avisado que eu estava indo, estava preparada pra me lamentar depois por ter gasto minha maquiagem pro porteiro. Pra minha satisfação ele me esperava lá embaixo. Agora começo a perceber que não importa o quão terrível a situação seja, quando a gente se olha sempre escapa um sorriso. Bom sinal.