Maria Paula Fraga
Gosto de pensar que ainda tem algo bonito entre nós, mesmo que na verdade, não tenha mais nada, nem de bonito, nem entre nós.
Há algo de triste por ser despedida e complacente por ser recomeço. É a vida se mostrando maior e mais forte que nossos planos extraviados e expectativas falidas. É o mundo provando que cada ganho e cada perda, na verdade, é só lição. Pra sermos melhores pros outros. Pra nós. Melhores agora, daqui em diante. E deixar os erros e falhas no passado, pois seria impossível carregar tanta coisa nova misturada com pretéritos. Se despedir e recomeçar é a lei do fim das fases. Recolha suas saudades da maneira mais tolerável possível e aceite seguir as regras de Deus, ou do acaso, tanto faz, apenas siga em frente, recomece.
A falta daquele tudo imperfeito que você sabia ser. E que nem sempre bastava, mas me prendia. A tua insuficiência completava meus exageros. Tua calma equilibrava minha pressa. E quando você sorria parecia tudo certo. A falta dos detalhes é suportável e insuperável. Suportável por serem detalhes. Insuperável por serem teus.
Deixemos o tempo envelhecer nosso corpo, ajuizar nossa mente e deteriorar nossas esperanças pra que percebamos o quão fúteis são nossas esperas. Abandone seus caprichos e aceite que a vida é agora antes que o tempo cumpra seu legado.
Cheguei á triste conclusão, de que, afinal, as pessoas só querem ficar do lado de quem não precisa delas.
Cheguei á triste conclusão, de que, afinal, as pessoas só querem ficar perto de quem não precisa delas.
Vivo na espera. Acho que todo mundo vive nela. Todo mundo sobrevive pela busca ou pela espera. Talvez seja justo dizer que vivemos todos em razão da falta. De algo ou alguém. É a falta que nos move.
Vivo na espera. Acho que todo mundo vive nela. Todo mundo sobrevive pela busca ou pela espera. Talvez seja justo dizer que vivemos todos em razão da falta. De algo ou alguém. É a falta que nos move. Mas é a presença que sustenta. Presença de essência, de chão. - E eu odeio admitir que que o segredo da paz é o equilíbrio quando tudo o que eu procuro são excessos. - A falta em exagero fez isso comigo, me deixou cheia de um vazio impreenchivel que me torna cada vez mais carente de presenças, mas absurdamente rica de esperas. E é na falta que eu vivo, e é na falta que eu me sustento. Por isso eu caio o tempo todo. Coleciono cicatrizes. Dane-se a paz, o equilíbrio não me interessa. - Me alcança o mertiolate.
O amor é sempre um engano. Quando não é engano, também não é amor. Seja ternura, afeto, mas não amor.
Mato muito tempo desejando que você perceba como a gente era lindo, como a ente podia ter sigo forte, como podia ter sigo certo. Mas que direito eu tenho de querer que você perceba, se nem eu mesma percebi?
Sabe, prefiro meu cachorro a qualquer homem do mundo. Chingo ele, deixo sem comida, e boto pra dormir na rua, mas quando eu abro a porta no outro dia ele vem correndo lamber a minha mão.
E toda vez que a saudade começa a doer eu penso que se ele arrumou coisa melhor pra sentir do que a minha falta, eu também consigo fazer o mesmo.
E essas musiquinhas que falam do amor já não falam mais da gente. Ficamos sem trilha sonora, nenhuma canção define o que a gente se transformou. Um passado esquecível, um capítulo inútil. De repente, a gente quase nem existiu. E isso nem chega a ser algo ruim. Na verdade, nem sei se ainda chega a ser algo.
E eu tento com todas as minhas forças, enxergar algum lado bom em tudo isso. Mas eu só enxergo a minha dor. Então eu fecho os olhos e tento não enxergar mais nada.
E por todos os detalhezinhos bonitos do universo, eu acredito que viver pode valer a pena se eu souber olhar pras coisas certas. Se eu souber enxergar esses detalhezinhos.
Eu fui um pouco de tudo a minha vida inteira. Eu fui um pouco de tudo e acabei não sendo nada completo. É assim que eu me sinto, como se eu tivesse existido em pedaços o tempo todo.