Maria da Penha Boina

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Informação nunca me desaponta

Procurar saber é a minha distração e, sigo venerando a informação
Saber que fui viola mal tocada por falta de inspiração
é problema para quem deixo, foi por puro desleixo
A minha busca constante é meu leito de repouso
Não pressinto nenhum perigo no verbo conhecer
A lira toca suavemente durante a minha reflexão
Meu aprendizado instilado me ensinou a ver
com calma, com paciência, comandando os meus instintos
e controlando a decisão
Para as suas palavras causticantes, etéreas
fui fazendo as leituras e mumificando o que não tinha cura
Foi ato dissimulado, usar-me para o teu agrado
Palavras do coitado...
- Fui ludibriado, abandonado e traído...
Castiguei, não nego, as que no enredo entraram
Que podia eu fazer, se não tinham esperteza, e se propuseram hostil?
Não conceberam a filologia do contexto
a quem eu dirigia a minha invocação...
As pobres sofreram na coita, não padeço por elas,
posso até pedir absolvição
O deletério fica perdido, tentando controlar no improviso
E quem de resto, me ouvirá?
Estou a bem rir e a bem viver, deleitado-me na piscina e no mar
Bebendo das melhores bebidas
Conduzindo os melhores carros
A bem me deliciar por vencer a guerra
usando da estratégia mais inteligente e singela
deveriam até me perdoar.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Asas

Com as asas rasgo os ares
Pouso em fios, edifícios e observo mares
Se tenho asas é para alçar os ares
Ver de cima, tudo lindo.
Desço para ver de perto
vejo uma malha em confusão
de pequenez imaginação.
Rios poluídos que descem pela encosta
numa humilhação que desconforta
num chão revestido de alcatrão.
Nunca me disseram que lá embaixo
era pura podridão.
Por que me deram asas
se em troca só tenho decepção...
Ver o vexame posto
não é de bom gosto.
Asas, para quê?
Para assumir o meu destino
de enorme envergadura.
Vingar as desesperanças,
depois de desiludida e humilhada,
abraçar os que de olhos tristes me fitam
e se voltam acanhados, vencidos,
por acharem que em tudo aquilo
existia alguma graça.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Tristeza

Hoje estou triste
Não me envergonho em expor a minha tristeza
É certo que estou a invejar dos outros
Seus prazeres fingidos
A invejar toda gente sem essência
Demonstrando cinicamente suas alegrias.
Sempre aspirei esse modo de bem viver
Simular sorrisos e expressões agradáveis
Mostrar-me em fotos alegres de ações passadas
No mar, no campo, na capela ou em Marte...
Mas, para que lograr a personalidade
Enganando a realidade?
Quem sabe, seja essa a minha tristeza
Não saber viver de passados ritos de passagem.

Primeiro passo

A vida é feita de escolhas
Qual caminho seguir?
Dei o primeiro passo
no descompasso
Os anjos se encontravam
noutro espaço.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Reflexo

Como posso deixar de te amar
Se tens olhos somente para mim?
Chego perto de ti e sorrio
Tu sorris.
Faço caras e bocas
Todos os tipos de trejeitos
Alegrias, tristezas
Mostro-te as minhas rugas
e incertezas
E tu, imitas-me.
Dou-te as costas
Vou-me embora
Tu, nem tá aí.
Como posso deixar de te amar?
Se volto mais velha e sorrio
Tu sorris.

Mudez

Telefonas-me somente para ouvir a minha voz?
Um alô, um olá de uma voz rouca
Isso te satisfaz?
Ou estás a querer saber por onde ando
A me vigiar
Não te preocupes
Não irei a nenhum lugar.
Meu mundo é pequeno
Viajo muito na imaginação
Sou mais pensamento
Pouca ação.
Não deves me cobiçar
Pensamento é veneno
E pode te intoxicar.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Covarde demência

Tenho a sua imagem gravada
bem aqui em minhas retinas
imagens belas e horrendas
imagens em que você se encontra amordaçado
reprimido de exprimir sua opinião
consentindo que façam de você marionete e
entende como virtude, a demência frustrante de outrem sobre si
sem força moral, sem personalidade ou senso de justiça.
Agindo em bando, sabe que sua atitude não vai ser repreendida.
Não se defende, manipulado pela sua covardia.

Inserida por MariadaPenhaBoina

O nada

Se acha que lhe devo algum dinheiro,
envia a cobrança que eu pago.
Se me disser que lhe devo a sua vida
peço que coloque o seu preço.
Se me falar que a sua vida não tem preço e sim valor,
Sinto muitíssimo,
não haverá resgate.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Liberdade

Tiraram-me as algemas da alma
Sinto-me em total liberdade
Como uma gaivota que alça voo
Ao mais alto dos ares.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Perdido

O que perdi, perdido está
não farei nenhum esforço para encontrar.
Quem achar que faça bom uso
mas aviso...
em perfeito estado não está.
Foram anos e anos de uso
se moldou a minha forma
harmonizou aos meus atributos
vai ser chato consertar.
Se for de alguma utilidade
por nunca ter possuído
o achado que foi perdido
empenha-se e verá.
Seja preciso, habilidoso
tente reformar.
Depois, alucine na dialética
do meu capitalismo tosco
a Mais-Valia do seu esforço.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Mais no menos

Como eu gostaria de pensar menos
Imaginar, sonhar e acreditar menos
Ser menos humana e mais racional
Principalmente no perdão, menos
Gostaria de ser como as pessoas me imaginam
Menos...
Mas estou aqui novamente
A pensar, imaginar, sonhar, acreditar e perdoar
Mais e mais...
Nunca vou aprender e ser menos
Continuarei a sofrer
Eternamente, mais.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Eu magia

Eu sou a que existo
Da maneira que bem quero
Vendo um mundo colorido
Bem sincero

Eu sou a que de olhos fechados
Vejo as cores do universo
Somente e somente se
Para rimar o verso

Eu sou a que imagina
Que o inimigo possa ser honroso
É o meu desejo de cair na cilada
Só para concluir o quanto ele é horroroso

Eu sou a que bem sei
Quando alguém com o punhal se aproxima
É melhor nem tentar o golpe
Tenho saída exímia

Inserida por MariadaPenhaBoina

Embaixo do Equador

No Brasil é assim
Três meses de bom tempo
Nove meses de inferno
Porém, colonizadores aqui chegaram
Inteligentes como eram
Ao invés de tirarem os agasalhos
Vestiram os Tupiniquins
Fomos ul-trajados a rigor
Brasileiro que se preze
Não camufla a sua beleza
Mantém a sua frescura e pureza
Embaixo desse hemisfério
é povo que anda nu.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Peso morto

Pasto sem gado
Tesouro sem ouro
Vida Severina
Nem tudo é rima.

Beleza sem nobreza
Destreza na tristeza
Palavra sem certeza
Completa pequeneza.

Criado nem sempre é mudo
Guarda-sol que guarda a chuva
Molha mas não inunda
Não tem lógica, barafunda.

Pobreza eterna
Olhos profundos
Observação deletéria
Sentimento imundo.

Ave que não voa
Cigarro apagado
Bebida sem álcool
Superficialidade no palco.

Grito rouco
Pele e osso
Noite esquecida
Regateando a vida.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Se o meu jeito de ser agradar, serei considerada uma pessoa complacente, companheira e amiga. Mas, se o meu jeito mudar e passar a não mais agradar, serei julgada como preconceituosa. Logo, cai por terra o conceito de preconceito. Se águem possui conhecimento e experiência previa sobre mim, como pode mudar o meu conceito para o preconceito?

Inserida por MariadaPenhaBoina

Janela

Ei tu... que fica aí me observando
da janela à minha janela
Dá pra dizer o que está achando
do quê observas?
Fica o dia inteiro aí prostrado
me vendo, me lendo...
Colocou insulfilme nos vidros
como senha?
Não funciona,
tem baixa qualidade criptográfica
Estou te vendo.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Saudade

Eu resolvi te matar
Matar e deixar bem mortinha
Vinha devagarzinho te detendo
Fazendo isso quietinha

A saudade era intensa
Dolorida, imensa
Sou incapaz de mensurar
Pra matar, só pela morte lenta

Agora te matei
As lembranças são vãs
Só amanhã de enterrarei
Para além do divã

Vou primeiro te velar
Enquanto posso lastimar
Que saudade! Da saudade
que não tenho pra divagar.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Naipe

Não fuja, não fique desesperado
sou bem grandinha, madurinha
estudei durante anos
o seu presente, passado
a sua casta, portanto
conheço seu desejo à intimidade
Só não aceito suas fanfarras
quando agrega as sarnas
na mesma esfera
da mãe que está na sala
e outras I-Lentes familiares,
podem ficar doentes
ou são todos da mesma laia?
É mistura de muita gente
muita saia, pouco garbo
totalmente demente
fadado a morrer em meio
ao triste fado.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Moço - Velho ... Velho - Moço

Ficava extasiada
quando observava o seu sorriso cândido
As sandices engraçadas me comoviam
Da pureza do passado
à presente desesperança.
Vejo com tristeza a sua luta
Querendo agregar no velho o que era no moço.
Aquilo que cobiçava no passado
Conquistava com seus modos insanos
Hoje torna-se indesejável
Quando deseja ser moço
Num corpo velho não almejado.
Meu velho, deixa as parvoíces no passado
Se tivesse semeado bons grãos quando moço
Hoje, não estaria sofrendo em seu murcho corpo
A alma te faria moço.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Para mim:
Todo Cláudio tem que ser Antônio
Grande poeta anônimo.
Todo Zé um novo horizonte
Água que brota da fonte.
Toda Eliza rainha Beth
Perturbou é pivete.
Toda espiritualidade, Margarete
Vida dura, interprete.
Todo Xande um grande achado
Amor espelhado.
Toda Iza tem que ter ira
Na pele das crias, casimira.
Todo Luiz, Luizinho
Deus quem leva pra outro ninho.
Toda Maria uma filosofia
Refutem a poesia.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Nada

Adoro fazer nada. Quando nada faço sou indesejável. Nesse instante é o que faço, nada. O nada parece torna-se impuro. Como pode alguém não fazer nada? Eu posso. Acanho-me e ruborizo quando sou elogiada de malandra, folgada, não tenho apreço por elogios. Essa timidez ainda me mata.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Cheiro

Ah! Esse meu olfato
ele é muito cruel comigo
Se o teu cheiro é diferente do meu
e é gostoso, alucino
sou amante enlouquecida
Quando cotidianamente
misturado ao meu
perco o fascínio
ganho um amigo
Se o teu cheiro
for misturado ao de outras
serás indesejável
terás cheiro de cachorro molhado
Para mim
estarás amaldiçoado.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Para sossegar uma fera basta alimentá-la.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Degrau a degrau

Eu nunca tive pressa,
nunca corri,
sempre andei
com os meus passos curtos e lentos,
e nessa minha constância
sempre consegui fincar a minha bandeira
no topo das mais altas
montanhas.

Inserida por MariadaPenhaBoina

Esterco

Disseste bem
Não valho um esterco
Foste o esterco falaz
que tentara adubar e adular
a mim, essa linda roseira
germinada entre as duras rochas.
O esterco há tempo
fora perdendo os atributos
as particularidades
propriedades
penetrabilidade
Hoje tu, esterco
só aduba e lisonjeia
ervas daninhas.

Inserida por MariadaPenhaBoina